Endividamento cai, mas inadimplência se eleva em Belo Horizonte

Em maio, 89,9% dos consumidores belo-horizontinos estavam endividados, 0,2 ponto percentual a menos que em abril. Trata-se do décimo primeiro mês consecutivo no qual o nível de endividamento dos belo-horizontinos apresentou tendência de queda. Ainda assim, a inadimplência segue em crescimento em Belo Horizonte.
Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG) e mostram que, na comparação com o mesmo período do ano passado, o endividamento apresentou uma retração de 4 pontos percentuais.
De acordo com a economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins, a tendência de redução do endividamento está muito atrelada à maior disponibilidade de renda entre as famílias e, consequentemente, ao menor uso do crédito para as compras do dia a dia. “No entanto, apesar dos últimos cortes na taxa básica de juros da economia, os juros ainda continuam em um patamar muito elevado, dificultando assim o pagamento da dívida em atraso ou quem já possui um custo muito elevado”, explicou.
Apesar da retração do endividamento, as famílias de Belo Horizonte enfrentam dificuldades em honrar os compromissos já adquiridos, se mantendo na inadimplência. Para se ter uma ideia, no quinto mês deste ano, 50,2% da população estava com contas em atraso, valor 0,6 ponto percentual superior ao observado no mês imediatamente anterior.
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A tendência é que o endividamento permaneça em trajetória de queda e a inadimplência também deve cair. “Há uma maior disponibilidade de renda, o mercado de trabalho está aquecido e os juros estão caindo aos poucos, o que possibilita que as famílias utilizem o crédito, em conjunto com bom planejamento financeiro, e não se exponham aos riscos de voltar a dever”, avaliou.
Entretanto, segundo ela, o programa Desenrola foi muito positivo para a economia brasileira, visto o cenário de alta inadimplência entre as famílias. “O programa trouxe resultados positivos notáveis. No entanto, algumas famílias precisam se atentar para a renegociação. Quando se renegocia, o pagamento passa a contar novamente no seu orçamento e, se não houver um planejamento financeiro adequado, o que deveria ser a melhor solução, passa a ser um problema, levando as pessoas novamente à inadimplência pelo não pagamento das dívidas”, avaliou.
Cartão
O cartão de crédito segue como principal compromisso financeiro assumido, por conta da facilidade no uso, permitindo com que as pessoas acabem fazendo suas compras do dia a dia. Esse comportamento, por si só, resulta em 91,6% dos endividados com o chamado ‘dinheiro de plástico’. Modalidades também bastante utilizadas, como o carnê (26,5%) e os financiamentos de carro (12,2%) também estão entre as formas mais usadas pelos consumidores de Belo Horizonte.
Parcela da renda comprometida atinge 29,7%
O levantamento da Fecomércio MG apontou que as dívidas vêm comprometendo, em média, 29,7% da renda familiar, e o número de consumidores que permanecerão na inadimplência em Belo Horizonte somou 16,6%, apresentando elevação de 1,8 ponto percentual em comparação com abril. Outro dado destacado é que grande parte dos endividamentos possuem um tempo médio de comprometimento da renda de aproximadamente sete meses.
“O aumento da inadimplência é sempre um termômetro de alerta, visto que tal comportamento demonstra que algumas famílias de Belo Horizonte não estão conseguindo manter seus compromissos financeiros em dia, prejudicando a manutenção do acesso ao crédito e, consequentemente, prejudicando o consumo”, destacou Gabriela.
Ainda de acordo com a economista, a tendência com o endividamento permanece em trajetória de redução e a inadimplência reduz no decorrer do ano. “Há uma maior disponibilidade de renda, o mercado de trabalho está aquecido e os juros estão caindo aos poucos, o que possibilita que as famílias utilizem o crédito em conjunto com bom planejamento financeiro e não se exponham aos riscos da inadimplência”, avaliou.
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