Shoppings, galpões logísticos e escritórios impulsionam fundos imobiliários no Brasil

São Paulo – A valorização de shopping centers, galpões logísticos e escritórios tem impulsionado o mercado de fundos de investimentos imobiliários (FIIs) no Brasil. Fundos de papel, que aplicam o patrimônio dos cotistas em instrumentos financeiros do setor imobiliário, também têm apresentado bons resultados, afirmam analistas.
Por outro lado, a perspectiva de cortes de juros pelo Fed (Federal Reserve), banco central norte-americano, não serem acompanhados pelo Banco Central é vista com preocupação.
Recomendados por analistas para diversificar a carteira, os fundos são mais indicados para perfis arrojados, afirma Jayme Carvalho, economista-chefe da plataforma de planejamento financeiro SuperRico.
Carolina Borges, analista de FIIs da EQI Research, recomenda a aplicação de uma fatia nesse tipo de investimento, mas adverte que perfis mais cautelosos podem não se sentir confortáveis.
Dentre os principais riscos que podem afetar os resultados estão inadimplência de inquilinos, desocupação dos imóveis e possíveis custos para mantê-los.
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Os fundos imobiliários são compostos por investimentos no setor, sem a necessidade de comprar os imóveis fisicamente. As cotas são negociadas em bolsa de valores da mesma forma que ações – na B3, estão listados 476 FIIs.
O investidor se torna um dos “donos” de um conjunto de propriedades, administradas por um gestor. Os lucros gerados pela exploração desses imóveis são divididos entre os cotistas, de acordo com a participação de cada um.
Os FIIs têm isenção do Imposto de Renda (IR), desde que o cotista tenha menos de 10% do fundo. É possível investir a partir de valores baixos, como R$ 10, mas grande parte das cotas são negociadas a partir de R$ 100.
Entre os ‘fundos de tijolo’, voltados para empreendimentos físicos, têm apresentado bons resultados em 2024 os que investem em escritórios, galpões logísticos e shopping centers, segundo Daniel Marinelli, especialista em fundos imobiliários do banco BTG Pactual.
Para Marinelli, devido ao retorno dos trabalhadores ao regime presencial, os escritórios têm tido maior nível de ocupação. Galpões logísticos também estão com bom desempenho, atingindo 9,3% de taxa de vacância, de acordo com dados do BTG.
Carolina Borges destaca o BTLG11, fundo gerido pelo BTG Pactual, que tem como inquilinos empresas como Assaí, Amazon e Ambev. “Recentemente, o fundo anunciou a aquisição de mais 11 imóveis logísticos, com remuneração superior à média do portfólio. O movimento foi bem recebido pelo mercado”, diz.
Os investimentos em shoppings foram beneficiados pelo aumento de vendas no primeiro trimestre, diz Marinelli. Segundo o Índices de Performance do Varejo (IPV), em março de 2024 houve crescimento de 11% no faturamento do setor em comparação com o mesmo período no ano anterior.
Nos fundos de shopping do Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (Ifix) da B3, o FII XPML11, gerido pela XP Investimentos, teve rendimento de 2% entre janeiro e agosto deste ano, segundo dados da plataforma Economatica. Nos últimos 12 meses, o número sobe para 12,9%.
O fundo participa de 24 empreendimentos em nove estados, como Shopping Cidade São Paulo, Tietê Plaza Shopping, Plaza Sul Shopping, Shopping Metropolitano Barra.
Carolina Borges. também destaca os fundos de galpões. Com o aquecimento desses setores, afirma, o investidor se beneficia.
Os fundos de papel atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) ou à inflação também são indicados pelos analistas. “São os melhores posicionados hoje. Os fundos de papel estão rendendo uma média de 6% no acumulado do ano”, diz Carolina.
Impacto da Selic
Daniel Marinelli, do BTG Pactual, afirma que a atual taxa de juros dificulta a emissão de novas cotas e a chegada de investidores. “Quando analisamos os dados de julho, com a expectativa de juros elevados, notamos 13% a menos de ofertas”, destaca.
Este cenário tem impacto sobre o investidor, afirma Carolina. “O investidor acaba olhando bastante para a taxa Selic, que é de curto prazo, e historicamente, o setor se torna mais competitivo com os juros caindo no Brasil”, explica.
Reportagem distribuída pela Folhapress
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