Finanças

Ibovespa renova recorde acima de 164 mil pontos com perspectivas sobre corte de juros

Ibovespa avançou 1,67%, a 164.455,61 pontos
Ibovespa renova recorde acima de 164 mil pontos com perspectivas sobre corte de juros
Foto: Reuters/Amanda Perobelli

O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira (04), renovando máximas históricas, acima dos 164 mil pontos, em meio ao aumento de apostas de queda da Selic no começo em 2026, em um cenário que também contempla expectativas de continuidade do alívio monetário nos Estados Unidos.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 1,67%, a 164.455,61 pontos, novo recorde de fechamento. No melhor momento do dia, chegou a 164.550,77, novo topo intradia. Na mínima, marcou 161.759,12 pontos. O volume financeiro no pregão somou R$ 31,1 bilhões.

A bolsa paulista abriu com a notícia de que o PIB brasileiro cresceu 0,1% entre julho e setembro na comparação com os três meses imediatamente anteriores, o resultado mais fraco desde a retração de 0,1% vista nos três últimos meses de 2024. Economistas previam alta de 0,2%, conforme pesquisa da Reuters.

Na visão da economista-chefe da InvestSmart XP, Mônica Araújo, os números mostram que a política monetária restritiva está impactando o crescimento doméstico, mesmo que de forma mais lenta que o Banco Central esperava.

“Importante destacar que esse dado em conjunto com outros que mostram alguma desaceleração de demanda doméstica configuram um cenário estrutural que pode permitir que a partir de março de 2026 seja possível iniciar o processo de flexibilização da taxa Selic pelo comitê de política monetária”, afirmou.

Na curva de juros, contudo, as apostas embutiam uma possibilidade de mais de 80% de o BC reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual em janeiro. No final da quarta-feira, era 78%. A pesquisa Focus vem mostrado há semanas previsão de Selic a 14,75% em janeiro ante os 15% ao ano atuais.

As expectativas envolvendo a Selic somam-se a outros componentes que vêm sustentando o fôlego na bolsa paulista e renovando marcas recordes do Ibovespa, com destaque para a perspectiva de que o Federal Reserve continuará reduzindo os juros na maior economia do mundo.

No fim da tarde, de acordo com a ferramenta FedWatch, da CME, operadores precificavam 87% de chance de corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros pelo Fed na semana que vem, contra 13% de chances de manutenção na faixa de 3,75% a 4,00%.

Estrategistas também têm citado uma realocação global de ativos, que se traduz na bolsa paulista em saldo de capital externo positivo em cerca de R$ 27,7 bilhões no ano. Nos dois primeiros pregões de dezembro, houve entrada líquida de R$311 milhões, após saldo positivo de mais de R$2 bilhões em novembro.

De olho na reforma do Imposto de Renda que entra em vigor no próximo ano, empresas também têm antecipado anúncio sobre pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio, em mais um suporte para o “rali” de final de ano na bolsa paulista. Em quatro pregões, o Ibovespa já sobe mais de 3% em dezembro.

De acordo com o especialista em renda variável da Manchester Investimentos Rubens Cittadin Neto, a bolsa segue embalada pelas apostas de queda de juros nos EUA, enquanto, no Brasil, ganha força a previsão para janeiro. E, acrescentou, ainda há empresas pagando dividendos maiores para fugir da tributação.

Destaques

– ITAÚ UNIBANCO PN fechou negociada em alta de 2,46%, em pregão positivo para o setor, com BRADESCO PN avançando 1,42%, SANTANDER BRASIL UNIT valorizando-se 1,02%, BANCO DO BRASIL ON ganhando 1,74% e BTG PACTUAL UNIT subindo 1,5%.

– VALE ON subiu 1,74%, na quinta alta seguida, com analistas reforçando recomendação de compra para a ação nos últimos dias. O Citi escreveu que conversas com investidores sugerem que a ação atualmente é vista como um “cupom de minério de ferro”, com o mercado esperando fortes retornos a acionistas.

– PETROBRAS PN fechou com elevação de 0,65%, em dia de alta do petróleo no exterior. A estatal e a Shell arremataram juntas, sem concorrência, duas das três áreas ofertadas em leilão inédito de participações da União em blocos em produção no pré-sal.

– LOCALIZA ON avançou 5,04%, endossada pelo alívio nas taxas dos DIs na esteira dos dados do PIB, o que também sustentou outros papéis sensíveis a juros, entre eles NATURA ON, que subiu 3,93%.

– REDE D’OR ON valorizou-se 3,51%, referendada por relatório de analistas do Safra, que elevaram a recomendação da ação para “outperform”, enxergando um cenário favorável para a companhia, com a divisão de hospitais em trajetória de reaceleração. O preço-alvo passou para R$57 ante R$44.

– AMBEV ON recuou 1,41%. No começo da semana, dados do IBGE mostraram queda de 1,3% na produção de bebidas alcoólicas em outubro ante o mesmo mês de 2024. Para o analista Rodrigo Alcantara, do UBS BB, o dado apoia uma visão cautelosa para Ambev.

Conteúdo distribuído por Reuters

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