Finanças

Mercado de ações: setor bancário pode render melhores resultados em maio, segundo especialistas

Recuperação gradual é prevista motivada pela queda da inadimplência, menor inflação e mercado de trabalho aquecido
Mercado de ações: setor bancário pode render melhores resultados em maio, segundo especialistas
O teor da ata da reunião do Fed nos EUA acalmou o mercado acionário em todo o mundo | Crédito: Reuters / Andrew Kelly / File Photo

Depois de um mês desafiador como o de abril, influenciado pelas mudanças nas perspectivas de política monetária nos Estados Unidos (EUA) e pela deterioração fiscal no Brasil, que produziram consequências negativas no desempenho de ativos locais, especialistas do mercado financeiro ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO afirmam que maio traz um certo alívio, porém ainda com instabilidade, para o mercado de ações.

Para o analista da Genial Investimentos, Ygor Bastos, o início de maio trouxe sinais positivos dos EUA, a começar com a ata da reunião do Federal Reserve Bank (Fed) – órgão governamental norte-americano, equivalente ao Banco Central brasileiro -, que eliminou o risco de não haver cortes de juros este ano, afastando também o cenário de uma retomada no ciclo de alta de juros nos EUA.

Para Bastos, o cenário americano trouxe um alívio, porém ainda há uma continuidade na volatilidade, com foco especial nas decisões de política monetária nos EUA e no Brasil. Tal cenário faz a equipe de análise e estratégia da Genial Investimentos acreditar que o momento para os ativos brasileiros continua extremamente complexo devido às novas perspectivas para a condução dos juros globais. 

“Nesse contexto, mantemos uma postura conservadora, mas estamos atentos às oportunidades que possam surgir, considerando um ambiente técnico favorável, caracterizado por baixa alavancagem do mercado e preços atrativos. Estamos prontos para adotar uma postura mais agressiva, caso o mercado permita”, avalia o estrategista de ações da Genial Investimentos, Filipe Villegas.

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Paulo Henrique Duarte, gestor de unidade da Valor Investimentos, reforça que abril foi um mês complicado, sobretudo, no que se diz respeito a juros externos. “O mercado exagerou para o quadro negativo no mês de abril, e acredito que maio vá ser um mês de acomodação sendo um pouco mais positivo”, analisa.

“Por outro lado, a gente tem no momento, a crise no Rio Grande do Sul. A prioridade ainda é obviamente o lado social, mas num segundo momento haverá impactos econômicos. Será preciso também algum tipo de apoio na frente econômica, entendendo que tipo de impacto isso vai ter para a economia, não só do estado, mas às vezes até no PIB nacional”, analisa.

Diante do cenário, os especialistas do mercado financeiro apostam no setor bancário como principal segmento para performar no quinto mês do ano. O head de research da Terra Investimentos, Régis Chinchila, explica que o setor possui perspectivas de recuperação gradual. “Em função da queda consistente da inadimplência, espera-se uma melhora na qualidade dos ativos, sobretudo, impulsionada pela combinação de menor inflação, mercado de trabalho aquecido e critérios mais seletivos na concessão de crédito pelos bancos”, explica. 

Duarte, da Valor Investimentos, também sugere o setor bancário como o mais recomendável para investir em ações. Ele exemplifica com o alto desempenho do Banco Itaú e aponta outros motivos. “Ainda estamos no meio da temporada de balanços, mas até agora, o setor financeiro tem ressaltado. A gente teve o resultado do Itaú essa semana que veio muito forte, com lucro recorde, momento operacional retocável com o ROI, que é o retorno sobre o capital, muito elevado, mesmo nesse cenário desafiador. E a gente vê também na sequência, o controle de provisionamento da inadimplência para os bancos em geral, sendo revertido, o que entra diretamente como resultado, como lucro”, explica.

Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos, que também recomenda o setor bancário para o maio, explica que o segmento tem perspectivas de uma recuperação gradual em 2024. “Em função da queda consistente da inadimplência, espera-se uma melhora na qualidade dos ativos, sobretudo, impulsionada pela combinação de menor inflação, mercado de trabalho aquecido e critérios mais seletivos na concessão de crédito pelos bancos”, ressalta. 

Isso tende a estimular o crescimento das carteiras de crédito, especialmente para pessoas físicas, de acordo com o especialista, prevendo-se um aumento de cerca de 10% nesse segmento.

Ações de outros setores podem performar bem em maio

Outros dois setores que Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos recomenda para as apostas financeiras são o setor de consumo/varejo e o de transportes. O de consumo por influência de diversos aspectos como o aumento real do salário mínimo e a redução da taxa Selic que tendem a impulsionar o poder de compra das famílias, estimulando o consumo e beneficiando as vendas e consumo em geral. 

No transporte, Chinchila avalia que com a recuperação econômica, a evolução da infraestrutura e a demanda por mobilidade sustentável produz uma expectativa de que as empresas continuem buscando inovação e eficiência para enfrentar os desafios do mercado, aproveitando oportunidades de crescimento.

Para Paulo Henrique Duarte, gestor de unidade da Valor Investimentos, outro setor de destaque é o de frigoríficos, principalmente os voltados para as operações envolvendo frango. “Nesse cenário vale comentar a JBS e a Tyson, que é uma concorrente da JBS nos EUA, que já apresentou o resultado, e veio muito bom. Então, a gente também espera um resultado muito favorável para a JBS. Também podemos comentar da BR Foods, que apresentou um resultado forte e inclusive anunciou um programa de recompra de ações, mostrando que o momento é positivo”, analisa.

Para concluir, ele cita o setor de construção civil, com empresas registrando recordes de vendas. “É um setor que normalmente se favorece muito no ambiente de juros e surfa bem essa onda”, argumenta.

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