Fundos de investimento têm saldo negativo

Os fundos de investimento registraram resgates líquidos de R$ 61,7 bilhões em julho, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). É a segunda vez no ano que as saídas superaram os aportes no mês — a primeira foi em maio com retiradas líquidas de R$ 53,5 bilhões.
O resultado foi puxado pelos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), pelos fundos de renda fixa e pelos multimercados. O primeiro teve saídas líquidas de R$ 23,9 bilhões, no entanto R$ 25,2 bilhões foi resgate de um único fundo, portanto não reflete um movimento do mercado. O mesmo aconteceu com a classe de renda fixa, que encerrou o período com resgates líquidos de R$ 17,6 bilhões, mas influenciada por um saque de R$ 17,8 bilhões de um fundo. Os multimercados tiveram captação líquida negativa de R$ 13,3 bilhões, seguindo a trajetória de saques que vem apresentando mensalmente no ano.
“Apesar dos movimentos concentrados do mercado em julho, é possível perceber uma busca dos investidores por outros produtos de renda fixa além dos fundos e a continuidade dos resgates nas classes mais arrojadas, como é o caso dos multimercados e fundos de ações. Essa situação deve permanecer por mais um tempo por conta da nova alta da Selic nesta semana”, afirma o vice-presidente da Anbima, Pedro Rudge.
Os fundos de ações apresentaram resgates líquidos de R$ 8,3 bilhões. Deste total, 36% foram do tipo livre (fundos que não têm compromisso com nenhuma estratégia específica). De janeiro a julho, eles tiveram saída líquida de R$ 21,5 bilhões, a maior da classe.
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Rentabilidade
Apesar da maior atratividade da renda fixa por conta da Selic, o tipo da categoria que teve maior rentabilidade foi o investimento no exterior (aplica, no mínimo, 40% da carteira em ativos internacionais) com 1,92%. Quando olhamos de janeiro a julho, o tipo duração alta grau de investimento (investe, no mínimo, 80% da carteira em títulos públicos e ativos de baixo risco) apresenta melhor retorno com 8,6%.
Entre os multimercados, o destaque ficou com o tipo long and short neutro (faz operações de ativos e derivativos ligados ao mercado de renda variável, montando posições compradas e vendidas) com retorno de 2,82% no mês e 11,82% no ano.
Na classe de ações, todos os tipos fecharam o mês positivo, com destaque para o tipo ações setoriais (investe em empresas do mesmo setor) com retorno de 10,53% no mês.
Estoque de títulos de renda fixa na B3 cresce 31%
No primeiro semestre de 2022, os títulos de renda fixa corporativos registrados na B3, bolsa do Brasil, que incluem debêntures, Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Certificado de Recebíveis (CR) e Notas Comerciais, alcançaram estoque no valor de R$ 996,5 bilhões. O número é 31% maior do que o registrado no primeiro semestre de 2021.
O aumento de emissões foi registrado em todos os produtos de dívida corporativa ao longo do semestre, com destaque para as debêntures, que foram os títulos com maior crescimento. Entre janeiro e junho, foram registrados R$ 129,4 bilhões em debêntures, 50% acima do valor registrado no primeiro semestre de 2021. O estoque do produto chegou a R$ 761,6 bilhões.
“O significativo crescimento dos produtos de renda fixa no semestre pode ser explicado principalmente pelos consecutivos aumentos na taxa básica de juros. Com taxas mais altas, os títulos de renda fixa voltam a ser mais atrativos para o investidor, o que também cria um cenário para as empresas captarem recursos no mercado de capitais por meio dos títulos de dívidas corporativas”, explica o diretor de Produtos de Balcão e Novos Negócios da B3, Fábio Zenaro.
Os registros de CRIs representaram R$ 17,9 bilhões no semestre, aumento de 32% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O estoque do produto em junho de 2022 somava R$ 114,6 bilhões. Os CRAs tiveram R$ 16,8 bilhões registrados, aumento de 58%. O estoque do produto ficou em R$ 76,3 bilhões. Além disso, foi emitido o primeiro Certificado de Recebíveis (CR) em maio deste ano, regulado através da Medida Provisório 1.103.
O volume financeiro emitido de Notas Comerciais até junho triplicou com relação ao mesmo período do ano anterior. Enquanto no primeiro semestre de 2021 as emissões somaram R$ 5,7 bilhões, em 2022 o número saltou para R$ 19,7 bilhões. Esse aumento também é devido a nova estrutura de Notas Comerciais Escriturais introduzida pela Lei 14.195 em agosto de 2021.
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