Novos sócios da Cosan permitirão desinvestimento com melhor qualidade, dizem executivos

A entrada de novos sócios na Cosan é um passo importante e urgente para resolver o problema de alavancagem financeira, e abre espaço para que o grupo tenha mais tempo para desinvestir com melhor qualidade, disseram executivos do conglomerado nesta segunda-feira.
Anunciada na véspera, a operação prevê uma capitalização no valor de R$ 10 bilhões em duas ofertas de ações, sendo a primeira delas ancorada por um consórcio de investidores composto pela Aguassanta — veículo do controlador da Cosan, Rubens Ometto –, BTG Pactual Holding e Perfin Infra, em valor agregado de R$ 7,25 bilhões, a R$ 5/ação. A precificação da segunda e última oferta, vinculada à primeira, está prevista para 11 de novembro.
Em teleconferência para explicar a transação, o diretor financeiro, Rodrigo Araujo, e o presidente da Cosan, Marcelo Martins, disseram que ela é resultado de um “longo processo competitivo”, em meio à busca do conglomerado para reduzir seu elevado endividamento, pressionado pela subida de juros no Brasil no último ano.
A dívida líquida da Cosan somava ao final do segundo trimestre R$ 17,5 bilhões.
Mas eles ressaltaram que este não é o “único passo” de desalavancagem, e que a empresa continuará perseguindo vendas de ativos, mas agora com mais fôlego para aguardar melhores condições de mercado para as alienações.
“As condições de mercado para vendas de ativos têm sido bastante ruins… Nós buscamos alternativas através de investidores privados, que poderiam aportar capital resolvendo imediatamente a nossa questão da alavancagem”, disse o CEO da Cosan.
“Agora nós temos fôlego, temos tempo, tranquilidade, junto com nossos sócios, para definir a estratégia de desinvestimento no tempo que será necessária para chegar no endividamento próximo ou zero, que é nosso objetivo final nos próximos anos”, acrescentou.
Os executivos destacaram ainda que a operação não traz apenas benefícios financeiros, mas também de governança, ao envolver dois grupos financeiros renomados, com importante “expertise”, e alinhados com o controlador Rubens Ometto na visão de futuro para a Cosan.
Aguassanta, veículo de Ometto, continuará como sócio controlador da Cosan, com 50,01% das ações vinculadas ao acordo. Haverá um acordo de acionistas, com prazo de 20 anos.
Ometto, ou outra pessoa apontada por ele, permanecerá como presidente do conselho de administração da Cosan por três mandatos (seis anos). O veículo Aguassanta poderá nomear cinco conselheiros, incluindo um independente, enquanto BTG Pactual e Perfin Infra nomeiam quatro conselheiros, incluindo um independente.
“É importante ter um acordo (de acionistas) longevo, 20 anos. Durante esses seis anos iniciais, não há mudança na estrutura, a partir daí, há possibilidade de se vincular ações… eventualmente mudando o desenho inicial estabelecido. Isso significa basicamente fazer uma transição estruturada na sucessão do acionista controlador, de forma que ele também possa continuar controlador a partir do sexto ano”, disse Martins.
Em relação à Raízen, que não receberá nenhum recurso da capitalização da Cosan, o diretor financeiro destacou que a companhia segue buscando sócios para também reduzir o endividamento da produtora de açúcar e etanol.
A Raízen, joint venture da Cosan com a Shell, fechou o segundo trimestre com dívida líquida de R$49,2 bilhões.
Além da Raízen, a empresa tem em seu portfólio a Rumo, a Compass, a Moove e a Radar, que atuam nas áreas de logística ferroviária, gás natural, lubrificantes e gestão de propriedades agrícolas, respectivamente.
(Conteúdo distribuído por Reuters)
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