Finanças

Intervenções do BC ajudam a segurar dólar

Intervenções do BC ajudam a segurar dólar
Foto: Marcello Casal Jr /Agência Brasil - ABr

São Paulo – A quarta-feira (10) foi de queda do dólar no mundo, e no Brasil desta vez não foi diferente. A moeda norte-americana caiu mais de 2%, na maior baixa em seis semanas, e voltou ao patamar de R$ 5,65, numa sessão em que operadores analisaram duas intervenções do Banco Central (BC), o discurso do ex-presidente Lula, esperanças de manutenção do texto da PEC Emergencial e a aprovação final nos EUA de um pacote trilionário de estímulos.

O dólar à vista caiu 2,39%, a R$ 5,6542 na venda, depois de oscilar entre R$ 5,6452 (-2,55%) e R$ 5,8152 (+0,39%). Esta é a maior baixa percentual diária desde 26 de janeiro (-2,82%).

A cotação tocou as máximas ainda no começo do pregão e foi perdendo força no restante do dia, indo às mínimas já perto de 17 horas.

O mercado foi surpreendido já antes das 10 horas pelo leilão de até US$ 1 bilhão em swaps cambiais tradicionais. No começo da tarde, o BC novamente atraiu olhares ao anunciar operação de venda de moeda no mercado spot, que resultou em colocação de US$ 405 milhões.

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Ambos os leilões chamaram atenção pelo “timing” de dólar fraco – sobretudo a venda no mercado à vista, quando a cotação já caía cerca de 0,9%.

Avaliação -“Acho que o BC está ‘panicando’ com a inflação”, disse um gestor. Segundo ele, a instituição estaria preocupada com a alta rápida do dólar nos últimos dias, que levou a moeda para níveis próximos de R$ 5,90 e pode alimentar um maior repasse cambial aos preços da economia.

Esse debate ocorre num momento em que várias instituições financeiras já preveem inflação acima da meta neste ano e com riscos de furar o objetivo em 2022.

Profissionais do mercado comentaram ainda sobre as sinalizações dos leilões-surpresa desta quarta para a política monetária, enquanto o BC caminha para, daqui a uma semana, promover o primeiro aumento da taxa Selic em quase seis anos.

“O BC vendendo dólar em dia de baixa (da moeda) mostra o quanto estão preocupados com a inflação e tentando não ter de dar (alta de) 0,75 ponto percentual” no juro na semana que vem, disse o gestor na Trópico Latin America Investments, Sérgio Machado.

Analistas do Morgan Stanley, contudo, alertaram que o processo de alta de juros pode não oferecer o benefício esperado para o real, uma vez que a moeda segue afetada pelo risco idiossincrático do lado fiscal.

Outra explicação para as inesperadas intervenções cambiais do BC nesta sessão, segundo o gestor mencionado primeiramente, está relacionada a uma correção na percepção de risco. De acordo com o profissional, com a expectativa de aprovação da PEC Emergencial na Câmara sem grandes remendos, o prêmio de risco relacionado ao Brasil ajusta para baixo e, assim, não justificaria um dólar nos patamares recentes.

“Se o câmbio piora com o Brasil pior, tem que deixar (o dólar subir). Mas, do contrário, em caso de melhora no fundamento, então é aí que acho que o BC tem de agir”. (Reuters)

Governo tem vitória com veto a reajustes

São Paulo – Apesar de alguns ruídos, a Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (9) a admissibilidade da PEC Emergencial. Ontem, depois de ter aprovado na madrugada o texto-base da proposta, a Câmara manteve no texto gatilho que veta reajustes salariais e progressões de carreira para o funcionalismo público em caso de restrições fiscais, numa vitória para o governo e o ministro da Economia, Paulo Guedes. A PEC, contudo, ainda precisa passar por um segundo turno de votação.

Ao longo do dia, analistas avaliaram também o discurso do ex-presidente Lula destacando a necessidade de vacinação em massa e aplicação de medidas de segurança contra a Covid-19.

Enquanto isso, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reafirmou a vacinação ampla da população, e o presidente Jair Bolsonaro exaltou o esforço do governo federal na compra de vacinas contra a Covid-19. A fala de Bolsonaro chamou atenção por revelar preocupação com a chegada de imunizantes ao País, depois de o próprio presidente chegar a duvidar publicamente da eficácia das vacinas.

De forma unânime, analistas de mercado dizem que uma imunização em massa é necessária para a economia brasileira engatar uma recuperação consistente, o que ajudaria a reduzir pressões do lado fiscal, uma vez que haveria menor demanda por gastos para combate à pandemia.

Por fim, o câmbio reagiu já na reta final do pregão à aprovação nos EUA de um dos maiores pacotes de estímulo econômico na história norte-americana, no montante de 1,9 trilhão de dólares, para enfrentamento do coronavírus.

O índice do dólar frente a uma cesta de moedas de países ricos caía 0,19% no fim da tarde, perto das mínimas do dia e revertendo alta de 0,26% de mais cedo. A moeda dos EUA caía ante 27 de 33 rivais. (Reuters)

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