Mercado de ações: mineração e energia podem render melhor em outubro, dizem especialistas

O cenário brasileiro de juros elevados e a desconfiança em relação à condução da política fiscal no Brasil impactaram o mercado de ações negativamente em setembro, fazendo com que as ações do Brasil apresentassem um desempenho abaixo da média global. O resultado, de acordo com especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio, levou o mercado financeiro a adotar uma postura de cautela para outubro.
No mês passado, setores que se beneficiaram com aumento de juros e inflação, como mineração e energia, foram os que apresentaram melhor desempenho. As ações que mais se destacaram foram as da CSN Mineração (24%), da Companhia Siderúrgica Nacional (12%) e da Vale (9%).
“Todas beneficiadas fortemente pelo corte de juros na China”, explica o especialista em investimentos na WIT Invest, Gustavo Ferraz. As mineradoras foram beneficiadas pelo movimento do governo chinês, que refletiu já no final de setembro no preço do minério de ferro.
Além disso, o corte de juros nos Estados Unidos e a menor preocupação sobre uma recessão acabaram aquecendo o mercado de maior risco, na visão do especialista. Entretanto, o mesmo ambiente refletiu negativamente em outros setores. Ações do Magazine Luiza (-20%), da Minerva Foods (-16%) e da Petrorecôncavo S.A. (-13%) foram as que mais sofreram com a alta dos juros e registram as maiores quedas.
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De acordo com as tendências observadas em setembro, Gustavo Ferraz acredita que o cenário de “caos” vinculado à recessão norte-americana esteja cada vez mais distante, proporcionando mais apetite a risco. “Acredito que o próximo mês será melhor, ainda mais por outubro ser um mês historicamente positivo para o mercado acionário”, argumenta.
Ferraz avalia que há oportunidades na bolsa, mas que o momento exige cautela na escolha dos ativos em função das incertezas econômicas. Mesma recomendação tem o estrategista em ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas.
Segundo ele, apesar de haver um potencial de valorização impulsionado pela queda dos juros nos EUA e pela nova rodada de estímulos na China, que podem ser grandes catalisadores para as ações locais, o ambiente econômico do País justifica a posição mais conversadora.
“Estamos adotando uma estratégia com foco nas empresas de grande capitalização e alta liquidez que indicam menor volatilidade. Além disso, estamos priorizando companhias cujo ciclo microeconômico está mais favorável, sinalizando melhores resultados para os próximos trimestres”, comenta.
Nesse sentido, as ações mais recomendadas para compra neste momento, na visão do analista de investimento da Lumi Research, Ricardo Salim, são as ações da CPFL Energia, Petrobras e Vulcabras. De acordo com ele, trata-se de uma sugestão estratégica que prioriza a segurança e a robustez operacional das companhias.
O sócio da Valor Investimentos, Paulo Henrique Duarte, acredita que outro fator importante a ser observado no mês de outubro é a escalada no conflito do Oriente Médio. “Vimos o preço do petróleo subir próximo a 4%, o que pode ser uma boa oportunidade para as ações das petrolíferas. Petrobras, que é uma das maiores pagadoras de dividendos do mundo e, apesar desse fato específico, está sempre na nossa lista de recomendação. Além da Prio (antiga PetroRio) que vem investindo bastante, fez uma fusão recente e vem comprando empresas menores, com novos postos de exploração”, recomenda.

Saindo das commodities, o especialista sugere ações da Localiza. “Apesar de ser um papel que sofreu bastante depois dos eventos de inundação no Rio Grande do Sul, a empresa vem se diversificando nos setores de atuação, entrando no mercado de aluguel de máquinas e equipamentos para o agronegócio. O resultado do primeiro trimestre veio abaixo do esperado, a empresa caiu quase 20% e nos níveis atuais acredito ser uma excelente aposta para o próximo ciclo”, afirma.
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