Finanças

Estoque de crédito atingiu R$ 4,6 trilhões em janeiro

Estoque de crédito atingiu R$ 4,6 trilhões em janeiro
Crédito: Marcello Casal Jr/ABr

Brasília – O Banco Central (BC) informou ontem que o estoque de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) ficou estável em janeiro na comparação com dezembro de 2021. O volume de crédito no mês passado foi de R$ 4,671 trilhões, o que corresponde a 53,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

A taxa de juros média anual nas operações de crédito ficou em 25,3% em janeiro, um aumento de um ponto percentual (pp) em relação a dezembro último. No período de 12 meses, houve recuo de 5,2 pp.

Nas operações de crédito com recursos livres, a taxa média de juros alcançou 35,3% em janeiro, uma alta de 1,5 pp em relação a dezembro. No período de 12 meses, a taxa de juros teve uma alta 6,9 pp em relação a janeiro do ano anterior.

Nas operações com pessoas jurídicas, a taxa média de juros situou-se em 21,3%, um aumento de 1,6 pp no mês e de 6,1 pp em 12 meses.

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Nas operações de crédito realizadas com as famílias, a taxa média de juros atingiu 46,3%, alta de 1,3 pp em relação a dezembro de 2021 e de 6,9 pp no período de 12 meses.

Recursos livres às famílias – O BC disse, ainda, que o crédito com recursos livres às famílias somou R$ 1,5 trilhão no mês, mantendo a trajetória de crescimento observada nos meses anteriores, com elevações de 1% no mês e 23,8% em 12 meses.

Entre as principais modalidades, destacaram-se as elevações nas carteiras de crédito pessoal não consignado (3,5%), de cartão de crédito rotativo (8,6%), e de cheque especial (13,6%), as duas últimas influenciadas por fatores sazonais.

Já o saldo das operações de crédito com recursos livres para pessoas jurídicas alcançou R$ 1,3 trilhão em janeiro, redução de 1,8% no mês e alta de 16,5% em doze meses, desacelerando em relação ao mês anterior (17,3%).

Ainda segundo o BC, esse desempenho decorreu, em grande parte, da redução sazonal das carteiras de antecipação de faturas de cartão de crédito e de desconto de duplicatas.

Direcionado – O crédito direcionado totalizou R$1,9 trilhão em janeiro, com acréscimos de 0,3% no mês e de 10,9% em relação a janeiro de 2021. O crédito direcionado às empresas caiu 1% no mês e 0,7% em 12 meses, atingindo R$ 679 bilhões, enquanto o crédito direcionado às famílias somou R$ 1,2 trilhão, alta mensal de 1% (+18,6% em 12 meses).

Em janeiro, a inadimplência média das operações de crédito ficou em 2,5%, um aumento de 0,2 pp em relação a dezembro e de 0,4 pp na comparação interanual.

Bancos estão mais otimistas em relação a 2022

O saldo da carteira total de crédito em 2022 deverá crescer, ao menos, 7,6% em 2022, revela a Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas, avançando em relação ao levantamento anterior, feito em dezembro, e que projetava uma expansão de 6,7%. A melhoria na estimativa reverte a tendência de piora nas projeções que ocorriam desde setembro do ano passado. O estudo, realizado com 18 bancos entre 9 e 15 de fevereiro, também trouxe a primeira projeção para o mercado de crédito em 2023, em que a expansão esperada é de 6,6%.

A Pesquisa Febraban é feita a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O atual levantamento reuniu as percepções de 18 bancos sobre a última Ata do Copom e as projeções para o desempenho das carteiras de crédito para o ano corrente e o próximo. 

A melhora nas projeções deste ano reflete especialmente o bom momento do mercado de crédito e as surpresas positivas trazidas pelos dados mais recentes do Banco Central, como o avanço de 16,5% da carteira em 2021, movimento que pode prosseguir nos próximos levantamentos, conforme revisões sejam feitas pelas instituições financeiras.

“O crédito bancário em 2022 será uma contenção importante para evitar a piora da conjuntura econômica, embora com uma maior acomodação do ritmo de crescimento das carteiras, refletindo a expectativa de um ano mais difícil, com baixo crescimento econômico, continuidade das pressões inflacionárias e taxa Selic em patamar elevado até o final do ano”, afirma o presidente da Febraban, Isaac Sidney.

As revisões positivas de 2022 ocorreram tanto na carteira com recursos livres, passando de estimativa de avanço de 8,2% para 9,4%, como na de recursos direcionados, que passou de alta de 4,1% para 5%. Além disso, a pesquisa mostrou também revisão (pequena) para baixo na expectativa para a taxa de inadimplência. No levantamento de dezembro era esperada uma taxa de 3,8% para o fim desse ano, ao passo que na pesquisa atual, a estimativa é de 3,7%.

PIB e inflação – A maioria dos participantes da pesquisa (66,7%) espera alguma expansão do PIB (Produto Interno Bruto) para 2022, de até 0,5%.

Quanto ao cenário inflacionário, a pesquisa captou que a maioria dos participantes (77,8%) entende que o Banco Central não conseguirá entregar a inflação no intervalo da meta (teto de 5,0%) em 2022, embora o indicador deva convergir para o centro da meta (3,25%) em 2023.

Selic – A Pesquisa de Expectativas da Febraban apontou que a maioria (72,2%) dos participantes entendeu como adequada as sinalizações contidas na Ata da última reunião do Copom, em relação à condução da política monetária, e que serão suficientes para que a inflação convirja para o centro da meta, ainda que apenas em 2023.

Há estimativa de um aumento de 1,0 ponto percentual da reunião de março, seguida de alta de 0,5 ponto percentual no encontro de maio, com a Selic terminando o atual ciclo de ajuste em 12,25%. Destaque-se, contudo, que algumas instituições financeiras acreditem que a Selic pode chegar ao patamar de 12,75% ao ano no decorrer do ciclo atual de ajuste monetário.

Política fiscal – Diante da preocupação do Copom com políticas que piorem a trajetória das contas públicas, como a PEC dos Combustíveis, 66,7% dos participantes acreditam que a equipe econômica deveria conter as propostas mais agressivas e que contemplam uma expressiva queda na arrecadação, que poderia chegar a R$ 100 bilhões. O risco aqui é de piora adicional da confiança do mercado na sustentabilidade da política fiscal. Por isso, a expectativa predominante é que o governo consiga conter estes excessos e limite o custo da medida a no máximo R$ 50 bilhões no ano.

Cenário internacional – A expectativa em relação ao ritmo de elevação dos juros nos EUA não teve consenso dos participantes. Entretanto, a percepção geral é de que o ajuste monetário nos EUA será mais célere que o esperado pelo mercado até o momento.

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