Fusões e aquisições crescem no 1º trimestre

São Paulo – O Brasil pode bater recorde em fusões e aquisições neste ano, apesar dos efeitos da pandemia e a crescente instabilidade política e econômica, segundo executivos de bancos e advogados.
O volume de transações quase quintuplicou no 1º trimestre, para US$ 25,6 bilhões, segundo dados da Refinitiv. A maior transação foi a compra da Notre Dame Intermédica pela Hapvida por US$ 9 bilhões.
Os mercados estão instáveis desde o mês passado, quando o presidente Jair Bolsonaro decidiu substituir o presidente da Petrobras e sinalizou abandonar compromissos com políticas econômicas liberais. As más notícias econômicas ocorreram simultaneamente ao crescimento do número de mortes por Covid-19.
Mesmo com a forte pressão sobre o real, que se desvalorizou 8% em relação ao dólar no 1º trimestre, o impacto sobre os negócios foi pequeno. “As fusões e aquisições são tradicionalmente mais resilientes à volatilidade de curto prazo do que as ofertas de ações, ainda espero crescimento dos negócios neste ano”, diz o chefe da área de banco de investimento do Itaú BBA, Roderick Greenlees.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Ricardo Lacerda, fundador do banco de investimento BR Partners, diz que mesmo com volatilidade, 2021 pode ter recorde de fusões e aquisições. “Mas é evidente que a alta volatilidade econômica e política causa enorme preocupação quanto ao cenário para o resto do ano”, afirmou.
Saúde, varejo, infraestrutura, energia e educação devem ter o maior número de negócios. Bruno Amaral, que chefia a área de fusões e aquisições do BTG Pactual, espera também mais negócios entre fintechs, com crescentes rodadas de investimento e potenciais IPOs de unicórnios.
O Brasil também deverá ver seus primeiros negócios envolvendo SPACs, já que mais empresas norte-americanas constituídas para aquisições procuram alvos na América Latina. Um primeiro sinal foi o início das negociações entre a Procaps, fabricante colombiana de softgel, usado como excipiente pela indústria farmacêutica, e um SPAC para tornar-se uma empresa listada na Nasdaq.
A volatilidade dos mercados levou algumas das empresas na fila para fazer IPO a adiar os planos, como a varejista Kalunga e a incorporadora CFL. O 1º trimestre do ano teve 23 ofertas de ações, segundo a Refinitiv, mas o valor total em dólares caiu 26%, em parte por conta da desvalorização cambial, mas também porque investidores em ativos brasileiros passaram a aceitar ofertas menores.
“Hoje temos ofertas variando entre R$ 600 milhões e R$ 10 bilhões”, afirma o chefe da área de Equity Capital Markets no BTG Pactual, Fabio Nazari. Mesmo em meio à turbulência do mercado, Nazari espera até 80 ofertas neste ano, acima das 61 de 2020.
Os investidores estão um pouco mais seletivos em setores com muitas ofertas, como construtoras, mas ainda há muitas grandes empresas com bom potencial de listagem, afirma o advogado do escritório Milbank, Tobias Stimberg. (Reuters)
Ouça a rádio de Minas