Finanças

Investimentos batem recorde de R$ 2 tri no primeiro trimestre

Valor representa incremento de 6,5%, aponta a Anbima
Investimentos batem recorde de R$ 2 tri no primeiro trimestre
Patrimônio líquido do segmento private atingiu R$ 1,83 trilhão ao final do primeiro trimestre | Crédito: Marcos Santos/USP Imagens

O volume financeiro investido pelos brasileiros em títulos e valores mobiliários atingiu R$ 2 trilhões no primeiro trimestre de 2022, recorde da série histórica da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que começou em 2014. Esse saldo representa crescimento de 6,5%, ou R$ 123,5 bilhões, sobre os três meses imediatamente anteriores.

A alta se deu tanto no segmento de varejo (7,4% no período) quanto no private (5,3%) — segmento que reúne clientes que têm, pelo menos, R$ 3 milhões em aplicações. No varejo, os destaques ficam para o aumento de 25,1%, ou R$ 24,6 bilhões, no volume alocado em Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e de 4,4%, ou R$ 22 bilhões, em Certificado de Depósito Bancário (CDB).

No private, o destaque fica com a alta de R$ 22,6 bilhões aplicados em ações, seguidos de R$ 8,8 bilhões em LIG (Letra Imobiliária Garantida) e de R$ 8,2 bilhões em LCI (Letra de Crédito Imobiliário). Esses volumes representam variações de 5%, 20,7% e 19,5%, respectivamente.

Os ativos de renda fixa foram responsáveis por 59,3% do patrimônio líquido dos clientes em março de 2022. Em dezembro de 2021, essa fatia era de 58,9% e de 58,1% no mesmo mês de 2020. A parcela de recursos alocada em renda variável chegou a 19,8% ao final do primeiro trimestre deste ano — no período imediatamente anterior, essa fatia era de 19,5% e de 20% no final de 2020.

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Volume total

O patrimônio líquido dos investimentos dos brasileiros registrou crescimento de 2,1% (R$ 94,5 bilhões) no primeiro trimestre, totalizando R$ 4,65 trilhões. Essa foi a mesma variação (2,1%) registrada no início do ano passado.

“O resultado mantém inalterado o ritmo de crescimento verificado no primeiro trimestre de 2021 e confirma a tendência de recuperação frente à queda de 5,3% dos primeiros três meses de 2020, desempenho que foi impactado pelo início da pandemia no Brasil”, explica presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, José Ramos Rocha Neto.

O resultado do primeiro trimestre de 2022 foi alavancado pelo segmento private, cujo patrimônio líquido somou R$ 1,83 trilhão, um avanço de 3,1% sobre o trimestre anterior. O volume financeiro do varejo de alta renda cresceu 1,7% no mesmo intervalo, alcançando patrimônio de R$ 1,27 trilhão. O varejo tradicional teve variação positiva de 1,2%, chegando a R$ 1,54 trilhão.

Na soma dos três segmentos, o número de contas teve alta 0,7% no período, ou 879 mil contas. O varejo tradicional chama atenção, uma vez que responde por 848 mil novas contas no período. “O crescimento no número de contas nesse segmento se explica, em parte, pelo pagamento das parcelas do Auxílio Brasil e pelo saque extraordinário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)”, diz Rocha. Vale lembrar que cada pessoa por ter mais de uma conta, então esse número não equivale a total de CPFs.

Regiões

Com exceção da região Norte, que ficou no zero a zero, as demais regiões brasileiras entregaram variações positivas no patrimônio líquido no primeiro trimestre de 2022. O Centro-Oeste foi a que mais cresceu em termos relativos, com alta de 5,4% ou R$ 12,2 bilhões. O Sul aparece na sequência, com montantes 2,7% superiores (R$ 21,1 bilhões adicionais). Em terceiro lugar está o Sudeste, com acréscimo de R$ 58,9 bilhões (alta de 1,9%), seguido do Nordeste, que cresceu 0,6% com acréscimo de R$ 2,3 bilhões.

Resgates somaram R$ 14 bilhões

Os fundos de ações e multimercados sofreram R$ 14 bilhões de resgates líquidos em abril, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). A classe de ações registrou retiradas de R$ 7,3 bilhões, enquanto os multimercados de R$ 6,7 bilhões. É o oitavo mês consecutivo que esses fundos têm mais retiradas do que aplicações. A indústria de fundos como um todo teve captação líquida positiva de R$ 38,5 bilhões — diferença entre R$ 844,48 bilhões de aportes e R$ 805,98 bilhões de resgates.

“As altas da Selic e o desempenho do Ibovespa em abril, que foi o pior dos últimos dois anos, contribuem para uma maior aversão a risco dos investidores, que, geralmente, se traduz em saídas dos produtos considerados mais arriscados e ida para a renda fixa”, explica o vice-presidente da Anbima, Pedro Rudge.

A classe de renda fixa encerrou o mês com captação líquida positiva de R$ 4,9 bilhões. Apesar de positivo, o valor é inferior aos registrados nos últimos meses por conta de um resgate concentrado de um único fundo de R$ 13 bilhões.

Os fundos de previdência registraram retiradas líquidas de R$ 2,9 bilhões — quase o dobro dos resgates de março.

Rentabilidades

Os fundos multimercado long and short neutro (fazem operações de ativos e derivativos, montando posições compradas e vendidas) tiveram a melhor rentabilidade da classe no mês: 2,86%. Dentre os demais tipos da classe, apenas o estratégia específica (adota estratégia que implique riscos específicos, por exemplo, commodities) teve retorno negativo com 1,01%. Na classe de renda fixa, o destaque foi o tipo duração alto grau de investimento (aplica, no mínimo, 80% em títulos públicos e/ou ativos de baixo risco) com 1,59%. Todos os fundos de ações fecharam no negativo. O menos impactado foi o mono ação (tem estratégia de investimento em apenas uma empresa) com rentabilidade negativa de 4,90%.

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