Ibovespa inicia 1ª semana de agosto no azul

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta na sexta-feira (6), assegurando uma performance positiva no acumulado da primeira semana de agosto, marcada por uma bateria de resultados corporativos, com destaque para Petrobras, mas também por aumento da tensão no ambiente político e do risco fiscal no Brasil.
Petrobras foi essencial para a performance da bolsa paulista nesta semana, com resultado bem acima das previsões do mercado, além de antecipação de dividendos, mas o mercado também recebeu positivamente números de outros nomes como Itaú Unibanco, Gerdau, JHSF e Totvs.
Mas nem todos agradaram. Bradesco terminou a semana com desempenho negativo, apesar da forte alta no lucro do segundo trimestre, com agentes financeiros focando as atenções no desempenho fraco da área de seguros do banco. Braskem também acumulou queda mesmo com lucro multibilionário.
Na cena política, o presidente Jair Bolsonaro continuou atacando ministros do STF e o sistema eleitoral no País, chegando a ameaçar reagir fora dos limites da Constituição, enquanto sofreu uma derrota na defesa do retorno do voto impresso e foi incluído como um dos investigados no inquérito das fake news.
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“O noticiário político está fervendo”, afirmou Leonardo Milane, sócio e economista da VLG Investimentos, ressaltando que os ataques de Bolsonaro ao TSE e os planos envolvendo os precatórios estão deixando o mercado estressado e atrapalhando um desempenho mais favorável da bolsa brasileira.
Ao mesmo tempo, o governo confirmou planos de parcelar o pagamento de precatórios – valores devidos pelo governo por derrotas definitivas na Justiça – para abrir espaço para mais despesas, incluindo aumento do Bolsa Família, movimento que o mercado considera um calote disfarçado e medida populista.
Outra sinalização negativa para a área fiscal veio com a aprovação pelo Senado de proposta que reabre um programa de regularização tributária no País, popularmente conhecido como Refis, que extrapola o que havia sido combinado com a equipe econômica.
Os primeiros dias de agosto ainda foram marcados pela aceleração do aperto monetário no País, com o Banco Central elevando a Selic em 1 ponto percentual na quarta-feira, para 5,25% ao ano, e indicando que deve repetir a dose em setembro diante das pressões inflacionárias.
Desempenho – Apesar da volatilidade, os números sobre o fluxo estrangeiro no segmento Bovespa mostraram saldo positivo de R$ 927 milhões nos três primeiros pregões da semana, segundo os dados mais recentes disponibilizados pela B3, após as saídas superarem as entradas em R$ 8,25 bilhões em julho.
A safra de ofertas de ações continuou movimentada, com destaque para Raízen, que realizou o maior IPO do ano no País, em operação que movimentou R$ 6,9 bilhões. Os papéis, porém, tiveram um desempenho fraco, acumulando queda de 4% desde a estreia na quinta-feira.
A B3 também divulgou na segunda-feira a primeira prévia do Ibovespa para o último quadrimestre do ano com as entradas de Alpargatas ON, Banco Inter PN, Banco Pan PN, Méliuz ON e Rede D’Or ON, totalizando 89 ativos de 85 empresas.
No exterior, os norte-americanos S&P 500, Nasdaq Composite e Dow Jones bateram recordes durante a semana, que fechou com números acima do esperado sobre a criação de empregos nos Estados Unidos, ajudando a amenizar preocupações com o aumento de casos de Covid-19 no país.
Na sexta-feira, o Ibovespa subiu 0,97%, a 122.810,36 pontos, acumulando alta de 0,83% na semana e no mês. No ano, avança 3,19%. O índice Small Caps fechou a sessão com acréscimo de 0,52%, a 2.936,14 pontos, mas recuo de 0,89% na semana e mês, ajustando o desempenho positivo em 2021 para 4,03%. O volume negociado no pregão somou R$ 24,1 bilhões. (Reuters)
Moeda norte-americana fecha sessão em R$ 5,23
São Paulo – O dólar subiu ante o real na sexta-feira (6) e acumulou alta ao fim de uma semana marcada pela rápida escalada de tensões fiscais e políticas no Brasil, com o cenário para o câmbio pressionado também por fortalecidas expectativas de que os EUA cortem oferta de dinheiro barato no mundo, o que pode gerar impacto em moedas emergentes como um todo.
O dólar à vista fechou em alta de 0,35%, a R$ 5,2343, depois de oscilar entre R$ 5,2763 (+1,15%) e R$ 5,2056 (-0,21%). Na semana, a cotação valorizou-se 0,50%. Em 2021, acumula alta de 0,82%.
No exterior, o dólar saltava 0,55%, puxado por fortes dados de emprego nos EUA que renovaram apostas de redução de estímulos pelo banco central norte-americano.
Num intervalo de apenas alguns dias, o mercado teve de lidar com sustos como novas pressões por aumento do Bolsa Família, estimativas de precatórios para 2022 na casa de R$ 90 bilhões, propostas entendidas como calote desses precatórios e discussão de um novo Refis que poderia pressionar mais os cofres do governo.
Além disso, a atribulação entre os Poderes parece ter chegado a seu momento mais agudo, com ataques explícitos do presidente Jair Bolsonaro a ministros do STF. Falas do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), na sexta-feira, ajudaram a amenizar no mercado o efeito da tensão em Brasília, mas a temperatura segue bastante elevada, com riscos ao andamento da agenda de reformas.
“Apenas está tudo muito ruim”, resumiu o gestor de uma grande instituição financeira em São Paulo. “O Guedes até pode tentar barrar o novo Refis, mas acho que não vai conseguir”, completou. O texto ainda precisa passar pela Câmara após ser aprovado pelo Senado.
A volatilidade do real, já a mais alta dentre as principais moedas emergentes, subiu ainda mais. O câmbio chegou a reagir positivamente na quinta-feira à dura retórica do Banco Central, que na noite anterior acelerou o passo de aumento de juros, melhorando a atratividade do real para investimentos. Mas os ganhos intradiários evaporaram com a forte instabilidade político-fiscal.
“Os riscos continuam na frente política. As manchetes negativas podem sobrepujar o fascínio do carry e levar o dólar a subir contra o real”, disse o Citi em nota a clientes, acrescentando que as carregadas posições locais favoráveis à moeda brasileira são outra fonte de preocupação. Para profissionais do banco, isso explica parte da realização de lucros vista na véspera e que impulsionou o dólar do meio do dia até o fechamento.
Por ora, os estrategistas do banco privado ainda veem o real performando bem em relação a divisas emergentes e mantêm recomendação de compra da moeda brasileira versus peso chileno.
Enquanto o real perde 0,82% ante o dólar no acumulado de 2021, ganha 9,9% frente ao peso chileno. (Reuters)
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