Empresas lideradas por mulheres valorizam mais

Para entender melhor o tamanho e relevância da representatividade feminina no mercado financeiro, a área de Research da XP produziu o relatório temático ‘Lugar de Mulher é onde ela quiser? A disparidade de gênero no mercado de trabalho e investimentos.’
O estudo, dividido em quatro partes, tem como pano de fundo o Dia Internacional da Mulher e traz um panorama da presença feminina em cargos de liderança de companhias listadas no Brasil e no exterior, a evolução do número de mulheres investidoras no País, uma visão acerca da diversidade no mercado de trabalho brasileiro, além de uma lista de gestoras profissionais gabaritadas, que ajudam a fazer a diferença na vida do investidor.
O primeiro tópico do relatório, “ESG para além da boa governança”, faz um mapeamento de companhias brasileiras de capital aberto que contam com maior presença feminina no Conselho de Administração. Entre elas, estão Totvs, M. Dias Branco, Pague Menos, Vivara, Cogna e Magazine Luiza. Se comparado ao Índice Ibovespa, benchmark do mercado, que acumulou retorno de 49% de 2010 até março de 2023, a cesta das 15 empresas com maior quantidade de mulheres no Conselho apresentou retorno acumulado de 349%, ou seja, performance acima do Ibov em mais de 300%.
“Manter um forte compromisso com a diversidade de gênero não é apenas um elemento-chave da governança corporativa eficaz, mas também significa impactos mais que positivos em performance. Isso fica claro ao compararmos empresas com maior presença feminina em cadeiras do conselho de administração com as demais”, ressalta Marcella Ungaretti, responsável pela área de Research ESG da XP, e coautora dessa frente do estudo, feito em parceria com Luiza Aguiar, analista de Research ESG da XP.
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Ainda segundo o levantamento, o número de mulheres que ocupam cargos de liderança em empresas brasileiras listadas aumentou, marginalmente, cerca de 6% nos últimos cinco anos (de 9% em 2017 para 15% em 2022). Essa tímida evolução de mulheres em cargos no alto escalão é vista com preocupação pelas analistas já que a conscientização sobre a importância dos critérios ESG não se traduz necessariamente em melhoria imediata. Para as especialistas, a agenda regulatória é fundamental no papel de influenciar empresas listadas a adotar metas mais ambiciosas no que tange a diversidade de gênero.
Investidoras
Já do lado das investidoras, com dados da B3, o relatório aponta que o volume de brasileiras investindo tem aumentado nas últimas duas décadas, mas ainda há um enorme potencial de ampliação da presença delas no mercado já que apenas 2% investem hoje. São 1,4 milhão de mulheres investidoras, frente a uma população de 108 milhões de brasileiras.
“Nos últimos 20 anos, passamos de apenas 15 mil para 1,4 milhão de investidoras. Considerando um prazo um pouco mais curto, isso significa cerca de nove vezes mais mulheres cuidando de suas finanças em dez anos, pouco abaixo do aumento de onze vezes de homens investindo no mesmo período”, ressalta a estrategista da Ações da XP, Jennie Li. Para ela, o mercado de investimentos no Brasil, de forma geral, ainda é bastante novo, principalmente com relação a renda variável. “Somos um país em que a renda fixa ficou muito tempo sendo o principal ativo dos poucos que costumavam investir”, diz.
Em relação à parte comportamental, a tendência é que as mulheres tenham mais aversão ao risco, sejam mais pacientes e façam menos transações do que os homens — o que tende a trazer menos custo e, no longo prazo, permitir que a carteira performe melhor. “De acordo com estudos globais sobre o tema, é possível concluir que as mulheres são menos propensas ao risco, e tem um lado positivo nisso, tendem a buscar mais ajuda profissional. Também preferem uma abordagem mais balanceada nos investimentos do que tomar riscos concentrados. Além disso, se identificam com os valores das empresas, geralmente aquelas em que são clientes, algo peculiar se comparado ao público masculino”, reforça Jennie Li.
Fundos registram saldo negativo em fevereiro
Os fundos de investimento encerraram fevereiro com saldo negativo de R$ 28,6 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). É o quarto mês consecutivo em que a indústria registra mais saques do que aportes.
“As incertezas macroeconômicas que vem marcando o início desse ano, como a taxa de juros e as indefinições fiscais, têm comprometido as alocações de recursos na indústria de fundos”, comenta o vice-presidente da Anbima, Pedro Rudge.
Assim como em janeiro, o resultado foi impactado pelo regaste líquido de R$ 15 bilhões dos multimercados e de R$ 6,2 bilhões dos fundos de ações. Em ambas as classes, as carteiras que lideram o movimento de saída são aquelas sem compromisso de concentração em estratégias específicas: multimercado livre (R$ 8,7 bilhões) e ações livre (R$ 3,7 bilhões).
A movimentação de recursos nos fundos de renda fixa voltou a se tornar desfavorável em fevereiro. Esta classe, que havia invertido o movimento de saídas em janeiro, apresentou saldo negativo de R$ 7,5 bilhões. Dois tipos lideram esse movimento com resgates líquidos de cerca de R$ 4,2 bilhões cada: o duração média grau de investimento e o duração baixa grau de investimento, que buscam retornos investindo em ativos de médio e curto prazo, respectivamente.
Somente os fundos estruturados tiveram resultado positivo em fevereiro. Os ETFs (Exchange-Traded Funds) apresentaram o melhor resultado do grupo, com captação líquida de R$ 1,4 bilhão. Em seguida, estão os Fundos de Investimento em Participações (FIPs) e os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), que registraram aportes líquidos de R$ 466 milhões e de R$ 378 milhões, nesta ordem.
Rentabilidade
Apesar do saldo negativo em fevereiro, os tipos mais representativos em patrimônio líquido entre os multimercados e a renda fixa apresentaram rentabilidade positiva. No caso dos fundos de renda fixa, o tipo duração baixa grau de investimento teve valorização de 0,8%% e acumula a maior alta da classe em 12 meses, de 12,73%. Já nos multimercados, a rentabilidade do tipo investimento no exterior, que devem investir pelo menos 40% do patrimônio líquido em ativos financeiros no exterior, foi 0,37% no mês e 6,2% nos últimos 12 meses. Por outro lado, nenhum tipo de carteira de ações obteve retorno positivo em fevereiro. O tipo ações livre apresentou queda de 5,67%, acumulando perdas de 9,44% em 12 meses.
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