Investimentos estrangeiros recuam após 9 meses de alta

Brasília – Os investimentos estrangeiros em ações e títulos no Brasil voltaram a cair em março após um período de nove meses de alta que havia garantido uma recuperação dos fluxos após as violentas perdas sofridas no primeiro semestre de 2020, sob o impacto da pandemia global do coronavírus.
Números das contas externas divulgados ontem pelo Banco Central (BC) mostraram que os não residentes retiraram US$ 2,084 bilhões de investimentos em carteira do País, no mês passado, período de recrudescimento do coronavírus no Brasil. O dado se compara a um fluxo positivo mensal médio de US$ 3,6 bilhões desde junho do ano passado.
Para o BC, a saída de recursos não pode ser associada ao agravamento da pandemia nem é possível dizer, no momento, se configurará uma nova tendência.
Em entrevista à imprensa, o diretor do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, destacou que, enquanto em março houve saída de investimentos de ações e fundos de investimento (- US$ 2,996 bilhões) e entrada de recursos para títulos (+ US$ 912 milhões), a parcial de abril mostra um fluxo trocado. Até o dia 20, entraram no País US$ 1,154 bilhão para ações e saíram US$ 1,250 bilhão que estavam investidos em títulos de dívida no mercado doméstico.
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“Não dá para falar em tendência ainda, são movimentos voláteis”, disse Rocha.
Os investimentos diretos, mais voltados ao longo prazo e por isso tradicionalmente menos voláteis, somaram US$ 6,864 bilhões em março, pouco abaixo dos US$ 7,386 bilhões registrado no mesmo mês de 2020. Para abril, a estimativa do BC é que os ingressos totalizem US$ 4,9 bilhões.
Transações correntes – Os dados do balanço de pagamentos mostraram, ainda, que o Brasil registrou déficit em transações correntes de US$ 3,970 bilhões em março, inferior ao déficit computado há um ano, de US$ 4,257 bilhões.
Essa diferença teria sido bem maior se não fosse o impacto das operações de nacionalização de plataformas de petróleo feitas no âmbito do regime aduaneiro Repetro, computadas como importações pelo Banco Central.
Essas operações somaram US$ 6,5 bilhões no mês passado, alavancando o volume total das importações e levando o País a registrar um déficit comercial de US$ 437 milhões, segundo o BC.
O Ministério da Economia deixou de computar as operações do Repetro – em que não há entrada ou saída de bens do País – nos seus dados de balança comercial a partir deste mês, em uma revisão metodológica que envolveu outros ajustes. Com isso, estimou o saldo comercial de março em um superávit de US$ 6,5 bilhões.
Mas o BC informou que seguirá com os registros do Repetro, pois adota normas contábeis utilizadas internacionalmente para o balanço de pagamentos em o que define exportações e importações é se há troca de propriedade entre residentes e não residentes.
A expectativa em pesquisa da Reuters com analistas era de um déficit de US$ 2,5 bilhões para março.
Em 12 meses, o déficit em conta corrente do País passou a 1,24% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 1,26% do PIB em fevereiro, segundo o BC. Para abril, o BC projetou um superávit em transações correntes de US$ 5,7 bilhões.
Até o dia 20 deste mês, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 576 milhões, disse ainda o BC. (Reuters)
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