Finanças

Ibovespa fecha estável, mas tem queda semanal com fiscal no radar

O índice de referência do mercado acionário brasileiro fechou com variação negativa de 0,03%, a 127.616,46 pontos
Ibovespa fecha estável, mas tem queda semanal com fiscal no radar
Foto: Amanda Perobelli / Reuters

São Paulo – O Ibovespa devolveu os ganhos do dia para encerrar próximo da estabilidade nesta sexta-feira, com agentes financeiros apontando que o anúncio de contingenciamento de gastos pelo governo traz alívio sobre a questão fiscal, mas pode não ser o suficiente.

O indicador também sofreu pressão do cenário externo, em sessão ainda marcada por uma falha tecnológica que afetou serviços em diferentes países do mundo e por vencimento de opções sobre ações na bolsa paulista.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou com variação negativa de 0,03%, a 127.616,46 pontos, acumulando perda de 0,99% na semana — o primeiro recuo semanal do mês e após quatro semanas positivas.

No melhor momento do pregão, o Ibovespa chegou a 128.360,05 pontos. No pior, foi a 127.412,84 pontos. O volume financeiro na bolsa somou R$ 22,03 bilhões.

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O anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quinta-feira, de que o governo fará uma contenção de R$ 15 bilhões no Orçamento deste ano com o objetivo de cumprir as exigências do arcabouço fiscal trouxe certo alívio aos ativos brasileiros no início da sessão — mas que não perdurou –, após o Ibovespa recuar mais de 1% na véspera.

“O anúncio foi positivo, mostra o início de uma sinalização de comprometimento com o arcabouço, mas não sei se ele vai ser suficiente, então a gente precisa entender na segunda-feira, (com) a divulgação do relatório”, afirmou a estrategista de renda variável Mônica Araújo, da InvestSmart, referindo-se ao relatório bimestral de receitas e despesas, que será divulgado pela equipe econômica do governo na próxima semana.

O relatório avalia o risco de descumprimento de regras fiscais no ano e detalha as necessidades de travar despesas.

Nos Estados Unidos, as bolsas ampliaram movimento de queda, em meio a uma falha em um sistema digital que causou interrupção de serviços em uma série de setores ao redor do mundo e aumentou a incerteza em um mercado já ansioso.

“Se a gente tivesse um ambiente externo mais acomodado, não tão avesso a risco, talvez o impacto (do anúncio de congelamento de gastos) nos mercados… fosse mais significativo”, acrescentou a analista da InvestSmart.

Para a próxima semana, no Brasil, a temporada de resultados do segundo trimestre começa a ganhar força, em meio a recesso parlamentar no Congresso — que vai até 31 de julho. Lá fora, as atenções seguem em torno da disputa presidencial norte-americana, dos balanços corporativos e da trajetória dos juros nos EUA.

Destaques

  • VALE mostrou decréscimo de 0,08%, uma breve recuperação após queda mais acentuada, que acompanhou o declínio nos preços futuros do minério de ferro. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou com declínio de 0,19% no dia e perda de 2,54% em relação ao preço de fechamento da última sexta-feira. A mineradora disse na véspera que retomou as operações da planta de processamento de Salobo 3, no Pará, além de ter reiterado guidance de produção de cobre para 2024.
  • ELETROBRAS ON fechou com queda de 1,38%, o terceiro pregão seguido no vermelho. A companhia de energia fixou o preço de sua oferta de ações que detém da transmissora ISA Cteep em 23,50 reais por ação, em operação que movimentou ao todo R$ 2,185 bilhões. ISA CTEEP PN cedeu 3,12%. Ainda no setor, CEMIG PN recuou 3,48% e ENEVA ON perdeu 2,1%.
  • PETROBRAS PN encerrou com variação positiva de 0,42%, apesar de fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou a US$ 82,63, queda de 2,91%.
  • EMBRAER ON avançou 1,14%, em nova sessão de alta para a ação da fabricante de aviões, tendo como pano de fundo evento do governo onde foi anunciado financiamento à exportação de 32 jatos comerciais E175 da Embraer para a American Airlines, em um contrato de R$ 4,5 bilhões via BNDES. O presidente do banco de fomento, Aloizio Mercadante, disse o evento que a Latam e a Gol estão “bem avançadas” em discussões para incorporarem aviões da Embraer em suas frotas.
  • SABESP ON subiu 3,51%, a R$ 84,9, após precificar na noite de quinta-feira seu follow-on a R$ 67 por ação. O valor foi o mesmo ofertado pela Equatorial Energia por papel para se tornar acionista de referência da empresa e representa um desconto de 21% em relação ao fechamento desta sexta-feira. No total, a companhia de saneamento do Estado de São Paulo levantou R$ 14,8 bilhões. A liquidação da operação está marcada para segunda-feira. Nesta sexta, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, rejeitou pedido feito pelo PT para suspender o processo de privatização da Sabesp.
  • AZUL PN avançou 2,32%, em uma recuperação da forte queda na véspera, quando perdeu 7,87%. A companhia aérea informou nesta sexta-feira que, devido a “intermitência no serviço global do sistema de gestão de reservas”, alguns voos podem sofrer “atrasos pontuais”, em um episódio que ocorre em meio a uma falha cibernética que afetou vários serviços ao redor do mundo.
  • ITAÚ UNIBANCO PN avançou 0,76%, entre os principais suportes positivos para o Ibovespa, enquanto BRADESCO PN fechou com queda de 0,56%, na ponta oposta. Ainda no setor, BANCO DO BRASIL ON caiu 0,29% e SANTANDER BRASIL UNIT registrou acréscimo de 0,66%.
  • CCR ON caiu 1,19%. Mais cedo, a companhia anunciou junto ao BNDES que o banco de fomento subscreveu a totalidade de uma emissão de R$ 9,41 bilhões em debêntures incentivadas pela companhia, cujos recursos serão usados em obras nas rodovias Presidente Dutra e BR 101-RJ/SP. Além do montante, o banco também concedeu linha de financiamento de R$ 1,34 bilhão para o grupo na modalidade chamada Finem.

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