Vendas de consórcios registram crescimento de 7% em Minas

Apesar de ter sido um ano marcado por oscilações e instabilidade na economia, o sistema de consórcios encerrou 2024 com crescimento de 7% nas vendas em Minas Gerais, um indicador que o setor vem registrando há cerca de cinco anos. Os dados fornecidos pela Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac) englobam os segmentos de imóveis, veículos pesados e leves, eletroeletrônicos, outros bens, motocicletas e serviços.
No Estado, o total das vendas passou de 408 mil cotas para mais de 437 mil, contribuindo para que as cotas ativas no período superassem 1,17 milhão. O número é 14,2% maior que todo o ano de 2023 quando havia 1,03 milhão de cotas ativas.
O diretor executivo da Âncora Consórcios, Daniel Venancio, comenta que o consórcio tem crescido em todo o País mesmo com as altas na taxa de juros. Para ele, o amadurecimento do segmento tem contribuído para que ano a ano o setor supere, inclusive, as taxas de inflação. A empresa tem forte atuação em Minas.

Segundo ele, as pessoas estão confiando mais e entendendo melhor como funciona um consórcio, já que a taxa de administração é muito menor que uma taxa de juros de financiamento. Além disso, ele alega que o produto ‘consórcio’ tem sido encarado cada vez mais como investimento.
“Antes ele era muito usado para aquisição de bens: um empresário que queria trocar frota ou uma pessoa que queria comprar uma casa. Hoje, já tem um público de investidores que colocam recursos dentro dos consórcios, compram imóveis, alugam, e o próprio bem se paga”, aponta Venancio.
Além desse ponto, o diretor comercial da BP Consórcio, Rogério Bento, argumenta que o aumento da taxa de juros dificultou o acesso ao financiamento. Seja de automóveis ou de imóveis, o mercado apresenta mais dificuldade de se tomar crédito.
“Há uma discrepância do custo do consórcio hoje, que faz com que o custo financeiro final seja infinitamente menor do que o empréstimo ou financiamento. Dessa forma, isso tem feito o sistema de consórcio crescer muito”, avalia Bento.
No Estado, o segmento “eletros/outros bens” que contempla eletrodomésticos, celulares, notebooks e mobiliários em geral para casa ou escritório, foi o que mais cresceu em vendas, registrando um aumento de 132%. Em 2023, foram 11,4 mil cotas vendidas contra 4,9 mil em 2023 no mesmo intervalo.
De acordo com o relatório da Abac, o consórcio de eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis vem se atualizando com a presença de novos produtos, especialmente atendendo ao consumidor com intenção de renovar ou atualizar seus eletrônicos e mobiliários. De acordo com a entidade, ao longo dos doze meses de 2024 ocorreu uma forte retomada e o maior interesse esteve nos telefones celulares.
Porém, o diretor comercial da BP Consórcio, Rogério Bento, ressalta que este segmento, somado ao segmento de serviços, não responde por nem 4% das cotas ativas. E que apesar do crescimento ser exponencial é um aumento sem expressão, mas que já aponta um mercado em expansão, o de smartphones.
Consórcio de imóveis é o que mais cresce, segundo especialistas
Os segmentos de imóveis, veículos leves e serviços também cresceram no Estado, de acordo com os números da Abac. No setor imobiliário, a alta foi de 33%; em veículos leves 3,8% e serviços, 25%. O diretor da Âncora Consórcios comenta que o setor de imóveis é o que mais tem crescido ao longo dos anos em função do novo olhar que se tem dado aos consórcios.
“Volto à questão do papel do investidor. Além disso, não só o mineiro, mas os brasileiros estão querendo imóveis em outro patamar. Quem estava acostumado com Minha Casa, Minha Vida agora já vislumbra comprar um terreno e construir uma casa”, afirma Venancio.
A opção do consórcio faz no caso dos veículos leves, o consorciado pagar seis vezes a menos tendo como referência a média mensal. “Enquanto num financiamento de um seminovo, você paga de 2,5% a 5% ao mês, num consórcio de veículo, você vai pagar de 0,5% a 0,6%”, pontua Venancio.
Na contramão, os segmentos de veículos pesados e de motocicletas reduziram as negociações no período. O primeiro teve queda de 20,6%, e o segundo, de 2,8% em Minas Gerais no ano passado se comparado a 2023.
Nesse sentido, Venancio avalia como uma questão de tecnologia. “Você tem menos cotas, mas tem um tíquete médio maior no segmento de pesados. Os maquinários estão mais modernos. Onde antes você precisava de dois tratores, hoje você precisa de um só. Se antes eles custavam R$ 500 mil, hoje custam mais de R$ 1 milhão e oferecem mais tecnologia”, exemplifica.
Segundo estudos da assessoria econômica da Abac, considerando a sequência na redução do desemprego, o aumento estabelecido para a taxa Selic pelo Banco Central, o controle da inflação, o mercado internacional e as oscilações do câmbio, as perspectivas para o setor de veículos pesados, sinalizam crescimento de 10% este ano.
Veículos leves ainda respondem por mais cotas vendidas
Em termos de número de cotas vendidas, o consórcio de veículos leves ainda é o mais procurado e o mais representativo, sendo responsável por quase metade das cotas negociadas (44%) no Estado.
Ao todo, foram 193,5 mil cotas em 2024 do total de 437 mil. O segmento é responsável também por 49,5% das cotas ativas no Estado. Ao todo, são 582 mil do total de 1,17 milhão. Para o diretor da BP Consórcio, trata-se de uma demonstração do amadurecimento do setor.
“O segmento de consórcio de veículos leves é maduro, corresponde a quase metade das cotas e deve continuar assim”, afirma Rogério Bento.
Perspectiva é que o setor cresça até 8% no Brasil este ano
Os números bem-sucedidos de Minas Gerais contribuíram para que o sistema de consórcios em todo o País batesse recordes. No ano passado, foram 4,49 milhões de cotas vendidas e 11,21 milhões de participantes ativos, números recordes para o setor.
Conforme dados da Abac, o crescimento registrado foi de 7,4% em cima das 4,18 milhões de adesões conquistadas em 2023, confirmando as projeções da assessoria econômica da entidade, feitas no final de 2023. Os negócios, resultantes da comercialização desse volume significativo de cotas, também bateram recorde e atingiram a marca de R$ 378,73 bilhões, 19,6% acima dos R$ 316,7 do ano anterior.
A soma das adesões em todo o País originou-se de 4,84 milhões de cotas de veículos leves; 3,03 milhões de motocicletas; 2,13 milhões de imóveis; 850,28 mil de veículos pesados; 259,36 mil de eletroeletrônicos e outros bens duráveis; e 107,57 mil de serviços.
Tal desempenho faz o presidente executivo da Abac, Paulo Roberto Rossi, projetar novos recordes de adesões, negócios e participantes. De acordo com ele, as expectativas apoiam-se principalmente na continuidade do crescimento da conscientização do consumidor sobre planejamento financeiro, que coloca o consórcio como uma opção racional e segura para consumidores e investidores.
Entretanto, ao ponderar a possível estabilização da inflação, já refletindo sobre as altas da taxa Selic, e a tendência na redução do desemprego, porém com alguma desaceleração da economia, Rossi acredita que o ano de 2025 será um ano de superação de desafios.
“A exemplo de 2024, estimo que o sistema de consórcios poderá crescer até 8%. Um resultado que de todos os setores calculado a partir dos crescimentos estimados de cada um”, concluiu.
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