Juros do cartão sobem na contramão do mercado

São Paulo – Os juros do rotativo do cartão de crédito avançaram em outubro, enquanto outras modalidades de crédito para as famílias apresentaram retração, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central (BC) ontem. Em relação a setembro, a taxa média do rotativo do cartão de crédito subiu, chegando a 317,2% ao ano. As informações são da Agência Brasil.
A taxa média é formada com base nos dados de consumidores adimplentes e inadimplentes. No caso do cliente adimplente, que paga pelo menos o valor mínimo da fatura do cartão em dia, a taxa chegou a 285,4% ao ano em outubro, queda de 4,8 pontos percentuais em relação a setembro.
Já a taxa cobrada dos clientes que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo da fatura (rotativo não regular) os juros subiram 18,5 pontos percentuais, indo para 338% ao ano.
O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.
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Em 2018, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito passem a pagar a mesma taxa de juros dos consumidores regulares. Mesmo assim, a taxa final cobrada de adimplentes e inadimplentes não será igual, porque os bancos podem acrescentar à cobrança os juros pelo atraso e multa.
Na modalidade de parcelamento das compras pelo cartão de crédito, a taxa chegou a 179,7% ao ano em outubro, com aumento de 1,5 ponto percentual.
Cheque especial – Já a taxa de juros do cheque especial caiu 1,7 ponto percentual em outubro, comparada a setembro, e atingiu 305,9% ao ano.
Apesar de estar menor, a taxa do cheque especial está entre as modalidades de crédito mais caras para as famílias, e a recomendação do BC é de que só seja usado em situações emergenciais.
No ano passado, os bancos anunciaram uma medida de autorregulamentação do cheque especial. Com as novas regras, os correntistas que utilizam mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos passaram a receber a oferta de um parcelamento, com taxa de juros menores que a do cheque especial definida pela instituição financeira.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem dito que redesenhará o cheque especial, considerado muito regressivo, ou seja, tem peso maior de juros sobre quem tem menor renda.
A taxa de juros do crédito pessoal não consignado caiu para 99,1% ao ano em outubro, com recuo de 13,8 pontos percentuais em relação a setembro. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) recuou 0,5 ponto percentual, indo para 20,9% ao ano no mês passado.
De acordo com o BC, a taxa média de juros para pessoa física caiu 1,6 ponto percentual em outubro, chegando a 49,7% ao ano. A taxa média das empresas ficou em 17,6% ao ano, queda de 0,2 ponto percentual.
Já a inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas ficou estável em 5%. Entre pessoas jurídicas, a inadimplência permaneceu em 2,5% em outubro.
Esses dados são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes.
Crédito direcionado – No caso do crédito direcionado – empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito -, os juros para as pessoas físicas caiu 0,1 ponto percentual para 7,6% ao ano. A taxa cobrada das empresas recuou 0,4 ponto percentual, para 8% ao ano.
A inadimplência das pessoas físicas no crédito direcionado permaneceu em 1,8% e a das empresas caiu 0,1 ponto percentual para 1,9%. (Folhapress)
Empréstimo a famílias impulsiona estoque
Brasília – O estoque total de crédito no Brasil subiu 0,3% em outubro sobre setembro, a R$ 3,373 trilhões, em mais um mês de alta nos financiamentos a famílias e baixa no saldo de empréstimos fechados por empresas.
No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o estoque geral de crédito no País cresceu 3,5%. Em 12 meses, houve alta de 6,3%, já superior ao percentual de 5,7% que o Banco Central (BC) havia projetado para o consolidado de 2019 em estimativa feita em setembro.
“A gente tem visto que esse desempenho tem acontecido com uma redução de taxas e, em tese, taxas mais baixas estimulam a tomada de crédito, estimulam também investimentos e ampliação de negócios e despesas de consumo”, afirmou o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.
A retomada da economia, ainda que de forma gradual, e o barateamento das condições de crédito, na esteira do ciclo de afrouxamento na Selic, são todos fatores que têm contribuído para o estímulo ao crédito, frisou Rocha.
Segundo dados divulgados pelo BC ontem, houve elevação de 1,1% em outubro sobre o mês anterior no estoque de crédito às pessoas físicas. Já entre as pessoas jurídicas, houve retração de 0,8%.
Também refletindo uma tendência esboçada nos últimos meses, o crédito livre, em que as taxas são livremente definidas pelas instituições financeiras, subiu 0,5% no mês, ao passo que o crédito direcionado avançou apenas 0,1%.
De janeiro a outubro, o estoque de crédito às famílias avançou 8,9%, enquanto entre as empresas foi verificado um recuo de 3,1%. O estoque de crédito livre, por sua vez, teve expansão de 8,5%, enquanto o direcionado sofreu diminuição de 2,3%.
Em um reflexo da redução da atuação do Estado como agente financiador, diretriz defendida com afinco pela equipe econômica capitaneada pelo ministro Paulo Guedes, o saldo de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) caiu 10,8% no acumulado do ano, chegando a R$ 396,286 bilhões em outubro.
Com isso, ele ficou abaixo de R$ 400 bilhões, o que foi visto pela última vez em abril de 2012, destacou Rocha. (Reuters)
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