Governo deve aumentar teto de juros do consignado, afirma o BB

Rio de Janeiro – O Banco do Brasil (BB) avalia que o governo deve subir o teto de juros da modalidade consignado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por conta da alta da Selic –a taxa básica de juros subiu de 10,50% para 11,25% nos últimos meses e a expectativa do mercado é que se aproxime dos 13% em 2025.
O atual teto foi definido pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) em maio, quando a Selic ainda estava em trajetória de queda. Recentemente, segundo bancos privados, a operação deixou de ser rentável, o que os levou a reduzir a oferta da rentabilidade.
A presidente o Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, afirma que esse não é o caso da estatal no momento, que visa, inclusive, expandir essa oferta de crédito.
“Caso o patamar não dê rentabilidade, vamos conversar com o Ministério da Previdência Social para ajustar o teto conforme a necessidade”, disse Tarciana Medeiros a jornalistas, ao comentar o balanço do banco referente ao terceiro trimestre de 2024.

“Eles já devem estar prestando atenção nisso, porque daqui a pouco, realmente, a tendência vai ser todos os bancos fecharem a oferta”, completou a presidente do BB.
A próxima reunião do Conselho Nacional de Previdência Social está marcada para 28 de novembro.
O crédito consignado é um empréstimo feito por aposentados e pensionistas do INSS com desconto direto no benefício. É possível comprometer até 45% da renda mensal -35% com o empréstimo pessoal, 5% com o cartão de crédito e 5% com o cartão de benefício- e pagar as parcelas em até 84 meses (sete anos).
Essa modalidade representa 42,2% dos empréstimos do BB a pessoas físicas, e alcançou R$ 137,2 bilhões em setembro, um aumento de 11,2% em relação ao mesmo mês de 2023.
Quase todas as operações de consignado (97,5%) do banco realizadas com servidores públicos e aposentados ou pensionistas, o que a torna mais segura e estável.
“É uma carteira de crédito que nós crescemos e nós vamos continuar investindo, e que tem um custo diferente para nós em relação a bancos que precisam distribuir o consignado através de correspondentes bancários”, diz Tarciana.
Resultado
O Banco do Brasil registrou um lucro líquido ajustado de R$ 9,5 bilhões no terceiro trimestre deste ano, com alta anual de 8,3% e trimestral de 0,1%. O resultado veio em linha com a média de estimativas de analistas consultados pela Bloomberg, de R$ 9,363 bilhões.
A margem financeira bruta do BB no período foi de R$ 25,87 bilhões, um acréscimo de 9,3% em 12 meses e de 1,3% em 3 meses.
O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), que mede a rentabilidade do banco foi de 21,1% entre julho e setembro, leve queda de 0,14 ponto percentual ante o mesmo intervalo de 2023 e declínio de 0,46 ponto percentual em relação ao trimestre imediatamente anterior.
A carteira de crédito total do banco encerrou setembro com um saldo de R$ 1,2 trilhão, 13% maior que no ano anterior e 1,9% maior que em junho.
O indicador de inadimplência subiu de 3% no segundo trimestre de 2024 para 3,33%, na contramão do mercado. No entanto, o índice de cobertura caiu de 191,3% para 177,6% no mesmo intervalo.
Já a Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) aumentou 34% em relação ao ano passado e 29% na comparação trimestral, para R$ 10,1 bilhões. Ou seja, o banco espera levar mais calotes.
Os empréstimos e financiamentos ao agronegócio, carro-chefe do BB, atingiram o saldo de R$ 386,6 bilhões em setembro, crescimento de 3,1% no trimestre e 13,7% na comparação anual.
No primeiro trimestre da safra 2024/2025, o banco já desembolsou R$ 63,4 bilhões em crédito ao agronegócio e R$ 11 bilhões desembolsados na cadeia de valor do agro, totalizando R$ 74,4 bilhões. Segundo a estatal, foram mais de 200 mil operações contratadas no período em mais de 4,8 mil municípios em todo o País, sendo 69,8% destinadas a agricultura familiar (Pronaf) e médios produtores (Pronamp).
Reportagem distribuída pela Folhapress
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