Finanças

Governo central tem déficit primário de R$ 14,497 bilhões

Resultado foi bem superior ao saldo negativo de R$ 5,170 bilhões no mesmo mês de 2024
Governo central tem déficit primário de R$ 14,497 bilhões
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Brasília – O governo central registrou um déficit primário de R$ 14,497 bilhões em setembro, informou nesta quinta-feira (30) o Tesouro Nacional. O resultado foi bem superior ao saldo negativo de R$ 5,170 bilhões registrado no mesmo mês de 2024.

Apesar de um rombo menor que o esperado pelo mercado, o saldo foi o pior para meses de setembro desde 2020 em dados corrigidos pela inflação, quando ficou negativo em R$ 103,9 bilhões em meio às ações de enfrentamento à pandemia da Covid-19.

Economistas consultados pela Reuters esperavam que o dado, que compreende as contas de Tesouro, Banco Central e Previdência Social, seria deficitário em R$ 15,3 bilhões no mês.

O desempenho do mês passado é resultado de receitas líquidas – que excluem transferências para governos regionais – de R$ 172,369 bilhões, um aumento real de 0,6% frente ao mesmo período de 2024, e despesas totais de R$ 186,866 bilhões, alta de 5,7%.

Do lado das despesas, o salto nos desembolsos foi causado majoritariamente por uma elevação de R$ 10,6 bilhões em gastos discricionários, alta de 100,9% em relação ao mesmo mês de 2024. A elevação ocorreu principalmente nas despesas do Ministério da Saúde, segundo o Tesouro.

Entre os destaques das receitas está um aumento de R$ 2,3 bilhões nos ganhos com Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e de R$ 6,2 bilhões na arrecadação líquida para a Previdência Social. Por outro lado, houve redução de R$ 2,2 bilhões na arrecadação de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

No acumulado de janeiro a setembro, o governo central registrou um déficit primário de R$ 100,385 bilhões. No mesmo período em 2024, foi registrado um saldo negativo de R$ 103,573 bilhões.

Nos primeiros nove meses do ano, houve alta real de 3,5% na receita líquida do governo, ao passo que as despesas totais subiram 2,8% em comparação ao mesmo período de 2024.

No acumulado dos últimos 12 meses, o governo registrou um déficit de R$35,6 bilhões, equivalente a 0,32% do PIB.

A meta de resultado primário para 2025 é de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB), o que corresponde a cerca de R$ 31 bilhões.

Centro da meta

Em entrevista à imprensa, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que seria impossível prever no relatório fiscal bimestral de novembro a busca pelo centro da meta de déficit zero de 2025, e não o piso da margem de tolerância como tem sido feito.

O secretário afirmou que com pouco mais de um mês para o fechamento do ano, não haveria verbas de ministério disponíveis para um contingenciamento que levasse as projeções ao centro do alvo.
Neste mês, o Tribunal de Contas da União (TCU) acatou um recurso do governo e suspendeu uma decisão anterior que obrigaria o Executivo Federal a buscar o centro da meta em 2025.

Ceron afirmou que o resultado fiscal acumulado tem se comportado de forma consistente com o atingimento da meta de déficit zero neste ano, considerando a tolerância.

O secretário ainda disse que o projeto de lei aprovado na última quarta-feira (29) pela Câmara com medidas fiscais que haviam sido derrubadas anteriormente pode gerar R$10 bilhões por ano em ampliação de receitas, além de uma previsão de corte de gastos estimada inicialmente em R$15 bilhões, mas que ainda pode ser revisada.

Entre as medidas incorporadas no projeto, que originalmente tratava da criação de um regime para atualização de valor de veículos e imóveis, está a restrição a compensações tributárias e a limitação da despesa federal com a compensação financeira entre regimes de Previdência. O texto ainda passará por análise final do Senado.

Reportagem distribuída pela Reuters

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