Ibovespa avança com Vale e exportadoras, mas receio fiscal e Treasuries pesam

São Paulo – O Ibovespa fechou com uma alta modesta nesta quarta-feira (26), sustentada pelo desempenho de Vale e outras exportadoras na esteira do avanço do dólar, enquanto o efeito de receios fiscais e da alta dos rendimentos dos Treasuries na curva de juros pressionou ações de empresas sensíveis à economia doméstica.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com um acréscimo de 0,25%, a 122.641,3 pontos, perto da máxima da sessão (122.701,2 pontos), após recuar a 121.402,00 pontos no pior momento. O volume financeiro somou apenas R$ 19,3 bilhões.
De acordo com o chefe da EQI Research, Luís Moran, a bolsa paulista continua com um volume fraco, então qualquer movimento maior acaba fazendo preço – como foi o caso do efeito da alta do dólar em exportadoras nesta sessão. A divisa fechou com alta de 1,18% ante o real.
Ele destacou que para a bolsa deslanchar é necessário existir fluxo de recursos, principalmente de estrangeiros. Mas para isso ocorrer, acrescentou, o Federal Reserve precisa cortar juros. “Nós estamos meio que nesse limbo”, afirmou.
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De acordo com dados da B3, o saldo de capital externo na B3 em junho está negativo em R$ 4,7 bilhões. No ano, as vendas superam as compras em R$ 40,6 bilhões.
Declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na parte da manhã tampouco ajudaram a estimular compras, uma vez que foram interpretadas no mercado como uma resistência a corte de gastos pelo governo, em meio a um cenário fiscal já complicado no país. E a pauta do dia reforçou esse quadro difícil.
O governo central – que compreende as contas de Tesouro, Banco Central e Previdência Social – registrou déficit primário de R$ 60,983 bilhões em maio, maior do que o saldo negativo de R$ 45,014 bilhões no mesmo mês do ano passado e da expectativa de analistas (-R$ 54,2 bilhões).
O IPCA-15 de junho ficou abaixo do esperado, com alta de 0,39% em relação ao mês anterior, um alívio após subir 0,44% em maio. Mas acabou ficando em segundo plano, com economistas avaliando que o dado não muda expectativas de inflação para o ano e nem para as próximas decisões do BC para a Selic.
A alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos foi mais um componente negativo ao pregão brasileiro, com o Treasury de 10 anos marcando 4,3216% no final da tarde, de 4,238% na véspera. As bolsas em Nova York, por sua vez, fecharam no azul.
Destaques
- VALE ON avançou 1,24%, apoiada pela alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 3,4%, a 826 iuanes (US$ 113,67) a tonelada, seu nível mais alto desde 21 de junho. O avanço do dólar ante o real era mais um componente benigno.
- SUZANO ON valorizou-se 2,23%, favorecida pela alta de mais de 1% do dólar frente ao real. Também no radar estava o anúncio de que as operações de sua nova fábrica de celulose no Mato Grosso do Sul, conhecida como Projeto Cerrado, iniciarão ao longo do mês de julho – e não mais junho como previsto anteriormente. KLABIN UNIT subiu 1,02%.
- MRV&CO ON caiu 3,44%, em dia negativo para ações de empresas sensíveis a juros diante do avanço nas taxas dos DI na esteira de receios fiscais e avanço nos yields dos Treasuries. O índice do setor imobiliário cedeu 0,61%, enquanto o do setor de consumo perdeu 0,07%. AZUL PN, afetada ainda pela alta do dólar e do petróleo, recuou 5,56%.
- ITAÚ UNIBANCO PN fechou em baixa de 0,18%, tendo ainda como pano de fundo dados sobre crédito divulgados pelo BC, com queda nas concessões de financiamentos com recursos livres, de 0,1%, enquanto a inadimplência nesse segmento, aumentou de 4,5% para 4,6%. BRADESCO subiu 0,24%, mas BANCO DO BRASIL ON cedeu 0,67% e SANTANDER BRASIL UNIT recuou 1,29%.
- PETROBRAS PN terminou com variação positiva de 0,16%, em dia sem tendência única para os preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent fechou em alta de 0,28%. Fontes afirmaram à Reuters que os três indicados para a diretoria da estatal pela CEO, Magda Chambriard, devem ter seus nomes aprovados na próxima reunião do conselho de administração, na sexta-feira.
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