Mercado de ações: commodities, bancos e infraestrutura são apostas para novembro

O cenário internacional incerto, sobretudo com as eleições dos Estados Unidos (EUA) e os incentivos econômicos anunciados pela China, deixa o mercado de investimentos inseguro e com recomendações para aplicações de maior segurança em novembro. A alta da taxa Selic no Brasil e a perspectiva de subir ainda mais sugerem que os investidores mantenham cautela. Essa é a visão da maioria dos especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio.
Apesar de observado um potencial de valorização impulsionado pela queda dos juros nos EUA e pela nova rodada de estímulos na economia chinesa, que podem ser grandes catalisadores para as ações locais, o estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas, pontua que o cenário de juros elevados no Brasil e a desconfiança em relação à condução da política fiscal justificam a postura mais conservadora.
“Estamos com foco em empresas de grande capitalização, alta liquidez e menor volatilidade. Além disso, estamos priorizando companhias cujo ciclo microeconômico esteja mais favorável, sinalizando melhores resultados para os próximos trimestres”, explica .

O analista de investimentos da Lumi Research, Ricardo Slim, considera que segurança na bolsa brasileira gira em torno dos setores elétrico e bancário. “Grandes bancos, como Itaú e Banco do Brasil podem desempenhar melhor. No setor elétrico, as distribuidoras, geradoras e transmissoras são mais saudáveis microeconomicamente falando. Então, esperamos um desempenho melhor para Eletrobras ou a CPFL, que é muito seguro nesse sentido”, avalia.
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Para o especialista em investimentos na WIT Invest, Gustavo Ferraz, a bolsa está otimista com o possível alívio de políticas monetárias nos Estados Unidos, em que o Federal Reserve (Fed) deve considerar novos cortes na taxa de juros. Esse movimento pode beneficiar países emergentes, incluindo o Brasil, ao atrair fluxo de capital estrangeiro para ativos mais arriscados, como ações.
Nesse sentido, setores de infraestrutura e saneamento, como energia, continuam promissores, devido ao aumento dos investimentos nas áreas e à expectativa de privatizações. “Bancos e agronegócio também mantêm boas projeções, com o primeiro beneficiado pela Selic ainda alta e o segundo pela constante demanda doméstica e internacional”, analisa Ferraz.
Porém, conforme a análise do especialista da Genial Investimentos, em outubro, com o término das eleições municipais, houve uma maior presença de vitórias do centro e da direita, o que enfraqueceu o apoio à esquerda. “Esse panorama levou os investidores a aguardarem com expectativa um pacote de ajuste fiscal ou novas medidas de controle de gastos, que podem ser cruciais para a direção dos ativos brasileiros nos próximos meses”, pondera.
Entretanto, na opinião de Villegas, as medidas anunciadas pelo governo podem não resolver os problemas estruturais do País. “Elas podem ser suficientes para estabilizar o mercado no curto prazo. No entanto, a direção dos mercados internacionais continuará a exercer forte influência sobre os ativos brasileiros”, avalia.
O especialista ressalta ainda que “curiosamente, a bolsa local tem se mostrado resiliente, não apresentando quedas significativas, apesar das pressões nos mercados de juros e câmbio e tendência de baixa do Ibovespa”.
Na análise dele, esse cenário transmite duas mensagens importantes. “Primeiro, que o cenário externo é relevante: um dólar forte, juros em alta e uma bolsa americana em ascensão que acaba se refletindo no mercado brasileiro. E segundo, um mercado local que encontra suporte em suas variações atrativas, posição técnica saudável e resultados corporativos robustos”, aponta.
Para especialistas, eleições americanas são determinantes para desempenho da bolsa neste mês
Na análise do analista de valores mobiliários, Bruno Mazoni, as eleições americanas são a “chave” para os desempenhos de novembro. “Se Kamala for eleita, a festa é geral. Porém, se Trump retornar ao posto, apenas commodities e talvez bancos se beneficiem”, prevê.
O estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas, explica que é um cenário já esperado pelo mercado. Em caso de vitória de Donald Trump, uma nova rodada de anúncios fiscais pode ser direcionada ao estímulo da economia chinesa, fato que teria potencial para impulsionar as cotações das commodities.
Pelo lado mais pessimista, o especialista em investimentos na WIT Invest, Gustavo Ferraz, analisa que o setor de varejo enfrenta desafios devido à volatilidade cambial e às margens reduzidas. “Apesar de uma leve recuperação no consumo, a instabilidade pode pressionar resultados e impactar negativamente as ações do setor”, alerta.
Paulo Henrique Duarte, da Valor Investimentos, acredita que o impacto das eleições será de curto prazo, mas se dará. “Nesse sentido, o momento segue bom para o setor financeiro, sendo os bancos as principais opções. A carteira mais cotada e com o melhor preço é a do Banco do Brasil, já que está sendo negociada a valores bem abaixo dos papéis de Itaú e Bradesco, com bom espaço para subir”, afirma.
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