Dólar sobe para perto dos R$ 5,40 em meio à aversão global a ativos de risco
A aversão a ativos de risco ao redor do mundo, em meio aos receios de uma correção de preços mais profunda no mercado de ações dos Estados Unidos, deu força ao dólar ante o real nesta terça-feira (4), com a moeda norte-americana se reaproximando dos R$ 5,40.
O dólar à vista fechou com alta de 0,77%, aos R$ 5,3991. No ano, porém, a divisa acumula queda de 12,62%.
Às 17h03, na B3, o dólar para dezembro — atualmente o mais líquido no Brasil — subia 0,70%, aos R$ 5,4325.
A sessão desta terça-feira foi marcada pela aversão aos ativos de risco ao redor do mundo, em meio aos receios de que possa haver uma correção intensa no mercado de ações norte-americano, impulsionado nos últimos meses pela euforia em torno da inteligência artificial.
Durante evento em Hong Kong, o presidente-executivo do Morgan Stanley, Ted Pick, citou a possibilidade de “haver reduções de 10% a 15%” nos preços das ações, sem que isso decorra de algum colapso macroeconômico.
Neste cenário, os índices de ações foram pressionados na Europa e nos Estados Unidos, enquanto o dólar ganhou força ante boa parte das demais divisas, incluindo o real.
“Vínhamos em uma toada mais favorável, com os ativos de risco performando super bem no último mês, puxados pelos ativos de tecnologia”, afirmou o superintendente de Tesouraria do Daycoval, Luiz Fernando Gênova.
“Mas, depois do Fed, com a indefinição sobre os juros nos Estados Unidos, começamos a ter um gatilho mais intenso de correção”, acrescentou, em referência ao fato de o Federal Reserve, após a reunião da semana passada, ter dado indicações de que os juros podem não cair novamente em dezembro nos EUA.
Neste cenário, o dólar à vista atingiu a máxima intradia de R$ 5,4007 (+0,80%) às 9h35, enquanto no exterior a moeda norte-americana também sustentava ganhos firmes ante divisas pares do real, como o peso mexicano, o peso chileno e o rand sul-africano.
“O real até vinha performando bem em relação a seus pares — nos últimos dias, um pouco pior –, mas não vi um movimento atípico”, disse Gênova.
No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou durante evento em São Paulo que por mais que o Banco Central seja pressionado a não baixar os juros, as taxas terão que cair.
“Vão ter que cair, vão ter que cair. Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar juros, elas vão ter que cair”, disse Haddad.
A expectativa do mercado é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC mantenha a Selic em 15% ao ano na noite de quarta-feira, mas os agentes buscarão pistas no comunicado da decisão sobre quando os cortes começarão. As reuniões seguintes do colegiado ocorrem em dezembro, janeiro e março.
O fato de a Selic estar em nível elevado no Brasil, enquanto nos Estados Unidos o Fed cortou juros nas últimas reuniões, tem sido apontado como um fator favorável à atração de investimentos ao país, com impacto de baixa sobre o dólar.
Pela manhã o BC vendeu 45.000 contratos de swap cambial tradicional, para rolagem do vencimento de 1º de dezembro.
No exterior, às 17h04 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,36%, a 100,250.
Conteúdo distribuído por Reuters
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