Finanças

Endividamento das famílias de Belo Horizonte atinge 88,4% e inadimplência sobe para 57,7%

Cartão de crédito lidera como principal dívida, enquanto tempo médio de atraso chega a quase 60 dias na capital mineira
Endividamento das famílias de Belo Horizonte atinge 88,4% e inadimplência sobe para 57,7%
Foto: Reprodução Adobe Stock

O nível de endividamento das famílias de Belo Horizonte subiu 0,7 ponto percentual (p.p.) em julho frente a junho, alcançando 88,4% dos consumidores. Já o total de inadimplentes na capital mineira aumentou 4,3 p.p. no período, encerrando o mês em 57,7%, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

O levantamento do Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG) mostra que o endividamento é ainda maior entre as famílias com renda de até dez salários mínimos (89,3%).

Entre os entrevistados, 45,9% afirmam estar pouco endividados; 26,2%, em patamar moderado; e 16,3%, muito endividados. Apenas 11,6% disseram não ter dívidas. O índice de pessoas muito endividadas sobe para 16,7% entre as famílias com até dez salários mínimos.

O cartão de crédito é o principal compromisso financeiro em Belo Horizonte, concentrando 95,9% das dívidas. Entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, o índice chega a 98,8%, contra 95,4% entre aquelas com renda menor. Outras modalidades em destaque são os carnês (26,3%) e o financiamento de carro (12,4%).

Inadimplência das famílias de Belo Horizonte

MEIs inadimplência
Foto: Reprodução Adobe Stock

Mais da metade das famílias de Belo Horizonte (57,7%) têm contas em atraso. Entre aquelas com renda de até dez salários mínimos, a taxa sobe para 59,3%, 11,7 pontos acima das famílias com renda superior (47,6%). Entre os endividados, 65,2% não conseguem honrar seus compromissos, índice que chega a 66,4% no grupo de menor renda.

O estudo mostra que 20,2% dos entrevistados não terão condição de pagar as dívidas em agosto, 0,4 p.p. acima do levantamento anterior. Entre as famílias com renda de até dez salários mínimos, o índice chega a 21,5%. Além disso, 35% dos consumidores avaliam que não conseguirão quitar seus compromissos, 40,1% acreditam que poderão pagar parte das dívidas e 24,8% dizem que pagarão todas as contas neste mês.

A economista da Fecomércio-MG Gabriela Martins destaca que alguns fatores específicos influenciam o endividamento e a inadimplência das famílias de Belo Horizonte. Segundo ela, apesar da cautela dos bancos, o acesso ao crédito continua facilitado, principalmente nas modalidades cartão de crédito e carnê.

“Não há grandes entraves ao uso do crédito. No entanto, com taxas de juros mais altas e prazos de pagamento menores, muitas famílias perdem a capacidade de quitar suas dívidas no prazo, o que leva à inadimplência”, explica.

Comprometimento com as dívidas

Contas
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Em média, as dívidas comprometem 30,8% do orçamento mensal. Entre as famílias com até dez salários mínimos, o índice sobe para 30,9%. A maioria (61,5%) dos entrevistados afirma que as dívidas comprometem de 11% a 50% da renda; 20,5% dizem que comprometem mais de 50% e 18% relatam menos de 10%.

Entre as famílias da capital com contas pendentes, 40,4% dizem que elas ultrapassam 90 dias de atraso; 32,1% têm compromissos entre 30 e 90 dias; e 27,3% estão com atrasos de até 30 dias. O tempo médio de atraso é de 59,8 dias, chegando a 60,7 dias entre as famílias com renda de até dez salários mínimos.

A pesquisa da Fecomércio-MG mostra que o tempo médio de comprometimento da renda em Belo Horizonte é de 7,4 meses. Entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, a média chega a 7,5 meses. Do total de entrevistados, 30,3% estão comprometidos por mais de um ano, 26,9% entre seis meses e um ano, 21,7% até três meses e 20,5% entre três e seis meses.

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