Finanças

FMI eleva previsão de alta do PIB do Brasil em 2022

Atividade econômica no País deve aumentar 1,7%, aponta relatório global
FMI eleva previsão de alta do PIB do Brasil em 2022
Crédito: Johannes P. Christo / Reuters

São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou de forma expressiva sua estimativa para o crescimento da atividade brasileira neste ano, apesar das dificuldades enfrentadas pelas economias globais, mas ao mesmo tempo passou a ver desempenho mais fraco em 2023.

Na revisão das estimativas globais em seu relatório Perspectiva Econômica Global, o FMI passou a ver crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano de 1,7%, bem acima da taxa de 0,8% calculada em abril.

Mas para 2023, o relatório do FMI, divulgado ontem, mostra que a expansão da atividade será de 1,1%, 0,3 ponto percentual a menos do que o previsto em abril.

O mercado também vem elevando sua projeção para o crescimento brasileiro neste ano, após um primeiro semestre melhor do que o esperado, e piorando a do ano que vem, diante da expectativa de que o aperto monetário impactará a atividade de forma mais expressiva e em meio a preocupações com a saúde fiscal do país. O relatório Focus mais recente mostra que os especialistas consultados pelo Banco Central veem expansão de 1,93% do PIB em 2022 e de 0,49% em 2023.

A estimativa do FMI, no entanto, ainda está um pouco abaixo da do governo, que calcula que o PIB brasileiro deve crescer 2,0% neste ano. O cálculo do Ministério da Economia é ainda mais forte em 2023, com alta prevista de 2,5% para o PIB.

A melhora do cenário para o Brasil ajudou a impulsionar a projeção para o crescimento da América Latina e Caribe, com o FMI vendo agora aumento do PIB da região de 3,0% este ano, 0,5 ponto a mais do que no relatório anterior.

Mas da mesma forma, a estimativa para a América Latina e Caribe no ano que vem piorou em 0,5 ponto, para 2,0%.

“Embora as revisões sejam principalmente negativas para economias avançadas, exposições diferentes aos principais acontecimentos significam que as de mercados emergentes e economias emergentes são variadas”, disse o FMI.

Desaceleração chinesa

Entre os motivos que levaram o FMI a reduzir a projeção para o PIB mundial em 2022 em 0,4 ponto, a 3,2%, estão a inflação mais elevada em todo o mundo, desaceleração mais forte do que o esperado na China devido a novos surtos de Covid-19 e repercussões negativas da guerra na Ucrânia.

Para a China, o Fundo cortou as perspectivas de crescimento em 1,1 ponto para 2022 e em 0,5 ponto para 2023, indo respectivamente a 3,3% e 4,6%.

Esse foi um dos principais motivos para o cenário mais fraco previsto para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento, 3,6% em 2022 e 3,9% em 2023, com cortes respectivamente de 0,2 e 0,5 ponto percentual.

“Os riscos para o cenário são predominantemente negativos. A guerra na Ucrânia pode levar a uma interrupção repentina das importações de gás da Rússia pela Europa; pode ser mais difícil reduzir a inflação do que o esperado se os mercados de trabalhos estiverem mais apertados ou se as expectativas de inflação desancorarem”, listou o FMI.

O fundo citou ainda como riscos globais a possibilidade de condições financeiras mais apertadas levarem a dificuldades nos mercados emergentes e em desenvolvimento, bem como uma escalada da crise do setor imobiliário na China e fragmentação geopolítica que afete a cooperação e o comércio globais.

Citi projeta aumento nos juros com inflação

São Paulo – O Citi melhorou seu prognóstico para o crescimento econômico do Brasil neste ano, mas reduziu sua previsão para 2023, esperando que a deterioração do cenário inflacionário de médio prazo force o Banco Central a elevar a taxa básica de juros a patamar mais alto do que o estimado em cenário anterior.

Agora, o credor norte-americano espera que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresça 2,0% em 2022, de taxa de 1,4% esperada antes, na esteira de várias surpresas positivas em indicadores da atividade econômica até agora neste ano.

Para 2023, no entanto, o Citi passou a estimar expansão de apenas 0,3%, contra previsão anterior de crescimento de 0,7%.

“Os ventos contrários para a atividade econômica no próximo ano são crescentes, dada a necessidade de política monetária mais restritiva, o fim dos estímulos fiscais e a desaceleração global”, afirmou o banco em relatório com data de ontem.

O banco manteve estimativa de que a Selic encerrará este ano em 13,75%, ante atuais 13,25%, mas passou a ver o juro básico em 10,50% ao final de 2023, contra taxa de 9,50% esperada anteriormente.

Segundo o Citi, esse cenário se justifica porque, embora iniciativas recentes de redução de impostos do governo estejam reduzindo alguns preços-chave no curto prazo, as perspectivas de inflação de médio prazo se deterioraram ainda mais, já que as medidas de alívio são temporárias.

Ainda assim, o banco norte-americano manteve projeção de que o IPCA avançará 4,5% no ano que vem, enquanto a estimativa para o avanço dos preços ao consumidor neste ano foi cortada a taxa de 7,7%, contra 8,0% em seu último cenário.

Na esteira da aprovação pelo Congresso de medidas para ampliar e criar novos benefícios sociais, o Citi alertou para intensificação da deterioração das contas públicas daqui para frente, dada a combinação de juros reais mais altos, crescimento muito menor e normalização da arrecadação.

“Ao todo, projetamos a dívida pública bruta em 83,4% do PIB até o final de 2023”, disse o banco. (Reuters)

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