Finanças

Entidades mineiras alertam para impacto econômico da manutenção da taxa Selic

Copom confirmou a manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano
Entidades mineiras alertam para impacto econômico da manutenção da taxa Selic
Crédito: Reprodução Adobe Stock

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou nesta quarta-feira (31) a manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano, dando continuidade à política monetária contracionista. A decisão foi justificada pela alta nas expectativas de inflação, pela desvalorização cambial e pelas incertezas com relação às contas públicas.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) avalia, por meio de nota, que a manutenção da política monetária em patamar restritivo, sem a sinalização de futuros cortes na taxa de juros, coloca em alerta os agentes econômicos. “Nesse contexto, a capacidade produtiva é diretamente afetada, e os impactos são sentidos de forma sistêmica. O cenário de juros elevados impõe desafios significativos para a indústria, que vão desde a limitação da capacidade de investimento até a redução da competitividade. Esses fatores, combinados, desestimulam o investimento e afetam negativamente o crescimento econômico, a geração de emprego e a renda da população”, adverte a entidade.

A Fiemg expressa sua profunda consternação com a postura do Copom, enfatizando que a realidade econômica brasileira exige medidas assertivas. “As empresas enfrentam obstáculos praticamente intransponíveis para obter acesso ao crédito, e a manutenção da taxa de juros em níveis elevados torna esse acesso ainda mais restrito”, alerta.

A entidade defende a necessidade da retomada nos cortes da taxa de juros para promover o desenvolvimento econômico sustentável, estimular investimentos e fortalecer o setor produtivo nacional. “É intolerável a manutenção da Selic neste patamar, e cortes nos juros se tornam não apenas urgentes, mas vitais para criar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento econômico e social do País, ressalta.

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Ciclo de alta

Segundo o economista da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Paulo Casaca, enquanto a perspectiva para o Banco Central americano é de iniciar o corte de juros a partir de setembro, no Brasil, na melhor das hipóteses, manteremos a Selic inalterada até o fim do ano. “Na verdade, com a desvalorização cambial e a elevação das expectativas de inflação, é bem provável que o Copom comece a sinalizar um novo ciclo de alta de juros. Há, no entanto, um terceiro argumento para a o início da elevação da Selic que me incomoda: o suposto superaquecimento da atividade econômica”, comenta.

Para Casaca, é certo que o desemprego está em queda e o varejo em alta. Todavia, as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que o volume de serviços está perdendo dinamismo e a indústria continua andando de lado.

“Não dá para cobrar elevação de juros ao menor sinal de recuperação econômica. Precisamos também que o Congresso e o Executivo se comprometam mais com o equilíbrio fiscal. Isso nos permitirá controlar a inflação sem precisar, a todo o momento, prejudicar o crescimento econômico brasileiro via elevação de juros”, argumenta.

“É fato que o cenário segue exigindo mais cautela do que flexibilização na condução da política monetária. Porém, o setor de comércio e serviços sofre com essas incertezas. É preciso prezar pelo equilíbrio da conjuntura econômica e melhorar as expectativas relacionadas à inflação, aos indicadores de atividade e à depreciação cambial. Mas, também, são necessárias alternativas que minimizem os impactos para o setor que é a mola propulsora da economia do nosso País”, ponderou o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Minas Gerais (FCDL-MG), Frank Sinatra, sobre a manutenção da taxa Selic em 10,5%.

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