Itaú quer dobrar operação voltada para micro, pequenas e médias empresas

São Paulo – O Itaú Unibanco aposta no próprio universo de clientes para, no mínimo, dobrar a operação voltada a micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) nos próximos anos, após o segmento encerrar o primeiro semestre de 2024 com uma carteira de crédito em torno de R$ 200 bilhões.
“Nós queremos, no mínimo, dobrar essa operação nos próximos anos”, afirmou o diretor de Pequenas e Médias Empresas do Itaú Unibanco, André Rodrigues, em entrevista à Reuters. “Imaginamos que até 2027, esse é um pouco do horizonte que temos trabalhado, isso pode acontecer”, estimou.
De acordo com o executivo, a base no segmento de PMEs já soma 1,7 milhão de clientes, mas há um público potencial de 2 milhões de clientes que já têm algum relacionamento com o Itaú, o que permite uma atuação mais “cirúrgica”. “Almejamos chegar a algo como 2,5 milhões de clientes nesse horizonte de tempo.”
Um exemplo desse cliente é um médico que tem relacionamento pessoa física com o serviço Personnalité ou Uniclass, mas também tem um consultório, ou um advogado nessa mesma situação que tem um escritório, ou algum lojista que use apenas o serviço de adquirência da Rede, entre outros exemplos.
“Temos um universo de clientes dentro dessa massa endereçável, muitos altamente vinculados ao Itaú. A abordagem está sendo desenhada para focar esse público”, disse, estimando um mercado-alvo total da ordem de 5,5 milhões a 6 milhões.
Gestão de risco
Tal prognóstico tem como base o desenvolvimento da área nos últimos dez anos, que contemplou a criação de um modelo de gestão de risco de crédito, a segmentação/regionalização da operação, incluindo a abertura de polos regionais, capacitação de profissionais e desenvolvimento de metodologia de trabalho.
De acordo com Rodrigues, a partir de 2021, o segmento começa a experimentar um crescimento “muito” forte. De 2019 até hoje, afirmou, a carteira de crédito no varejo de PMEs (empresas com faturamento anual entre R$ 200 mil e R$ 50 milhões) quadruplicou. “É um crescimento muito importante.”
Conforme os números divulgados nos balanços do Itaú, em 2019, a carteira de MPMEs somava R$ 85,8 bilhões. Ao final do segundo trimestre deste ano, totalizava R$ 198,2 bilhões. O chamado “varejo de PMEs”, responde por mais ou menos metade do portfólio.
Bradesco fecha o 2º trimestre com uma carteira de R$ 184 bilhões
O Bradesco encerrou o segundo trimestre com uma carteira de micro, pequenas e médias empresas (PMEs) de R$ 184,065 bilhões, enquanto Banco do Brasil tinha R$ 121,814 bilhões e Santander Brasil registrou R$ 70,922 bilhões.
De acordo com o diretor de Pequenas e Médias Empresas do Itaú Unibanco, André Rodrigues, o Itaú deve fazer esse movimento de dobrar a operação, “pelo menos, preservando a rentabilidade, quiçá até melhorando na margem, dado que grande parte do investimento estrutural está feita”.
Para o executivo, a competição no setor quando racional, sustentável, não causa um problema do ponto de vista de rentabilidade. E mesmo estratégias mais agressivas muitas vezes também não prejudicam a rentabilidade, mas podem afetar a inclinação no crescimento.
“Nós já fizemos isso no passado, para preservar a qualidade do que estamos fazendo, às vezes, temos que tirar o pé do acelerador para não entrar em uma guerra que não faz sentido porque não é sustentável” argumentou.
Para Rodrigues, a necessidade de “completude” desse cliente o coloca à frente de bancos digitais, que podem ter atendimento limitado para as necessidades desse segmento, enquanto a “fórmula da Coca-Cola” na gestão de crédito desenvolvida nesses dez anos o distingue em relação aos incumbentes.
Ele ainda ressaltou o desenvolvimento do capital humano para tal tipo de operação e a decisão de regionalizar como diferenciais do Itaú.
Mesmo o cenário macro não é visto pelo executivo como um eventual vento contrário muito forte para a operação. “Pode ter uma calibragem da inclinação da curva, que eu acho que é natural, mas hoje temos conhecimento proprietário da base de clientes pra seletivamente continuar sempre crescendo”.
Falando do cenário atual, ele disse que a carteira deve, no mínimo, manter o ritmo de crescimento atual.
De olho nesse mercado, o Itaú lançou no mês passado uma nova campanha de reposicionamento de marca do Itaú Empresas, unidade de negócio voltada ao atendimento e assessoria para PMEs, que também conta com o ex-jogador Ronaldo Nazário para mostrar histórias de sucesso de clientes do banco.
Em julho, apresentou um aplicativo Itaú Empresas “mais ágil”, com interface simples e usabilidade intuitiva. Uma das novidades foi a facilitação da transição entre o app Itaú Empresas e o do Itaú para clientes pessoa física, com integração e redirecionamento do primeiro para o segundo.
Reportagem distribuída pela Reuters
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