Finanças

Financiamento para energia renovável cresce 6,5% no Brasil

No ano passado, as operações somaram R$ 32,5 bilhões
Financiamento para energia renovável cresce 6,5% no Brasil
Enquanto os financiamentos a projetos de energia solar avançaram, as operações envolvendo geração eólica caíram | Foto: Reprodução Adobe Stock

Apesar da taxa Selic em alta, o volume de financiamento para a geração de energias renováveis no Brasil cresceu tanto em grandes usinas centralizadas quanto em pequenos sistemas de geração distribuída (telhados e terrenos). O volume atingiu R$ 32,5 bilhões em 2024, registrando alta de 6,5% ante os R$ 30,5 bilhões observados no ano anterior. As informações são de um estudo recente da consultoria Clean Energy Latin America (Cela).

De acordo com a CEO da Cela, Camila Ramos, o crescimento nas mais diversas modalidades — como mercado de capitais, bancos privados e bancos de desenvolvimento — ocorreu em função da demanda do mercado livre de energia e da corrida para projetos de geração distribuída (GD) com direito adquirido, já que houve mudanças regulatórias recentes que reduzem gradualmente os benefícios econômicos para quem entra no sistema. Nesses casos, os projetos garantiram retorno financeiro maior e previsível, enquanto os novos ficaram sujeitos a custos mais elevados de uso da rede, reduzindo a atratividade econômica.

Segundo a gestora, o crescimento foi puxado principalmente pelos financiamentos para projetos de energia solar de geração distribuída, que subiram 30%, passando de R$ 13,3 bilhões em 2023 para R$ 23,8 bilhões em 2024. Conforme os dados, os financiamentos para sistemas de geração própria de energia solar em telhados cresceram 47% em 2024, somando R$ 6,9 bilhões no ano, enquanto as usinas solares remotas de geração compartilhada e autoconsumo, outra subcategoria da GD, tiveram recursos de R$ 5,6 bilhões, um crescimento de quase 8%.

Já os desembolsos das principais instituições financeiras para as usinas eólicas de grande porte (geração centralizada) registraram queda de quase 30% no último ano, passando de R$ 12,2 bilhões em 2023 para R$ 8,7 bilhões em 2024.

Conforme informou Camila Ramos, essa queda ocorreu em função das dificuldades que as empresas de geração de energia eólica estão enfrentando com o chamado curtailment — corte forçado de geração de energia quando a produção excede a capacidade de consumo ou quando há restrições na rede, em que a capacidade de transmissão é limitada.

O movimento reduziu de forma significativa o volume de financiamento para energia eólica, com queda expressiva nos contratos via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco do Nordeste (BNB), mesmo com as condições mais atrativas dessas instituições.

Mercado de capitais impulsionou o financiamento para energia renovável

Em contrapartida, o volume de financiamento para energia solar cresceu consideravelmente em 2024, “em função do crescimento relevante de captações no mercado de capitais, via emissão de debêntures e de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs)”, afirmou a CEO da Cela.

Os financiamentos, segundo Camila Ramos, via mercado de capitais representaram 43% de todo o volume destinado a energias renováveis em 2024. Os bancos de desenvolvimento responderam por 32% e os bancos privados por 25%.

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