Gastos com saúde mental desorganizam as finanças de 35% das famílias brasileiras

Pesquisa recente realizada pela Serasa Experian em todo o Brasil identificou que os gastos com saúde mental desorganizam as finanças de praticamente 35% dos lares do País. O estudo “O Impacto das Finanças na Saúde Mental do Brasileiro” investiga a conexão entre o dinheiro e as emoções.
Dentre outros dados apurados, 55% dos entrevistados relataram ter enfrentado problemas de saúde mental e dificuldades com as contas e faturas. De acordo com a pesquisa, as despesas com assistência psicológica se destacam, ocupando a sexta posição nas prioridades de gastos das famílias brasileiras, à frente de custos com automóveis e educação.
A pesquisa também revela que complicações financeiras podem causar sérias consequências, dentre elas:
- a piora da qualidade de vida (64%),
- o aumento da ansiedade (60%),
- a diminuição da autoestima (57%)
- e a redução da qualidade do sono (55%).
Solidão e autonomia marcam realidade de brasileiros endividados
A solidão em momentos de dificuldades é um outro fator evidenciado pela pesquisa. A mostra aponta que 61% dos brasileiros se isolam socialmente, e 73% preferem lidar sozinhos com seus problemas relacionados a dívidas.
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Além disso, 76% reconhecem que os gastos excessivos têm um reflexo direto em seu desempenho profissional, e 53% alocam até R$ 300 do orçamento mensal para cuidados com a saúde mental.
Para entender as conexões entre dificuldades financeiras e problemas de saúde mental, a Serasa ouviu 1.766 consumidores de todo o País. O estudo, produzido pelo Instituto Opinion Box, aponta que em um contexto de mais de 72 milhões de inadimplentes, as consequências das dívidas vão além do aspecto econômico.
Saúde e relações interpessoais
Os efeitos das dificuldades financeiras também se manifestam nas relações interpessoais. Segundo a pesquisa, 72% dos participantes sentem-se mal ao solicitar dinheiro emprestado a familiares e amigos. Além disso, sete em cada dez pessoas afirmam evitar conversas sobre dinheiro, e 61% preferem se afastar de amigos.
A psicóloga do Dinheiro Valéria Meirelles analisa que, “muitas vezes, as pessoas têm vergonha de pedir ajuda, pois sentem que, ao contar para alguém, estariam atestando alguma espécie de incompetência na gestão de recursos”.
Essa percepção, segundo Valéria Meirelles prejudica as relações pessoais, criando uma associação negativa entre gastos e fracasso pessoal. Entre os entrevistados, 73% afirmam não procurar ajuda externa, acreditando que conseguem resolver seus problemas sozinhos.

A especialista complementa: “Não deixamos de ser bons pais, bons filhos ou bons amigos por atravessarmos dificuldades financeiras. Falar sobre dinheiro com naturalidade com amigos, conhecidos e familiares é o primeiro passo para transpor a dificuldade”.
Cuidar da saúde mental pode ser uma ‘válvula de escape’
Ainda de acordo com a pesquisa, 86% dos brasileiros acreditam que cuidar da saúde mental pode melhorar a situação financeira a longo prazo, e 67% expressam interesse em investir mais nesse aspecto.
A psicóloga destaca que “depois da pandemia, mais do que nunca, as pessoas passaram a se preocupar com essa área, buscando mais qualidade de vida, praticando mais exercícios e outras iniciativas que ajudem a lidar com as emoções”.
Essa mudança, segundo ela, indica que a saúde mental passou a ser reconhecida como uma prioridade fundamental para a construção de uma vida mais equilibrada.
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