Ibovespa avança e renova recordes com iminente redução de juros nos EUA

O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (15), renovando máximas históricas e voltando a rondar os 144 mil pontos, embalado principalmente pela expectativa de queda nos juros dos Estados Unidos nesta semana, enquanto números de atividade econômica no Brasil favoreceram apostas de corte da Selic no começo de 2026.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,9%, a 143.546,58 pontos, novo recorde para fechamento, tendo marcado 144.193,58 pontos na máxima do dia, renovando também o topo histórico intradia. Na mínima, ficou em 142.292,21 pontos. O volume financeiro somou R$17 bilhões.
O Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve divulga na quarta-feira, às 15h de Brasília, decisão de política monetária, com as apostas no sentido de um corte de 0,25 ponto percentual na taxa atual, que está em uma faixa de 4,25% a 4,50%.
O desfecho da reunião de dois dias será acompanhado das projeções econômicas da autoridade monetária e seguido pela coletiva à imprensa do chair do BC norte-americano, Jerome Powell, às 15h30.
“Isso pode ajudar a manter a autoestima no mercado brasileiro”, afirmou Felipe Paletta, estrategista da EQI Research.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou com acréscimo de 0,47%, renovando máximas históricas, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA recuou a 4,0356%.
No Brasil, a semana também tem decisão de juros, mas com expectativa de que o Banco Central mantenha a taxa Selic em 15% ao ano. Investidores devem voltar as atenções para o comunicado da decisão, analisando a visão do BC sobre a atividade e a inflação no país em busca de sinais sobre os próximos movimentos.
Nesta segunda-feira, o IBC-Br, calculado pelo BC e visto como um sinalizador do PIB, mostrou retração de 0,5% em julho ante o mês anterior, segundo dado dessazonalizado, ante previsão de recuo de 0,2%. Em paralelo, a pesquisa Focus mostrou queda nas projeções para a inflação neste ano e para a Selic em 2026.
“A composição dos indicadores de atividade aponta para uma desaceleração consistente com o atual ciclo de política monetária”, afirmou a analista de macroeconomia Sara Paixão, da InvestSmart XP.
“Esse contexto, somado à expectativa de retomada dos cortes de juros nos Estados Unidos, à valorização do real frente ao dólar e à melhora nas projeções de inflação, reforça a perspectiva de início do ciclo de corte da Selic pelo Copom no começo de 2026”, acrescentou.
“Há um mercado bastante alinhado e comprando cada vez mais essa tese de juros em queda no Brasil”, reforçou o estrategista da EQI, destacando o efeito do IBC-Br na curva futura de juros, que reverberou na bolsa paulista.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC anuncia sua decisão também na quarta-feira, mas após o fechamento do mercado.
“Os riscos aumentaram na direção de um corte antecipado ainda em 2025, o que pode ocorrer caso se verifique uma valorização ainda mais expressiva da taxa de câmbio ou uma desaceleração mais acentuada da atividade”, afirmaram economistas do Itaú Unibanco chefiados por Mario Mesquita.
“Em contrapartida, uma revisão expressiva no hiato do produto pelo Banco Central em direção a uma atividade mais aquecida poderia atenuar os riscos de uma flexibilização antecipada, algo que nos parece menos provável dadas as informações recentes sobre o ritmo de atividade econômica.”
Destaques
– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 1,66%, BRADESCO PN valorizou-se 1,19% e SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 0,49% — após perdas na semana passada de 2,4%, 2,55% e 1,8%, respectivamente. BANCO DO BRASIL ON, que fechou a semana passada com ganho acumulado de 5,5%, cedeu 2,2%. O índice do setor financeiro avançou 0,88%, apoiado ainda por B3 ON, em alta de 3,24%.
– VALE ON avançou 0,88%, mesmo com a fraqueza dos preços do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian fechou as negociações diurnas com decréscimo de 0,31%. Analistas do BTG Pactual elevaram o preço-alvo dos ADRs (recibos de ações negociados nos EUA) da mineradora para US$ 11, de US$ 10, mantendo recomendação neutra.
– PETROBRAS PN subiu 0,87%, passando a acompanhar a alta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril sob o contrato Brent fechou com elevação de 0,67%. A petrolífera anunciou no final da sexta-feira que concluiu a aquisição de uma participação de 27,5% no consórcio do bloco 4 de São Tomé e Príncipe, de acordo com comunicado ao mercado.
– ELETROBRAS ON avançou 3,02%, endossada por analistas do Itaú BBA, que reiteraram recomendação “outperform” para as ações e elevaram o preço-alvo para R$ 63,30, de R$ 54,90. “A empresa atualmente oferece uma das assimetrias de valorização mais atrativas em nossa cobertura (no setor elétrico), podendo também se tornar uma das melhores pagadoras de dividendos do setor”, afirmaram Fillipe Andrade e equipe em relatório.
– YDUQS ON subiu 6,72%, acompanhada pela rival COGNA ON, que encerrou em alta de 4,45%, com o alívio nas taxas dos DIs referendando uma recuperação dos papéis, após quedas mais expressivas na semana passada, de cerca de 8% e 5%, respectivamente.
– MAGAZINE LUIZA ON valorizou-se 7,41%, encontrando suporte também no movimento da curva de juros para ampliar ainda mais o ganho desde agosto. Após fechar o oitavo mês do ano com alta de 16%, as ações do Magalu já acumulam uma elevação de cerca de 29% em setembro. Nesta sessão, o índice do setor de consumo na B3 subiu 0,63%.
– RD SAÚDE ON perdeu 3,93%, tendo como pano de fundo a notícia de que a rival Pague Menos avalia uma potencial oferta de ações. O plano que está sendo avaliado contempla uma oferta subsequente de distribuição primária de ações da rede de farmácias e secundária de ações de titularidade de fundos geridos pela General Atlantic, com valor aproximado de R$ 250 milhões. PAGUE MENOS ON, que não está no Ibovespa, encerrou com declínio de 4,45%.
– NATURA ON avançou 2,17%, em pregão com anúncio da empresa de que fechou acordo para a venda das operações da Avon na Guatemala, Nicarágua, Panamá, Honduras, El Salvador e República Dominicana (Avon Card) para o Grupo PDC. A operação contempla o pagamento de US$ 1 acrescido de um recebível de US$ 22 milhões da Avon Guatemala à subsidiária integral da Natura no México. A empresa reforçou que segue explorando alternativas para a Avon Internacional.
Conteúdo distribuído por Reuters
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