Governo estima crescimento do PIB em 2,7%

Brasília – A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia elevou a projeção para o crescimento da economia este ano, enquanto a estimativa para a inflação teve recuo. As projeções estão no Boletim MacroFiscal divulgado ontem.
A estimativa para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 2% para 2,7%, em relação ao boletim divulgado em julho, reflexo do aumento do emprego, do desempenho do setor de serviços e da elevação da taxa de investimento.
“A revisão altista para a atividade econômica em 2022 se deve principalmente ao resultado do PIB do segundo trimestre – crescimento de 1,2% na margem – superior ao estimado e à tendência positiva dos indicadores já divulgados para o terceiro trimestre de 2022”, informou a SPE.
No primeiro semestre, o indicador acumula alta de 2,5%. Em 2021, o PIB do Brasil cresceu 4,6%, totalizando R$ 8,7 trilhões.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
De acordo com o Ministério da Economia, houve expansão no mercado de trabalho, com a taxa de desocupação caindo para 9,1% no trimestre encerrado em julho e o contingente de pessoas ocupadas chegando a quase 100 milhões, um recorde na série histórica, iniciada em 2012. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No âmbito dos investimentos, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 4,8% em relação ao trimestre anterior na última divulgação das contas nacionais. E, segundo dados do IBGE, os indicadores do setor de serviços tiveram expansão anualizada de quase 4,5% nos últimos três trimestres.
Perspectivas
O Ministério da Economia espera a continuidade do crescimento da atividade ao longo deste segundo semestre. “As primeiras divulgações para o mês de julho sugerem que indústria, serviços e mercado de trabalho continuam crescendo. As séries de confiança confirmam as expectativas positivas para o terceiro trimestre de 2022, com expansão disseminada nos diversos setores”, diz a SPE.
Entretanto, as estimativas pressupõem alguma desaceleração da economia ao longo desse período em razão de riscos externos, como a desaceleração do crescimento global e os impactos da guerra na Ucrânia. Nesse contexto adverso, houve uma revisão das taxas de crescimento dos países desenvolvidos e emergentes que ajudam a compor o cenário básico para as projeções.
“O cenário básico para a projeção da atividade nesta grade de parâmetros pressupõe, como hipótese importante, um crescimento moderado para 2023 das economias desenvolvidas e emergentes de 1,1% e 4,4%, respectivamente. Isso indica que, segundo o consenso de mercado, deverá ocorrer uma desaceleração da atividade econômica nos países desenvolvidos, mas uma aceleração do crescimento para os emergentes, quando comparado às últimas estimativas para 2022. Deve-se destacar que o cenário básico não considera uma recessão global, com efeitos negativos nos termos de troca e nas condições financeiras locais”, diz o boletim.
Para os próximos anos, de 2023 a 2026, a estimativa de crescimento do PIB brasileiro se manteve em 2,5%.
Inflação
A projeção de inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2022 recuou de 7,2% para 6,3%. Mas ainda está acima da meta de inflação para o ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional em 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2% e o superior é 5%.
No ano, o IPCA já acumula alta de 4,39% e, em 12 meses, o índice total está em 8,73%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado para estabelecer o valor do salário mínimo, deverá encerrar este ano com variação de 6,54%, segundo a previsão da SPE, queda de 0,87 ponto percentual em relação ao boletim anterior. A projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que inclui também o setor atacadista e o custo da construção civil, além do consumidor final, é de 9,44%, abaixo da variação verificada na grade anterior, de 11,51%, e inferior à taxa registrada em 2021, de 17,74%.
Reajuste do salário mínimo pode ser menor em 2023
Brasília – O Ministério da Economia reduziu a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) deste ano de 7,41% para 6,54%. Com o recuo, o reajuste do salário mínimo pode ser menor em 2023.
O INPC é o índice usado na correção do piso nacional do salário mínimo, de benefícios previdenciários, assistenciais e de despesas como abono salarial e seguro-desemprego.
O salário mínimo hoje é de R$ 1.212. Considerando a nova inflação projetada ao governo, o valor do salário mínimo de 2023 iria para R$ 1.292, o que representa R$ 10 a menos do que a previsão de R$ 1.302 feita no Projeto da Lei Orçamentária Anual (Ploa) encaminhado ao Congresso Nacional.
A cifra também ficou abaixo dos R$ 1.294 estimados em abril, quando o governo apresentou o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
O valor efetivo do salário mínimo em 2023 só será conhecido no fim do ano, quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) editar a MP com o novo piso nacional.
O chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos, Rogério Boueri, evitou fazer estimativas na entrevista coletiva de ontem sobre os novos parâmetros macroeconômicos do governo.
“A projeção de salário mínimo não é parte do que a gente faz na grade, é uma decisão que vem por decreto. Não divulgamos esse número, esse número não é público”, disse.
Nas últimas semanas, as projeções para a inflação de 2022 foram revisadas para baixo, puxadas pela redução de tributos sobre combustíveis.
No fim de junho, o Congresso fixou um teto de 17% a 18% para a cobrança de ICMS sobre preços de combustíveis, energia elétrica, transportes e telecomunicações, além de ter aprovado um corte de tributos federais sobre gasolina e etanol.
“A deflação dos últimos meses reflete principalmente a redução dos preços dos itens monitorados, como combustíveis, porém também observamos uma certa estabilização da inflação de serviços e de alimentação no domicílio”, afirmou Boueri.
O governo prevê em 2023 um reajuste do salário mínimo sem aumento real pelo quarto ano seguido.
O piso nacional foi elevado acima da inflação pela última vez no início de 2019, em um decreto assinado por Bolsonaro, seguindo a política de valorização aprovada em lei ainda no governo Dilma Rousseff (PT).
No entanto, desde 2019, o governo tem optado por apenas recompor a variação do INPC, ajuste obrigatório para garantir a manutenção do poder de compra dos trabalhadores.
“Quando a gente olha o princípio constitucional de manter o poder de compra no salário mínimo, quando a inflação é maior, o reajuste do salário mínimo tende a ser maior também”, disse Boueri. (Nathalia Garcia/Folhapress)
Banco Mundial alerta para uma possível recessão global
Washington – O mundo pode estar se aproximando de uma recessão global conforme bancos centrais aumentam simultaneamente as taxas de juros para combater a inflação persistente, disse o Banco Mundial ontem.
As três maiores economias do mundo — Estados Unidos, China e zona do euro — estão em desaceleração acentuada, e mesmo um “golpe moderado na economia global no próximo ano pode levá-la à recessão”, apontou o banco em um novo estudo.
“O crescimento global está desacelerando acentuadamente, com probabilidade de mais desaceleração à medida que mais países entram em recessão”, disse o presidente do Banco Mundial, David Malpass. Ele acrescentou preocupação de que essas tendências persistam, com consequências devastadoras para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento.
As atuais altas sincronizadas das taxas de juros globais e as ações de política monetária relacionadas provavelmente continuarão no próximo ano, mas podem não ser suficientes para trazer a inflação de volta aos níveis vistos antes da pandemia de Covid-19, disse o banco.
A menos que as interrupções no fornecimento e as pressões do mercado de trabalho diminuam, o núcleo da inflação global, que exclui os custos de energia, pode permanecer em cerca de 5% em 2023, quase o dobro da média de cinco anos antes da pandemia.
Para reduzir a inflação, os bancos centrais podem precisar aumentar as taxas de juros em mais 2 pontos percentuais, além do aumento de 2 pontos percentuais já visto, na média, em 2021, disse o Banco Mundial.
Mas ajuste de tal magnitude, somado ao estresse do mercado financeiro, desaceleraria o crescimento do Produto Interno Bruto global para 0,5% em 2023, ou uma contração de 0,4% em termos per capita, o que atenderia à definição técnica de uma recessão global, acrescentou a instituição.
Malpass disse que os formuladores de política monetária devem mudar seu foco da redução do consumo para o aumento da produção, o que inclui esforços para gerar investimentos adicionais e ganhos de produtividade.
O estudo sugeriu que os bancos centrais poderiam combater a inflação sem desencadear uma recessão global ao comunicarem claramente suas decisões de política monetária, enquanto autoridades deveriam implementar planos fiscais confiáveis de médio prazo e continuar a fornecer alívio direcionado a famílias vulneráveis. (Reuters)
Ouça a rádio de Minas