Finanças

Governo reduz alta do PIB a 0,02% com pandemia

Governo reduz alta do PIB a 0,02% com pandemia
Crédito: Marcos Santos/USP Imagens

Brasília – O Ministério da Economia anunciou, na sexta-feira (20), corte na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 a 0,02%, ante alta de 2,1% indicada há dez dias, em uma mostra da rápida deterioração das expectativas em meio ao avanço do coronavírus e seu dramático impacto na economia.

Apesar da forte revisão, o dado ainda está mais otimista que o divulgado por uma série de instituições financeiras que refizeram suas contas, com boa parte delas prevendo uma contração da economia neste ano.

Na sexta-feira, a FGV estimou que o PIB poderá recuar 4,4% em 2020. O Banco Fator projetou recentemente um tombo de até 3,6% da atividade, enquanto JP Morgan e Bank of America passaram a ver uma retração de 1% e 0,5%, respectivamente.

Na mais recente pesquisa Focus, que reflete dados coletados há uma semana, a expectativa do mercado ainda era de crescimento de 1,68% do PIB.

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Em nova grade de parâmetros, o time econômico agora vê alta de 3,05% do IPCA neste ano, contra percentual de 3,12% antes.

Já a projeção para o preço médio do petróleo Brent caiu a US$ 41,87 por barril, contra patamar de US$ 52,70 divulgado na semana passada. Para o dólar em final de período, a estimativa agora é de R$ 4,35, sobre R$ 4,20 antes.

No primeiro relatório bimestral de receitas e despesas, também divulgado na sexta-feira, o governo reduziu a expectativa de receita líquida de transferências em R$ 31,222 bilhões em relação ao total calculado no Orçamento, a R$ 1,324 trilhão.

Esse dado, contudo, não considerou os novos parâmetros macroeconômicos, mas os antigos, anunciados em 11 de março. Por conta disso, a previsão não reflete a deterioração já vista pelo governo em relação a variáveis que impactam diretamente sua arrecadação.

Para as despesas no ano, em análise também baseada em parâmetros antigos, o governo elevou seu cálculo em R$ 6,331 bilhões, a R$ 1,486 trilhão.

Com isso, a equipe econômica indicou que, caso houvesse necessidade de cumprimento da meta de déficit primário estabelecida em lei para este ano – de um rombo de R$ 124,1 bilhões para o governo central -, seria necessário congelar as despesas em R$ 37,5 bilhões.

Nesta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, já havia indicado que o contingenciamento requerido ficaria por volta de R$ 40 bilhões, o que considerou inviável dado o cenário desafiador colocado pela necessidade de enfrentamento ao coronavírus, tanto em termos de saúde pública, como em termos econômicos.

Por isso, o governo encaminhou ao Congresso um pedido de estado de calamidade pública, que o dispensa da necessidade de cumprimento da meta fiscal deste ano, o que abre caminho para que eleve gastos. O pedido já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e também pelo Senado. (Reuters)

FGV estima contração de 4,4% para o País

São Paulo – A economia brasileira poderá ter contração de 4,4% em 2020 sob efeito dos impactos da crise do novo coronavírus, estimou a Fundação Getulio Vargas (FGV), com riscos de a atividade ainda sentir efeitos negativos “significativos” até 2023.

Essa previsão é resultado de cálculo considerado mais “realista” pela FGV, que, baseado em modelos econométricos, leva em conta os mecanismos de propagação doméstico e externo operando simultaneamente.

Esse cenário reflete a junção de outros dois. O primeiro simula impactos como os vistos durante a greve dos caminhoneiros de meados de 2018. Nesse caso, a variação do PIB em 2020 seria zero. “Tal cenário é muito improvável, sendo visto como piso para os efeitos da atual crise”, disse a FGV no estudo.

Já o segundo cenário considera um quadro em que apenas o canal externo da crise está operante, com a magnitude baseada em informações dos eventos da crise financeira global de 2008. O PIB cairia 2,5% em 2020 nessa conta.

A junção desses dois cenários, com impacto aumentado, é o que a FGV classifica como “mais realista”.

“Premissas bem razoáveis sobre como estes dois canais operarão no Brasil sugerem que a crise terá um custo econômico bastante alto”, afirmou a instituição. “Este custo será tão menor quanto mais rápido houver uma normalização nos principais mercados internacionais e quanto melhor o governo brasileiro, nos seus diversos níveis, mostrar-se capaz de gerir a crise de contágio doméstico”, acrescentou.

“O caráter altamente não linear da epidemia mostra que medidas corretas e tempestivas devem ser tomadas para evitar uma perda de bem-estar muito grande”, finalizou a FGV.

Várias instituições financeiras têm revisado para baixo suas projeções para a economia neste ano, com boa parte prevendo retração do PIB. Pela mais recente pesquisa Focus, o mercado ainda esperava crescimento de 1,68%. (Reuters)

Economistas já veem recessão global

Bengaluru – A economia global já está em recessão, conforme o impacto sobre a atividade econômica da pandemia de coronavírus se tornou mais generalizado, de acordo com economistas consultados pela Reuters em meio a uma série de ações de estímulos de bancos centrais nesta semana.

A disseminação da doença causada pelo vírus, a Covid-19, tem levado os mercados financeiros a entrarem em parafuso a despeito de algumas das maiores medidas de estímulo desde a crise financeira anunciadas por dezenas de bancos centrais na Europa, Américas, Ásia e Austrália.

O pânico ficou evidente em ações, títulos, ouro e preços de commodities, sublinhando as expectativas de graves danos econômicos decorrentes do surto de coronavírus.

Mais de três quartos dos economistas das Américas e da Europa entrevistados nesta semana, 31 de 41, disseram que a atual expansão econômica global já havia terminado, em resposta a uma pergunta sobre se a economia global já estava em recessão.

“Na semana passada, concluímos que o choque Covid-19 produzirá uma recessão global à medida que quase todo o mundo sofrerá contração entre fevereiro e abril”, observou Bruce Kasman, chefe de pesquisa econômica global do JP Morgan.

“Não há mais dúvida de que a maior expansão global já registrada terminará neste trimestre. A questão chave agora é medir a profundidade e a duração da recessão de 2020”.

As previsões de crescimento para os piores cenários estimadas há apenas algumas semanas em alguns casos já estão no cenário central para economistas do setor privado nas pesquisas da Reuters.

“As notícias em evolução sobre a Covid-19 provocaram ‘saltos de previsão’, com economistas e estrategistas diminuindo repetidamente suas previsões. Entre as três grandes economias, os Estados Unidos e a zona do euro terão um crescimento negativo, enquanto se espera que o crescimento da China chegue a 1,5% “, disse Ethan Harris, chefe de economia global do BofA.

A perspectiva é de que a economia global aumentará 1,6% este ano, quase metade dos 3,1% previstos na pesquisa de janeiro e a mais fraca desde a crise financeira global de 2007 a 2009. As previsões para o PIB global para 2020 variaram de -2,0% a + 2,7%.

“Consistente com isso, nossos economistas agora esperam recessões na Europa, Japão, Canadá e possivelmente nos Estados Unidos”, afirmou a equipe de pesquisa econômica do Goldman Sachs. (Reuters)

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