Ibovespa sobe com Vale, mas desconforto fiscal persiste

São Paulo – O Ibovespa subia nesta sexta-feira (11), em meio a uma nova enxurrada de resultados corporativos e encontrando um relevante suporte nas ações da Vale, embora persista o desconforto de investidores com sinalizações fiscais recentes do presidente-eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Às 11:28, o Ibovespa subia 0,43%, a 110.247,59 pontos, mas ainda acumulando um declínio de 6,69% na semana. O volume financeiro na sessão somava R$ 10,9 bilhões.
Na quinta-feira, o Ibovespa fechou com a maior queda percentual diária desde novembro de 2021, refletindo preocupações com o cenário fiscal brasileiro, em particular após declarações de Lula como a de que há gastos públicos que têm que ser considerados como investimentos.
“Parece ter sido o primeiro dia em que o mercado ‘capitulou’ com as falas poucos sensatas economicamente do presidente eleito”, afirmou Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG Investimentos. Ele acrescentou que permanece um viés negativo, “até que a equação fiscal ganhe alguma âncora e longo prazo”.
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Kawa afirmou que “‘o mercado’, que não é uma entidade maligna e não luta contra a democracia, mas é fundamental para o bom funcionamento da economia e demandará sinais de que o novo governo preza pelo ajuste das contas públicas antes de apresentar uma estabilização mais permanente”.
No exterior, Wall Street sinalizava manter o tom positivo, após altas expressivas na véspera, endossando o “respiro” no pregão brasileiro, em meio a expectativas de que o Federal Reserve amenize o ritmo do aperto monetário em curso nos Estados Unidos.
Destaques
- VALE ON avançava 3,96%, a R$ 77,5, após nova alta dos preços do minério de ferro na China, onde o contrato futuro mais negociado na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas com alta de 5%. A China tem aliviado regras de isolamento social relacionadas à Covid-19. No setor de mineração e siderurgia, CSN ON saltava 5,98%.
- YDUQS ON subia 7,45%, a R$ 12,69, após quatro quedas seguidas, período em que acumulou uma perda de quase 28%. A empresa divulgou na noite da véspera resultado operacional de terceiro trimestre dentro do esperado. COGNA ON, que também reportou seus números na quinta-feira, tinha variação negativa de 2,65%. A ação vem de uma sequência de seis quedas, em que totalizou uma perda de cerca de 20%.
- JBS ON valorizava-se 4,19%, a R$ 25,88, também ajudando o Ibovespa, mesmo com a queda de 47% no lucro líquido do terceiro trimestre, afetado principalmente pelas perações de carne bovina na América do Norte. No setor, MARFRIG ON recuava 0,55, a R$ 10,77, tendo como pano de fundo um recuo de 74% no lucro, também prejudicado pela perfomance dos negócios na América do Norte.
- ITAÚ UNIBANCO PN recuava 2,28%, a R$ 26,99, mesmo após crescimento de 19% no seu lucro líquido recorrente de julho a setembro. O maior banco da América Latina afirmou que prevê alta da inadimplência no varejo no quarto trimestre.
- B3 ON cedia 3,08%, a R$12,9, afastando-se das mínimas, quando caiu mais de 7%, após o balanço do terceiro trimestre, com queda de quase 11% no lucro líquido recorrente. Analistas do Credit Suisse cortaram a recomendação dos papéis para “neutra” atribuindo a decisão a uma questão de “valuation”, mas também perspectivas mais incertas.
- LOCAWEB ON perdia 7,37%, a R$ 8,3, um dia após reportar aumento no prejuízo do terceiro trimestre. Em termos ajustados, a companhia de serviços de tecnologia registou lucro líquido de 33,4 milhões de reais, alta de 30,8% ano a ano.
- IRB BRASIL ON caía 5,81%, a R$ 0,81, renovando mínimas históricas, conforme dobrou o prejuízo no terceiro trimestre, a R$ 298,7 milhões, diante de sinistralidade maior do que a esperada pela empresa devido a efeitos climáticos no segmento rural.
- RAÍZEN PN recuava 4,62%, a R$ 3,92, após tombo no lucro líquido ajustado para R$ 1,1 milhão no segundo trimestre do ano-safra 2022/2023 ante R$ 1,1 bilhão no mesmo período do ano anterior.
- PETROBRAS PN cedia 1,23%, a R$ 25,8, a despeiro da alta do petróleo Brent, uma vez que permanecem os receios relacionados à estratégia da petrolífera de controle estatal a partir de 2023, com o retorno de Lula ao Palácio do Planalto.
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