Finanças

Enrolado no rotativo do cartão? Veja como reorganizar suas finanças

Especialista explica como escapar do ciclo do rotativo e usar o cartão de forma segura
Enrolado no rotativo do cartão? Veja como reorganizar suas finanças
Foto: Adobe Stock

Quando o assunto é endividamento, o crédito rotativo do cartão é visto como um dos principais vilões no Brasil, atualmente. É o que mostra, por exemplo, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). De acordo com o levantamento, mais de 70% dos brasileiros utilizam o crédito rotativo em algum momento, e quase metade dos endividados já comprometem mais de 30% da renda com dívidas no cartão. Além disso, o Banco Central aponta que os juros do rotativo superam 400% ao ano, uma das taxas mais altas do mundo.

Especialistas alertam que a grande armadilha é achar que, ao pagar o mínimo da fatura do cartão de crédito, a dívida estará sob controle. O que ocorre, no entanto, é que, em poucas semanas, o valor devido pode dobrar, sem que o consumidor tenha real consciência disso. “A pessoa entra em um ciclo que corrói seu orçamento, sua paz e sua liberdade. É comum ver gente que acha que está pagando a fatura, mas na verdade está afundando cada vez mais”, destaca o educador financeiro Resende Neto.

O educador financeiro alerta que o chamado “rotativo” nada mais é do que “aceitar um empréstimo automático com um dos maiores juros do mercado” ao pagar apenas o valor mínimo da fatura. “O problema é que esses juros são tão altos que, em poucas semanas, a dívida dobra de tamanho sem que o consumidor perceba”, afirma Neto.

Ele também destaca que o melhor uso do cartão de crédito é quando o dinheiro já estiver reservado para o gasto pretendido e não para viabilizar compras por impulso.

Como se livrar da dívida do rotativo do cartão de crédito

Inicialmente, para identificar se você já caiu no rotativo, o especialista orienta a observar detalhadamente a fatura do seu cartão de crédito. “Se a fatura atual mostra encargos de juros, tarifas ou qualquer menção a ‘pagamento mínimo’, o rotativo está ativo. E se a próxima fatura já começa com um saldo anterior, é mais um sinal de alerta”, explica Resende.

Em seguida, Neto destaca que a estratégia mais eficiente é a chamada avalanche. “O devedor deve listar todas as dívidas e começar pagando a de juros mais altos primeiro, como o rotativo do cartão. As demais são mantidas com o pagamento mínimo. Quando a dívida mais cara é quitada, o valor que era destinado a ela vai para a segunda mais cara e assim por diante”.

Além disso, o consumidor pode avaliar trocar a dívida do cartão por um empréstimo mais barato, com juros menores. Tal decisão, porém, também exige cautela. “Se os juros do novo empréstimo forem bem menores, o prazo for razoável e as parcelas couberem no orçamento, essa troca pode ser o primeiro passo para o reequilíbrio. Mas é fundamental mudar o comportamento e parar de usar o cartão até quitar o novo compromisso”, ressalta o educador financeiro.

Já na hora de negociar a dívida com o banco, é fundamental que a pessoa tenha profundo conhecimento sobre a condição financeira em que se encontra. “Saber exatamente quanto pode pagar por mês sem comprometer outras áreas essenciais da vida, verificar os juros que estão sendo cobrados, entender o que está sendo negociado e ter tudo registrado por escrito aumentam as chances de um acordo justo e sustentável”, acrescenta.

Assim, uma vez retomado o controle financeiro, é necessário que a disciplina permaneça para evitar futuros problemas a curto prazo. “Mais do que sair da dívida, o desafio é não voltar. Isso exige mudança de mentalidade, registrar os gastos, criar uma reserva de emergência, gastar menos do que se ganha e acompanhar a fatura semanalmente”, conclui Resende Neto.

Colaborador

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