Fazenda prevê normalização do câmbio

Brasília – O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou nesta quinta-feira (13) que a volatilidade no câmbio é algo estrutural da economia brasileira, e não reflete um fator pontual. Segundo ele, os fundamentos da economia não corroboram desvalorização cambial como a registrada no final do ano passado.
Mello disse enxergar nesse momento uma normalização no indicador, com patamar de dólar mais próximo ao de setembro e outubro de 2024.
“Houve bastante volatilidade (no câmbio), isso é normal na economia brasileira. É evidente que não é desejável, mas não é algo pontual que aconteceu hoje e nunca tinha acontecido. É uma questão estrutural da economia brasileira que merece amplo debate, mas não vai ser resolvida com medida extemporânea ou pouco pensada”, afirmou.
Mello comentou que a maior liberalização do fluxo de capitais registrada no ano passado contribuiu para a enorme volatilidade do real.
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Apesar disso, ele afirmou que as pessoas costumam fazer conexão muito mecânica de variáveis, mas assegurou que existem muitos determinantes para entender o dólar. “A economia é complexa e tem muitos determinantes para você entender a movimentação desse tipo – e que no momento do furacão, ninguém lembra desses determinantes”, disse.
O secretário ressaltou que um motivo para acreditar em um câmbio mais valorizado é a elevada safra esperada para este ano e a maior produção de petróleo.
Preços
Mello disse que o agronegócio e a produção de petróleo, duas atividades importantes, terão dinamismo razoável em 2025. Segundo ele, ambas as atividades têm a característica de reduzir preços. “Safra (maior) impacta o preço dos alimentos e a produção de petróleo pode reduzir preços e combustíveis e energia”, afirmou. A declaração foi dada durante coletiva após divulgação do documento “2024 em retrospectiva e o que esperar de 2025”, publicado nesta quinta-feira.
O secretário explicou que o aumento nos preços monitorados e a pequena queda nos preços livres trazem visão de que a inflação deve fechar próxima de 4,8% este ano. O cálculo foi baseado em um câmbio de R$ 6 para cada dólar. “Caso esse câmbio mais valorizado persista, obviamente isso terá impactos no nosso cenário inflacionário, impactos de redução desse quadro”, previu.
“A safra mais forte e a produção maior de petróleo também devem impactar no resultado pouco superior na balança comercial, o que representa também maior disponibilidade de dólares no mercado doméstico”, disse.
Ele reiterou que o mercado de trabalho ficará menos pressionado em 2025 por um ritmo moderado de serviços. Em relação à maneira como o pico do dólar em 2024 vai afetar a inflação em 2025, Mello disse que é algo a ser avaliado.
Mello afirmou acreditar que o cenário de crescimento econômico de 2025 é muito compatível com o Produto Interno Bruto (PIB) potencial. Ele reiterou que o governo tem uma agenda econômica que visa crescimento equilibrado e que não flutua à luz de “dados que saem na ponta”.
Segundo o secretário, o crescimento de 2025, mesmo em desaceleração, vai ser mantido em um patamar que mantém dinamismo da economia brasileira, com esforço para trazer inflação próxima à meta.
“É um ano em que veremos um crescimento econômico muito provavelmente mais próximo daquilo que apontamos como potencial de crescimento não inflacionário no país, o chamado PIB potencial. Vai ter composição diferente de 2024, com peso maior das atividades não cíclicas do que atividades cíclicas, e arrefecimento, mas ainda em patamar que mantém dinamismo da economia brasileira, compatível com esforço de trazer nossa inflação mais próxima da meta ao longo do tempo”, opinou.
O secretário avaliou ainda que é natural que após dois anos de crescimento forte, seja registrado agora um PIB mais moderado. Segundo ele, o crescimento projetado para 2025 está longe de ser baixo e não deve ser considerado um dado ruim, visto que os indicadores positivos serão mantidos.
Mello reiterou que o cenário de 2025 é condizente com o que a equipe econômica gostaria de ver na economia. Segundo ele, as projeções permitem que inflação volte à meta, com alimentos menos pressionados.
Reportagem distribuída pela Estadão Conteúdo
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