Ibovespa fecha em alta com Rede D’Or em destaque após dividendos; Braskem recua
O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (15), superando 163 mil pontos na máxima, com Rede D’Or entre os maiores ganhos após anúncio de dividendos, enquanto Braskem caiu mais de 2% tendo no radar acordo envolvendo a participação da Novonor.
Investidores também repercutiram dados mais fracos sobre a atividade econômica brasileira, enquanto seguem calibrando apostas para o começo de um aguardado ciclo de cortes de juros no país no próximo ano.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,07%, a 162.481,74 pontos, chegando a 163.073,14 pontos na máxima e marcando 160.766,37 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou R$ 23,68 bilhões.
Na visão da estrategista Aline Cardoso, do Santander, a bolsa brasileira “entrou claramente em território de ‘bull-market'”.
Em relatório enviado a clientes com data de domingo, ela destacou que, após a forte queda e o noticiário de 5 de dezembro de 2026, o Ibovespa já recuperou cerca de metade dos pontos que havia perdido naquele dia.
Naquela sexta-feira, o Ibovespa superou 165 mil pontos pela primeira vez na sua história no melhor momento, mas virou e fechou abaixo dos 158 mil, após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se lançar candidato para a eleição presidencial em 2026.
“Um dos sinais mais claros de um verdadeiro ‘bull market’ é quando surpresas negativas provocam apenas correções leves, pois os compradores entram rapidamente para aproveitar qualquer fraqueza dos preços”, afirmou Cardoso.
“Em períodos ‘bullish’, os investidores tendem a olhar além das manchetes negativas, o que limita as quedas e sustenta um ambiente favorável ao risco, mesmo quando as incertezas macroeconômicas ainda não foram totalmente resolvidas.”
Na agenda macro do dia, o IBC-Br, calculado pelo Banco Central e considerado um sinalizador do PIB, encolheu 0,2% em outubro ante setembro, em dado dessazonalizado. Previsões compiladas em pesquisa da Reuters apontavam alta de 0,10%.
O número corrobora a tese de desaceleração da economia, que — combinada com números melhores sobre a inflação — vem apoiando a aposta dos que veem espaço para o BC começar a cortar a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, em janeiro.
Para o analista Nícolas Merola, da EQI Research, a bolsa também segue referendada pelas expectativas envolvendo a política monetária norte-americana, em especial após o “tom um pouco mais dovish” do Federal Reserve na semana passada.
Nesse contexto, ele chamou a atenção para números dados da economia norte-americana previstos para a semana, que tiveram sua divulgação atrasada pelo “shutdown” nos Estados Unidos, incluindo o relatório do mercado de trabalho na terça-feira.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou com declínio de 0,16%, mas os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano mostraram alívio na sessão.
Destaques
– REDE D’OR ON avançou 4,71%, após seu conselho de administração aprovar mais de R$ 8 bilhões em remuneração a acionistas. “Interpretamos este anúncio sobre dividendos como uma indicação clara de que a administração espera uma continuidade de forte geração de caixa no curto prazo, mesmo considerando a expansão planejada”, afirmou o Itaú BBA.
– HAPVIDA ON subiu 4,01%, confirmando o terceiro pregão de alta após renovar mínimas históricas na semana passada. O papel vinha sofrendo desde a divulgação do balanço do terceiro trimestre, em meados de novembro. Após um tombo de mais de 40% no primeiro pregão após o resultado, a empresa anunciou um programa de recompra de ações com prazo de 18 meses.
– ISA ENERGIA BRASIL PN valorizou-se 4,49%, renovando máximas históricas, perto de R$29. Analistas do JPMorgan elevaram a recomendação da ação da transmissora de energia de “underweight” para “overweight” e o preço-alvo do papel de R$ 26,50 para R$ 30, citando mudanças regulatórias e decisões em processos judiciais entre os “upside risks”.
– BRASKEM PNA fechou em queda de 2,39%, revertendo o tom positivo da abertura, quando subiu 7,68%. A Novonor anunciou acordo que pode levar à venda do controle acionário da petroquímica para a IG4 Capital, que, por sua vez, fez acordo para comprar cerca de R$ 20 bilhões em dívidas da Novonor detidas por bancos e garantidas por ações da Braskem.
– BTG PACTUAL UNIT fechou em alta de 2,12%, em sessão positiva para bancos do Ibovespa. SANTANDER BRASIL UNIT avançou 3,1%, ITAÚ UNIBANCO PN subiu 1,51%, BRADESCO PN apurou elevação de 1,39% e BANCO DO BRASIL ON terminou com acréscimo de 1,43%.
– PETROBRAS PN avançou 0,35%, enquanto PETROBRAS ON cedeu 0,18%, em dia de queda dos preços do petróleo no exterior. A greve nacional de trabalhadores da Petrobras teve adesão até o momento de 16 plataformas de petróleo no litoral do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, além de seis refinarias, informou a Federação Única dos Petroleiros (FUP), em nota. A estatal divulgou mais cedo que as manifestações não afetavam a produção de petróleo e derivados.
– VALE ON subiu 0,61%, tendo como pano de fundo o declínio dos futuros do minério de ferro na China. O contrato mais negociado em Dalian encerrou a sessão do dia com queda de 0,92%. No setor de mineração e siderurgia, CSN MINERAÇÃO ON recuou 1,57% e CSN ON terminou o dia em baixa de 1,24%.
– SUZANO ON recuou 0,71%, no terceiro pregão seguido de queda, mesmo após notícia de que a companhia está comunicando clientes da China e do restante da Ásia sobre aumento imediato nos preços da celulose este mês de US$ 20 a tonelada. Analistas do BTG Pactual também cortaram o preço-alvo da ação de R$ 73 para R$ 62, citando uma realidade mais difícil.
Conteúdo distribuído por Reuters
Ouça a rádio de Minas