Finanças

IPCA da Grande BH fica acima da média nacional em abril

Enchentes no Rio Grande do Sul deverão impactar a inflação nos próximos meses em todo o País
Atualizado em 10 de maio de 2024 • 19:27
IPCA da Grande BH fica acima da média nacional em abril
Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) subiu 0,45% no mês de abril. O indicador que mede a inflação foi impulsionado principalmente pelo aumento da gasolina na Grande BH, como mostram os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (10).

O índice da RMBH foi superior à inflação média do País, que registrou alta de 0,38%. Mesmo caso do desempenho mensurado nos últimos 12 meses, em que a inflação acumulada no Brasil foi de 3,69%, enquanto em Minas Gerais chegou a 4,91% – a maior variação entre as áreas pesquisadas pelo instituto.

Nos primeiros quatro meses do ano, o levantamento do IBGE também aponta que o IPCA na RMBH foi superior à média nacional: 2,51% frente a 1,8% – a terceira maior variação positiva entre as 16 áreas pesquisadas.

A alta de 0,69% no grupo de transportes foi uma das principais causas do aumento da inflação na RMBH no mês passado. Os custos da gasolina aumentaram em média 3,94% no período, o que impactou o índice geral em 0,20 ponto percentual (p.p.).

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Outro combustível que também subiu de preço, o etanol (8,96%), impactou o indicador em 0,05 p.p., enquanto a queda de 16,89% nos preços das passagens aéreas causou impacto de -0,07 p.p. e não deixou a inflação subir ainda mais.

A economista do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Diana Chaib, analisa os motivos da aceleração da inflação na região metropolitana da Capital em abril e alerta para as consequências dos desastres climáticos no Rio Grande do Sul nos preços dos alimentos nos próximos meses. (leia a análise completa ao final do texto)

Reajuste da saúde impacta IPCA

Nos últimos dias de março, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) autorizou um reajuste de 4,5% nos preços dos medicamentos. O órgão é responsável pela regulação econômica do mercado de medicamentos no País.

O impacto no IPCA foi detectado pelo IBGE no mês seguinte. O grupo saúde e cuidados pessoais registrou alta de 1,04%, influenciado pelas altas do plano de saúde (0,75%) e dos produtos farmacêuticos (2,82%). Os subitens tiveram impactos de, respectivamente, 0,03p.p. e 0,11p.p. no indicador.

IBGE: outros impactos no IPCA da Grande BH

Além dos grupos de transportes e da saúde, outros conjuntos ajudaram a elevar o IPCA em abril. São eles:

  • Comunicação (0,92%)
  • Vestuário (0,73%)
  • Alimentação e bebidas (0,23%)
  • Habitação (0,13%)
  • Despesas pessoais (0,10%)
  • Educação (0,05%)

Desastres climáticos no RS vão impactar IPCA

Diana Chaib explica que o aumento do custo dos alimentos no levantamento do IBGE, junto do reajuste dos preços dos medicamentos, puxou o crescimento do IPCA no Brasil com mais intensidade do que na RMBH.

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, além do impacto pontual já citado na saúde, a alimentação também pesou, mas a gasolina teve uma influência maior. Até por isso, a evolução dos preços no grupo da alimentação deve ser acompanhada com atenção. “Foi um dos grupos que pesou muito em nível nacional, mas ainda não foi tão sentido quando olhamos só para RMBH”, disse.

Os recentes desastres climáticos no estado do Rio Grande do Sul, que causaram mais de uma centena de vítimas fatais e uma série de danos sociais, ambientais e econômicos, também influenciarão o IPCA de todo o País, nas pesquisas do IBGE nos próximos meses.

“Quando a gente tem um desastre climático dessa intensidade e sem precedentes, com certeza isso vai impactar a inflação, porque tem praticamente um estado inteiro fora da participação do comércio, tendo agora alta demanda de alimentos, energia, água potável”, alerta a economista do Cedeplar da UFMG.

Chaib considera que os efeitos no IPCA serão sentidos já na próxima pesquisa do IBGE, no mês seguinte, uma vez que o estado gaúcho está impedido de produzir e a inflação é um indicador muito sensível a esse tipo de variação.

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