Ibovespa recua e fecha na mínima em mais de três meses com tarifas dos EUA

O Ibovespa fechou em queda pela terceira sessão seguida nesta segunda-feira (28), marcando uma mínima em mais de três meses em novo pregão com volume financeiro reduzido, sem sinais de mudanças nos planos dos Estados Unidos de adotar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir da sexta-feira.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,04%, a 132.129,26 pontos, menor patamar de fechamento desde 22 de abril, tendo marcado 131.550,39 pontos na mínima e 133.901,70 pontos na máxima do dia.
O volume financeiro somou R$ 17,64 bilhões, novamente abaixo das médias diárias do mês (R$ 20,58 bilhões) e do ano (R$ 24,26 bilhões).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta segunda-feira ao presidente norte-americano, Donald Trump, que reflita sobre a importância do Brasil e negocie a imposição de tarifas comerciais ao país. Mas, diferentemente de outras nações com quem Washington tem negociado e fechado acordos, não há qualquer sinal de conversa.
Na visão de analistas do BB Investimentos, o Ibovespa deve definir um rumo quando houver mais clareza em relação às tarifas, com o cenário atual também elevando no curto prazo a volatilidade de ações de empresas que exportam mais aos EUA, conforme relatório a clientes.
Com o desempenho desta segunda-feira, o Ibovespa agora acumula uma queda de 4,84% no mês, distanciando-se dos recordes registrados no começo de julho, quando chegou a ultrapassar 141 mil pontos durante o pregão.
Em Wall Street, o S&P 500 e o Nasdaq renovaram máximas após um acordo comercial entre os EUA e a União Europeia, com agentes também se preparando para uma semana decisiva com balanços, decisão do Federal Reserve e um prazo iminente para a imposição de tarifas.
De acordo com a equipe do BB Investimentos, a temporada de resultados do segundo trimestre no Brasil também deve seguir influenciando as expectativas. Nesta semana, Bradesco, Santander Brasil, CSN, Vale, Ambev, entre outros, divulgam balanços.
DESTAQUES
– VALE ON caiu 0,97%, tendo como pano de fundo a queda dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas com declínio de 1,75%. Em dia negativo no setor, CSN fechou em baixa de 4,42%.
– PETROBRAS PN valorizou-se 0,13%, endossada pela alta dos preços do petróleo no exterior, com barril do Brent, usado como referência pela estatal, fechando com ganho de 2,34%. A companhia anunciou corte do preço do gás natural para distribuidoras em 14%, em média, a partir de agosto.
– ITAÚ PN caiu 2,1%, após dados do Banco Central mostrarem queda em concessões de crédito em junho e inadimplência na máxima desde 2018. BRADESCO PN recuou 0,77%, BANCO DO BRASIL ON perdeu 1,48% e SANTANDER BRASIL UNIT desvalorizou-se 0,38%.
– BTG PACTUAL UNIT cedeu 2,21%, tendo no radar anúncio de que entrou no Uruguai com a aquisição das operações do HSBC no país por US$ 175 milhões (R$973 milhões), ampliando a presença na América Latina e reforçando a posição de maior banco de investimento na região.
– MAGAZINE LUIZA ON caiu 4,27%, com analistas do Citi reiterando venda/alto risco para a ação e reduzindo o preço-alvo de R$7,70 para R$ 6,80, com corte na previsão para o lucro de 2026 em 19%. “Os ventos contrários à demanda persistem enquanto a concorrência online piora”, afirmaram.
– AMBEV ON perdeu 3,04%, tendo como pano de fundo resultado trimestral da Heineken, no qual a companhia citou queda de um dígito baixo no volume de cerveja no Brasil no primeiro semestre e declínio orgânico de um dígito médio na receita líquida. A Ambev reporta seus números na quinta-feira.
– SÃO MARTINHO ON subiu 3,56%, com o JPMorgan reiterando “overweight” para a ação e estabelecendo em R$ 30 o preço-alvo do papel para o final de 2026, de R$28 para o final de 2025. “Parece barata demais para ser ignorada neste momento, especialmente considerando nosso otimismo em relação ao açúcar.”
– GRUPO ULTRA ON fechou em alta de 2,18%, mantendo o tom positivo do final da semana passada, quando analistas chamaram a atenção para dados de que a empresa ganhou participação de mercado em junho, e também com expectativa para o Programa Gás para Todos. VIBRA ON recuou 0,14%.
– WEG ON fechou em alta de 2,03%, experimentando mais um dia de trégua em meio à pressão vendedora na esteira de preocupações com os efeitos das tarifas norte-americanas e do resultado abaixo do esperado do segundo trimestre. No mês, a ação acumula um declínio de 13,73%.
– SÃO CARLOS ON <SCAR3.SA>, que não faz parte do Ibovespa, subiu 7,31%, após anunciar a venda de um portfólio de oito ativos de escritório por R$ 837,2 milhões para um novo fundo imobiliário.
Conteúdo distribuído por Reuters
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