Finanças

Recuperação do Ibovespa sofre reversão com piora no cenário

Recuperação do Ibovespa sofre reversão com piora no cenário
Magazine Luiza e Natura&Co estiveram entre destaques positivos | Crédito: Amanda Perobelli/Reuters

A nova variante da Covid-19, a alta da inflação e as incertezas no cenário político interromperam a recuperação do Ibovespa em novembro. A bolsa brasileira dava sinais de que as quedas dos últimos meses seriam superadas. O índice estava em ritmo de alta, mas foi pego de surpresa com as notícias da variante Ômicron, o crescimento da inflação, que já supera os 10% ao ano, e a questão da PEC dos Precatórios.

Assim, o índice local cedeu ao mau humor global e fechou o mês em queda de 1,53%, acumulando retração de 14,4% no ano. Em dezembro, as incertezas ainda devem causar pressões nos mercados enquanto não se souber ao certo os impactos da nova variante e a eficácia das atuais vacinas.

‘’O momento é de aversão ao risco. As notícias que surgem no cenário local e internacional fazem com que o investidor acabe fugindo para ativos mais seguros, como renda fixa, títulos do tesouro. A inflação reduz o poder de compra do consumidor, há um impacto no varejo, serviços, alta dos juros, e tudo isso prejudica. Há ainda uma fuga para a bolsa norte-americana, que já acumula alta de 25% até novembro”, explica a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória.

De acordo com analistas, a perspectiva de uma retomada do Ibovespa, no fim do ano, vai depender das indicações de um cenário positivo para 2022.  ‘’A previsibilidade é fundamental para as empresas ao falarmos sobre possibilidade de cenários no mercado de ações, investimentos e retorno. Então, acredito que a solução dos precatórios é importante para pensarmos em Orçamento 2022, mas não temos como deixar no radar as eleições presidenciais, que devem adicionar volatilidade; pensando em dezembro, acredito que temos um viés positivo’’, aponta Regis Chinchila, da Terra Investimentos.

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O analista também reforça que outros desdobramentos da política econômica serão fundamentais para o comportamento do mercado. ‘’Logo no início do mês teremos a reunião do Copom, que deve elevar a taxa Selic em 1,5 ponto percentual, encerrando o ano com uma taxa de 9,25%, embora a inflação elevada continue no radar, com previsões, segundo o Boletim Focus, de chegar no limite da meta no ano de 2022, além do PIB com crescimento baixíssimo de 0,58% também no ano que vem’’.

Mesmo com dúvidas pairando sobre a política, a economia e os efeitos da variante da Covid-19, a expectativa dos economistas é de que ‘’os avanços na agenda política local, trazendo definições e encerrando incertezas quanto ao cenário interno, poderão dar certo fôlego a ativos bem posicionados, bem fundamentados e ainda descontados, em nossa opinião. Contudo, não descartamos grande volatilidade no período em razão de novas notícias quanto à variante Ômicron. Assim, apostamos que a diversificação de ações seja, uma vez mais, peça fundamental na performance da carteira’’, afirma Rafaela Vitória.

Concentração

De acordo com a economista-chefe do Banco Inter, não é recomendado concentrar investimentos em um ativo só. ‘’O mercado está sempre surpreendendo, por isso a gente sugere que o investidor distribua suas aplicações em 10, 12 papéis pra reduzir os riscos’’, diz Rafaela.

Para o mês de dezembro, por exemplo, a carteira recomendada pela equipe do Banco Inter inclui ações de empresas de vários setores, como Bancos, Elétricas, Frigoríficos, Papel e Celulose, Saneamento, Seguradoras, Siderurgia e Mineração, Shoppings e Varejo. As ações recomendadas são: Banco do Brasil, BB Seguridade, Energias do Brasil, Gerdau, JBS, Klabin, Multiplan, Renner, Sanepar e Vale.

B3 volta a ter sessão negativa

São Paulo – O Ibovespa caiu ontem e renovou o menor patamar de fechamento do ano, diante de desempenho negativo das bolsas norte-americanas após a confirmação do primeiro caso da nova variante Ômicron do coronavírus nos EUA e de novas declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

O Ibovespa caiu 1,12%, 100.775 pontos, pela primeira vez fechando abaixo dos 101 mil pontos em 2021. Na mínima da sessão, o índice foi a 100.726,95 pontos. O volume financeiro da sessão foi de R$ 35,2 bilhões.

O Magazine Luiza foi a principal contribuição negativa para o Ibovespa, seguido pela JBS, em sessão negativa para os setores de varejo e frigoríficos.

Na cena local, tramitação da PEC dos Precatórios no Congresso segue no radar dos investidores.

O índice caminhava para uma sessão de alívio junto com as bolsas globais, em recuperação ao desempenho negativo da véspera, até que o noticiário, especialmente internacional, ajudou a mudar o cenário.

Os EUA identificaram o primeiro caso da variante Ômicron no País, o que fez os principais índices acionários locais caírem mais de 1%.

As incertezas que envolvem a Ômicron seguem pesando nos mercados, já que dados concretos sobre a variante e sua eficácia contra as vacinas ainda não foram obtidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) espera ter mais informações sobre a transmissibilidade “dentro de dias”, disse sua líder técnica para a Covid-19, Maria van Kerkhove, ontem – o órgão falava em “semanas” anteriormente.

Mais cedo, as bolsas já haviam perdido fôlego após Powell reiterar a mensagem de seu discurso da véspera, de que é apropriado o Fed considerar a redução da compra de títulos. Ele também disse que o Fed deve estar pronto para usar suas ferramentas a fim de lidar com a gama de “resultados plausíveis” para a inflação.

As compras mensais de títulos foram uma maneira de o Fed estimular a economia norte-americana por conta da pandemia, e sua retirada deve afetar a liquidez dos mercados, impactando os ativos de risco, como as ações.

“Nestes últimos dias estamos surfando muito na esteira das notícias da variante Ômicron e de inflação”, disse Bruno Contesini, estrategista sênior da EWZ Capital.

Ele diz que questões internas estão pesando no Ibovespa, apesar de ver a bolsa descontada e acreditar que o mercado está projetando um cenário fiscal caótico para os próximos anos, o que não deve se concretizar.

Investidores também aguardavam a análise da PEC dos Precatórios no plenário do Senado. O texto abre espaço para financiamento do programa social do governo, o Auxílio Brasil, e é importante para o mercado, que teme um plano alternativo e potencialmente mais danoso ao front fiscal caso a proposta não seja aprovada no Congresso.

Destaques – Magazine Luiza ON desabou 11,8%, na maior queda da ação desde a divulgação de seu balanço no começo de novembro, evento que engatilhou um período negativo para o papel. O setor de varejo no geral sofreu na sessão. Americanas ON afundou 6,7% e Via ON caiu 8,3%. Pesam sobre as empresas a inflação em alta e o ciclo de alta nos juros.

JBS ON caiu 4,7%, após avanço forte na véspera. BRF ON cedeu 2,6%, Marfrig ON recuou 7,2% e Minerva ON caiu 2,1%. Leonardo Alencar, analista de Agro, Alimentos & Bebidas da XP, disse à Reuters que o movimento parece estar mais ligado a fluxo do que aos fundamentos das empresas. Ele espera que alta do dólar ajude as empresas no ano que vem, por conta das exportações. Alencar projeta margens mais altas na América do Sul em 2022, enquanto nos EUA, onde Marfrig e JBS têm operações robustas, as margens devem cair de um patamar historicamente alto para um ainda positivo.

Vale ON subiu 0,4%, em mais uma sessão de boas notícias para o minério de ferro e commodities relacionadas ao setor.

Petrobras PN avançou 0,6% e ON subiu 0,7%, mesmo após o petróleo virar e fechar no negativo. Papéis da estatal fecharam praticamente estáveis na véspera, apesar da derrocada da commodity no exterior. A empresa apresentou semana passada uma nova política de dividendos que agradou o mercado. (Reuters)

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