Entidades empresariais alertam para impacto da manutenção da Selic na economia

A interrupção do ciclo de redução da taxa Selic acendeu o alerta de atores econômicos, dentre eles o setor de comércio e serviços, representado na capital mineira pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH). Para a entidade, uma das alternativas para se ter um período mais longo de queda dos juros, em conciliação com as metas fiscais, seria o esperado ajuste fiscal.
“O compromisso em equilibrar as finanças públicas, reduzir gastos e aumentar as receitas ajudaria a manter as boas expectativas com a melhora na intenção de consumo das famílias, recuperação da renda e queda do endividamento. Como se sabe, a redução dos juros é um dos incentivadores do consumo e da economia. Por esse motivo, é também um anseio dos setores produtivos, sobretudo do nosso comércio e dos consumidores”, analisa o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
Ainda segundo o dirigente, apesar dos recentes acontecimentos do País como as enchentes no Rio Grande do Sul, e também da cautela das grandes economias externas que, no momento, são defensoras de uma redução de juros mais sutil por receio de aceleração dos preços, é possível chegar em um equilíbrio que favoreça governo, empresários e consumidores. “Acreditamos ser possível alinhar os objetivos entre as políticas fiscal e monetária para atravessarmos mais um semestre sem tantas turbulências e incertezas. Apesar de tudo, o setor tem se mostrado resiliente. Em Belo Horizonte e Minas Gerais, por exemplo, tivemos crescimento do comércio varejista, e isso é resultado da redução da Selic”, finaliza.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) considera essencial uma taxa de juros mais baixa para promover o desenvolvimento econômico sustentável . A manutenção da Selic neste nível é insustentável e a redução dos juros é urgente e crucial para revitalizar o setor produtivo nacional, argumenta a entidade. A Fiemg destaca a necessidade de baixar a taxa de juros e continuará acompanhando as decisões do Copom, buscando um ambiente que favoreça o desenvolvimento econômico e social do País.
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Além da decisão de manter a Selic em 10,5% ano ano, é importante analisar seu impacto na atividade econômica, avalia a Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), por meio de nota.
“A expectativa do mercado para a inflação, no fechamento de 2024, é de quase 4%, segundo o Boletim Focus, do Banco Central. Com isso, o País está operando com taxa de juros real acima de 6%, ainda muito elevada. Não há dúvidas de que o Executivo e o Legislativo precisam se ajustar para termos uma política fiscal mais previsível e menos turbulenta. Isso abriria mais espaço para a queda da Selic. Todavia, o atual nível dos juros no País gera um empecilho enorme para o consumo e para os investimentos. Todo o setor produtivo (sobretudo a indústria e o comércio) continuará sendo muito prejudicado caso o Banco Central mantenha a política de elevadas taxas de juros”, alerta a entidade.
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de Minas Gerais (FCDL-MG), Frank Sinatra, avalia como negativa a decisão do Copom de interromper o ciclo de reduções da Selic.
“Está cedo para terminar o ciclo de reduções na taxa básica de juros. Sabemos que, frente ao cenário atual, se faz necessário restabelecer a credibilidade na condução da política monetária, ainda mais quando há o desancoramento da inflação e a atual situação do câmbio. Por outro lado, o varejo sofre, pois a economia, que já deveria estar em outro ritmo, não anda. Isso é ruim para todos nós, pois parece que não conseguimos sair do lugar em meio às crises. É preciso buscar equilíbrio nessa equação!”, ressalta Sinatra.
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