Dólar sobe pela 4ª sessão antes de divulgações; mercado monitora sanções dos EUA

O dólar avançou em relação ao real pela quarta sessão consecutiva nesta segunda-feira (22), na contramão do recuo da moeda norte-americana no exterior, com investidores ajustando posições antes de bateria de eventos e dados econômicos no restante da semana.
As sanções dos EUA contra autoridades brasileiras e a esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes também deram suporte ao dólar, em meio a temores de que novas retaliações possam ser adotadas contra a economia brasileira.
O dólar à vista fechou em alta de 0,33%, aos R$ 5,3380. No ano a divisa acumula baixa de 13,61%.
Às 17h02, o dólar para outubro na B3 — atualmente o mais líquido no Brasil — subia 0,02%, aos R$ 3480.
O dólar engatou altas ante o real desde o início do dia, com investidores adotando posições mais defensivas antes da agenda do restante da semana.
Entre os eventos previstos estão as divulgações da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na terça-feira (23), do IPCA-15 de setembro e do Relatório de Política Monetária do BC, ambos na quinta-feira (25). Nos EUA, destaque para dados do Produto Interno Bruto (PIB), na quinta-feira, e para o índice PCE, na sexta-feira (26).
A alta do dólar ante o real se intensificou no fim da manhã, após notícia de que os EUA decidiram sancionar sob a Lei Magnitsky Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram impostas sanções ao Lex Instituto de Estudos Jurídicos, uma entidade controlada por Viviane Barci de Moraes e outros integrantes da família.
Moraes foi o relator do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado, no qual foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão.
“O movimento (de alta) do dólar hoje é uma recomposição de posições, por conta da agenda pesada da semana. O dólar ficou um pouco barato e o mercado recompõe. O anúncio contra a esposa de Moraes ajudou um pouco”, avaliou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
No início da tarde a Reuters informou que o governo dos EUA decidiu revogar vistos do advogado-geral da União, Jorge Messias, e de cinco outras autoridades atuais e antigas do judiciário brasileiro.
Mais do que as medidas contra pessoas físicas, agentes citaram a preocupação de que novas sanções contra a economia do país estejam a caminho. Em julho o presidente dos EUA, Donald Trump, definiu uma tarifa de 50% para uma série de produtos brasileiros, citando como justificativa o julgamento contra Bolsonaro, seu aliado.
Na terça-feira, Lula discursará na Assembleia da ONU, em um possível primeiro encontro com Trump desde que as sanções começaram.
Às 11h37, já após o anúncio contra a esposa de Moraes, o dólar marcou a cotação máxima de R$ 5,3675 (+0,88%).
Durante a manhã, investidores se mantiveram atentos ainda aos comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente da Câmara, Hugo Motta, durante evento do PTG Pactual em São Paulo.
Haddad defendeu que, para o arcabouço fiscal ser fortalecido, é necessário criar condições políticas para tratar com os parlamentares sobre ajustes de regras. Motta, por sua vez, afirmou que a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil será pautada no plenário possivelmente na próxima semana.
Às 17h10, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,40%, a 97,335.
Conteúdo distribuído por Reuters
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