Finanças

Empréstimos podem ficar mais caros no Itaú

Empréstimos podem ficar mais caros no Itaú
Crédito: Pilar Olivares/Reuters

São Paulo – O maior apetite a risco por parte do Itaú pode refletir em spreads (diferença entre o custo de captação de recursos para o banco e a taxa de juros de empréstimos) mais altos até 2021, ano em que a taxa básica de juros deve voltar a crescer.

Apesar de isso não necessariamente significar que os juros na ponta consumidora fiquem mais caros, o custo dos recursos tomados no Itaú deve ficar mais alto do que o observado nos outros grandes bancos.

De acordo com o presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, o aumento de 37,8% no custo de crédito para o banco no terceiro trimestre deste ano contra igual período de 2018 já reflete um avanço maior do que o esperado nas concessões para pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas e um volume consequentemente maior nas provisões.

“A ideia é que continuemos a crescer nessas linhas mais arriscadas (como cartão de crédito e crédito pessoal), mas podemos esperar um avanço um pouco mais equilibrado com as modalidades de consignado e imobiliário”, afirma Bracher.

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“Continuaremos a observar esse movimento no próximo trimestre. Mas boa parte disso é ditado pelo mercado, e cada uma dessas linhas têm seu nível de inadimplência característico. Se o risco crescer, certamente terá um impacto no nível de inadimplência e nas provisões”, acrescenta.

Assim, ainda que a inadimplência do banco não reflita essa postura mais arrojada, sua tendência de alta já sinaliza os impactos de um crédito mais caro ao cliente do maior banco do País. Os níveis de calote do Itaú ficaram em 2,9%, patamar estável tanto em relação ao trimestre anterior quanto a iguais três meses de 2018.

Selic – Segundo o relatório Focus do Banco Central divulgado na segunda-feira (4), as expectativas de mercado para a Selic é de que encerre este e o próximo ano em 4,5%, mas volte ao patamar de 6% em 2021.

“A manutenção da inadimplência pode até ser mais fácil com a recuperação econômica que começa a vir, mas ainda é muito difícil ante uma carteira de crédito mais agressiva e posta em linhas de pouca ou nenhuma garantia. É um posicionamento de aumentar spread no curto e médio prazo para rentabilizar suas operações até que a Selic volte a subir e o spread se comprima de novo, não pelos juros dos empréstimos, mas pelo custo de captação para o banco”, explica Mauricio Godoi, professor da Saint Paul Escola de Negócios e especialista em crédito.

Nessa linha, o presidente do Itaú reforça a expectativa de que o banco encerre este ano com um nível de custo de crédito próximo ao teto do intervalo de projeções (o chamado guidance) para 2019. “É correto imaginar que este ano ficará dentro do previsto, mas ainda mais perto da projeção mais alta”, disse. O guidance do banco para o custo de crédito em 2019 é que fique entre R$ 12,5 bilhões e R$ 15,5 bilhões. (Folhapress)

Crises políticas na AL afetam negócios do grupo

São Paulo – A instabilidade política que atinge a América Latina afetou os negócios do Itaú Unibanco na região, afirmou o presidente-executivo do maior banco privado brasileiro, Candido Bracher, ontem. Bracher disse a jornalistas que o Itaú Unibanco reduziu o ritmo de novos empréstimos na Argentina este ano, diante da instabilidade gerada pelo processo eleitoral no país.

Após a vitória de Alberto Fernandez na eleição argentina, o Itaú Unibanco vai considerar as futuras políticas do novo governo para decidir sobre sua estratégia no país. “Estamos esperando para ver se o Itaú vai reduzir as operações no país ou acelerar”, disse ele. A carteira de crédito do Itaú Unibanco na Argentina encolheu 10,1% nos 12 meses encerrados em setembro, totalizando R$ 8,8 bilhões.

No Chile, o banco foi forçado a fechar temporariamente nove de suas 200 agências diante dos intensos protestos populares que atingem o país há dias, informou o vice-presidente financeiro do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho.

Apesar disso, Bracher disse que as operações do banco no Chile estão “evoluindo bem e progredindo constantemente”. “Estamos preocupados sobre os protestos, mas parece que o pior está para trás”, afirmou o presidente do Itaú Unibanco.

Na segunda-feira (4), o recém-empossado ministro das Finanças do Chile, Ignacio Briones, afirmou que a economia do país provavelmente crescerá entre 2% e 2,2% em 2019, uma redução em relação aos 2,6% estimados anteriormente após mais de duas semanas de protestos na nação andina.

O Itaú controla o banco chileno Itaú CorpBanca desde 2016. O banco é parte importante da estratégia de internacionalização do Itaú Unibanco.

O Itaú Unibanco divulgou, na segunda-feira, alta de 10,9% no lucro líquido recorrente do terceiro trimestre, a R$ 7,165 bilhões.

As operações latino-americanas do Itaú Unibanco ainda são uma pequena parte dos negócios do grupo. O lucro da região no terceiro trimestre foi de R$ 359 milhões.

Na semana passada, o presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, afirmou que o banco vai manter seus planos de ampliar a carteira de crédito ao consumo na Argentina. (Reuters)

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