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Energia ainda é boa opção para investidor

Energia ainda é boa opção para investidor
Por ser mais estável, perene e menos sensível ao cenário externo, o setor de energia elétrica apresenta boas expectativas | Crédito: Paulo Whitaker/ Reuters

Com uma alta de 6,16% em agosto, o Ibovespa encerrou os primeiros oito meses positivo e crescendo 4,48%. A alta ocorreu pelo cenário interno com probabilidade do fim do ciclo de alta da taxa Selic, queda da inflação e do desemprego no Brasil, movimento que se diferencia do mercado mundial. Apesar do cenário interno mais favorável, existem desafios globais, como redução do consumo, alta dos juros e inflação. Mesmo diante de incertezas e possíveis volatilidades, a Bolsa de Valores continua apresentando boas opções para investimentos a longo prazo, com ações a preços mais baixos.

Para setembro, a indicação é evitar empresas com grandes exposições no mercado externo. Dentre os setores, um que vem apresentando boas expectativas é o de energia elétrica.

O analista de investimentos co-founder da Invius Research,  Leo Dutra, explica que a alta de 6,16% no Ibovespa em agosto foi o mais positivo dentre as maiores bolsas mundiais. “Nosso índice foi o que melhor performou nesse período. A movimentação  de alta é resultado dos dados macroeconômicos. Agosto registrou uma deflação de 0,73%. Enquanto as maiores economias do mundo estão registrando inflação alta ainda e, essa condição, é resultante principalmente da política adotada para diminuição dos preços dos combustíveis”.

Outro ponto favorável, segundo Dutra, foi a taxa de desemprego que caiu de 10,5% em abril para 9,1% em julho, o menor nível desde o trimestre concluído em dezembro de 2015. Além disso, o rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma elevação real de 2,9% na comparação com o trimestre até abril.

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“A queda na taxa de desemprego reflete a dinâmica mais robusta que a gente tem da atividade econômica com os efeitos da reabertura dos impulsos fiscais que foram concedidos pelo governo e tivemos neste segundo trimestre uma alta de 1,2% do PIB, confirmando essa sustentação da atividade econômica. Então, com a nossa economia entrando em uma disparidade com o que está acontecendo ao redor do mundo, nós nos tornamos mais atrativos. Tivemos um ingresso de US$ 20 bilhões na bolsa brasileira por investidores estrangeiros”.

Para setembro, segundo Dutra, apesar das expectativas de queda da inflação e do desemprego no mercado interno, o que é favorável, a redução da atividade Global pelo processo inflacionário ainda forte no restante do mundo e uma tendência de elevação dos juros, impactam no mercado, o que pode causar volatilidade na bolsa. 

“Temos a redução da atividade global, processo inflacionário ainda forte no restante do mundo e as expectativas de aumento da taxa de juros pelo governo americano subiram ainda mais. Como o Brasil depende muito das exportações, a redução das atividades econômicas pelo mundo pode impactar. Então, ainda temos um cenário muito incerto. Além disso, temos as eleições aqui no Brasil. Então isso adiciona ainda mais volatilidade ao mercado. Embora estejamos bem em comparação com o resto do mundo, há muitas variáveis que são sensíveis e que podem nos afetar”.

Precificação das expectativas

Caso o cenário econômico nacional continue avançando, há uma tendência de bons resultados na bolsa. Dutra ressalta que é complicado falar em quais setores podem ter resultados positivos no mês, visto que é um curto espaço de tempo e tudo vai girar com base na precificação das expectativas, mas que no momento é interessante destacar setores mais perenes e estáveis que devem refletir as melhorias econômicas sem tanta volatilidade.

“O setor de energia, de saneamento e, caso tenhamos boas notícias frente à expectativa de diminuição do desemprego e possibilidade de diminuição ou fim do ciclo de aumento de taxa de juros, o setor de varejo deve reagir muito forte visto que podem se beneficiar principalmente da Copa do Mundo de 2022. Mas, esse é um setor que ainda vai trabalhar com muita volatilidade e sensibilidade”.

Mesmo com as incertezas, segundo Dutra, a bolsa tem opções interessantes para investimentos, principalmente, a longo prazo. “A bolsa de valores está com seus níveis de preço em um dos menores patamares das últimas décadas. Para quem pensa mais no longo prazo, sem sombra de dúvidas, essa é para mim uma das grandes oportunidades dos últimos tempos”.

Decisões do Fed e do BCE afetam emergentes

A equipe de Análise da Terra Investimentos, Régis Chinchila e Luis Novaes, também destacam o bom desempenho da Bolsa de Valores em agosto, mas apontam para instabilidades.

Segundo os analistas, no mercado interno, o resultado no início do semestre provém do provável fim do ciclo de alta da taxa Selic, a partir dos preços administrados, puxando a inflação para baixo; dos sinais dados na ata da última reunião do Copom; e comentários de figuras importantes na condução da política monetária nacional, além de resultados satisfatórios na temporada de balanços do segundo trimestre.

“Tudo isso foi chave para a recuperação dos setores ligados ao consumo, que se beneficiam do maior poder aquisitivo da população, crédito mais barato e possuem grande representatividade no índice. E no mercado externo, com os investidores americanos e europeus acreditando em decisões mais brandas dos seus respectivos Bancos Centrais sobre a política de combate à inflação após os dados fracos de inflação no mês de julho nos EUA e possível estabilização de preços na Europa”.

Incerteza – Apesar do resultado positivo acumulado até o momento, o cenário das últimas semanas foi de quebra da expectativa positiva que se tinha no mercado externo. Segundo os analistas, nos EUA, o discurso forte do presidente do Federal Reserve (Fed) foi esclarecedor no sentido que a política monetária do país terá sua prioridade no controle da inflação, até que se tenha sinais convincentes de que está se estabilizou.

O Banco Central Europeu segue a mesma linha, considerando a inflação em níveis historicamente altos na zona do euro. Decisões como essas afastam os investidores dos ativos de risco, como a bolsa de valores, ainda mais quando o investimento é em um país emergente, como o Brasil.

“Devido ao fluxo estrangeiro ser muito relevante para o mercado brasileiro, a Bolsa de Valores será impactada, como é possível notar pelos últimos dias. Além disso, a China se afasta mais a cada semana da meta de crescimento estipulada no início do ano, mesmo com os estímulos à economia. Nessa perspectiva, os investidores deveriam se manter afastados de empresas com grande exposição ao mercado externo, por todos os problemas de demanda enfraquecida e custos maiores, e buscar se proteger em setores mais estáveis, com demanda regular, maior presença no Brasil e que não apresentem grandes flutuações de preços”.

Entre os setores que podem ser positivos em setembro, a indicação é o de energia elétrica, que já vem se destacando nesta semana.

Dólar registra a maior alta mundial em duas décadas

São Paulo – Investidores intensificaram a corrida por ativos ligados ao dólar ontem e levaram a moeda americana a renovar a maior alta mundial em duas décadas. Preocupações com ameaças ao crescimento das principais economias do planeta estimularam a busca pela segurança dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

O índice DXY, que compara o dólar às principais moedas, avançou aos 109.680 pontos, maior patamar para um fechamento diário desde junho de 2002.

Contaminada pelo mau humor externo, a taxa de câmbio brasileira avançou 0,71%, com o dólar comercial cotado a R$ 5,2380. Na variação máxima do dia, chegou aos R$ 5,2580.

Entre as moedas fortes que tombaram em relação ao dólar nesta quinta, a libra esterlina atingiu a menor cotação desde 1985. A divisa do Reino Unido fechou o dia valendo US$ 1,1534, com queda de 0,78% frente ao dólar. No mercado de câmbio brasileiro, a libra caiu 0,47%, cotada a R$ 6,0021.

Desde a semana passada reverbera nos mercados a fala do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) durante o simpósio de banqueiros centrais em Jackson Hole. Jerome Powell afirmou que os americanos estão caminhando para um período doloroso de crescimento econômico lento e possivelmente aumento do desemprego.

Essa expectativa de baixo crescimento se deve à intenção do Fed de manter a política de elevação agressiva da sua taxa de juros. Os Estados Unidos buscam restringir o crédito para frear a maior inflação no país em quatro décadas.

Hoje, a divulgação do relatório de vagas de trabalho tende a provocar mais volatilidade. “O mercado de trabalho forte é um risco para a inflação”, comentou Leandro Petrokas, sócio da casa de análise Quantzed.

Situação semelhante ocorre na Europa, onde o Banco Central Europeu também iniciou um processo de elevação de juros para conter a inflação.

A Europa ainda enfrenta a ameaça de ficar sem o abastecimento do gás da Rússia durante o inverno.

Na China, a economia também dá sinais de desaceleração enquanto Pequim segue paralisando atividades para combater o avanço da Covid, contribuindo para uma forte queda do petróleo.

Referência para os preços da matéria-prima bruta, o barril do petróleo Brent despencava 4,61%, a US$ 92,04 (R$ 478,61), no fim da tarde desta quinta.

“A demanda por petróleo do mundo ocidental, assim como a da China, está estagnada, enquanto a oferta está se expandindo de forma incremental, em grande parte devido ao xisto dos EUA”, disse Norbert Rucker, analista da Julius Baer, para a agência Reuters.

Ibovespa – O Ibovespa fechou em alta ontem, após dados mostrando que a economia brasileira cresceu acima do esperado no segundo trimestre, e também com apoio da Petrobras apesar da queda do petróleo no exterior. Índice de referência da bolsa brasileiro, o Ibovespa subiu 0,81%, a 110.405,3 pontos, encerrando na máxima da sessão. O volume financeiro da sessão alcançou 28,4 bilhões de reais.

No segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve alta de 1,2% na comparação sequencial, após avanço de 1,1% entre janeiro e março, no quarto trimestre seguido de taxas positivas.

Após os dados, várias instituições financeiras melhoraram suas estimativas para o PIB em 2022, entre elas o Bank of America, que agora projeta crescimento de 3,25%.

“O PIB acima das expectativas demonstra que a economia segue em recuperação e deve tornar cada vez mais o Brasil como ótima opção para o capital estrangeiro”, disse o analista Leandro De Checchi, da Clear Corretora.

A B3 também divulgou pela manhã a última prévia do Ibovespa que irá vigorar a partir de segunda-feira, mantendo a inclusão das ações de Arezzo, Raízen e São Martinho e saída dos papéis de JHSF. (Clayton Castelani/Folhapress/Reuters)

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