Finanças

Dólar sobe mais de 1% com receio de BC mais brando com inflação em 2025

Às 17h09, o índice que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas caía 0,27%, a 105,220.
Dólar sobe mais de 1% com receio de BC mais brando com inflação em 2025
Foto: Gary Cameron/Reuters

São Paulo – O receio de que o Banco Central (BC) possa se tornar mais brando no combate à inflação a partir de 2025, quando os dirigentes indicados pelo governo Lula se tornarão maioria na instituição, fez o dólar à vista subir mais de 1% nesta quinta-feira, com as cotações refletindo uma percepção de aumento do risco no Brasil, após a decisão do BC na véspera sobre a Selic.

O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,1432 na venda, em alta de 1,02%. Em maio, porém, a divisa ainda acumula baixa de 0,95%.

Às 17h03, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,12%, a R$ 5,1535 na venda. Na noite de quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu por 5 votos a 4 cortar a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,50% ao ano.

Foi justamente a divisão de votos que mais chamou a atenção: todos os cinco dirigentes que votaram por corte de 25 pontos-base nesta quarta-feira foram indicados pelo governo anterior, enquanto os quatro diretores que defenderam corte de 50 pontos-base foram indicados pela administração Lula.

A divisão de votos ampliou as discussões no mercado sobre o perfil do Copom a partir de 2025, quando o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, e outros dois diretores serão substituído por nomeações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Deste modo, a partir de janeiro os indicados por Lula serão finalmente maioria no colegiado, o que para parte do mercado significa que o BC poderá se tornar mais dovish (brando) no controle da inflação.

Em meio a estes receios, o dólar à vista disparou ante o real já nos primeiros minutos da sessão, em sintonia com o forte avanço das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).

“O mercado está com medo de que, em 2025, o Brasil deixe de ter um Banco Central autônomo e passe a ter um BC mais sujeito à influência política”, resumiu Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “Obviamente, quando surgem notícias impactantes como a da decisão do Copom, ocorre um primeiro baque: todo mundo faz operações de proteção, ainda que depois haja uma correção”, acrescentou.

No pico do dia, às 10h59, o dólar à vista foi cotado a R$ 5,1785 (+1,71%). Durante a tarde, a moeda desacelerou um pouco, mas ainda assim encerrou perto dos R$ 5,15.

A alta ocorreu a despeito de, no exterior, o dólar estar em queda ante as divisas fortes e em relação à maioria das moedas de exportadores de commodities e emergentes.

Às 17h09, o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – caía 0,27%, a 105,220.

Também ficou em segundo plano nas mesas de operação o anúncio do governo brasileiro de ajuda de 50,9 bilhões de reais ao Rio Grande do Sul, em função da tragédia provocada pelas chuvas, com impacto no resultado primário de R$ 7,7 bilhões.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de julho.

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