Finanças

Open banking trará mais eficiência e competitividade

Open banking trará mais eficiência e competitividade
Crédito: REUTERS/Adriano Machado

No começo de maio, o Banco Central (BC) iniciou o processo de regulamentação do Sistema Financeiro Aberto (SFA), mais conhecido como open banking.

Após a autorização do Conselho Monetário Nacional (CMN), a previsão de funcionamento ficou agendada para 30 de novembro deste ano, com estimativa de estar totalmente implantado até outubro de 2021.

O SFA é um sistema de compartilhamento de dados, informações e serviços financeiros de uma plataforma para outra que promete desburocratizar a vida do cidadão comum, livrando-o da necessidade de diversos cadastros a cada compra ou acesso a um produto ou serviço financeiro, e uma miríade de novos negócios para agentes do sistema financeiro ou players entrantes, como as redes sociais e empresas de varejo, por exemplo.

De acordo com o diretor de Marketing e Inovação da Sinqia – empresa de tecnologia para o mercado financeiro -, Léo Monte, o objetivo do BC é fomentar a inovação, a concorrência e a eficiência do sistema financeiro, tornando-o mais justo, seguro e garantindo a interoperabilidade.

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O resultado final seria a desconcentração do mercado financeiro – hoje dominado por menos de dez grandes instituições. O aumento da competitividade geraria economia para os clientes, que teriam mais opções de fornecedores.

“É a oportunidade que temos de aumentar a competição nesse mercado, quebrando a verticalização do sistema financeiro. Hoje os dados estão concentrados nos grandes bancos, e mesmo os dados que estão nos médios e pequenos também estão nos grandes. Então, mesmo oferecendo taxas mais atrativas, os menores não conseguem entregar os mesmos produtos que os grandes e acabam não conseguindo competir. Nesse novo momento de compartilhamento das informações não precisa ser assim. O cliente não vai precisar ter várias contas. Digo que vai ser como um Facebook connect, com uma só conta você vai acessar as diferentes plataformas, os diferentes fornecedores e escolher aquele que melhor te atende”, explica Monte.

O executivo, porém, chama a atenção para uma mudança de mentalidade que deve preceder os movimentos mais ousados do mercado, gerando, inclusive, novos modelos de negócios. Mais do que uma questão de tecnologia, o open banking só alcançará os resultados pretendidos quando consumidores e as empresas confiarem no sistema.

“Novos modelos de negócios vão surgir uma vez que tenho a possibilidade de ter a portabilidade do usuário. Com isso, posso oferecer uma taxa menor porque o custo operacional também será menor. Muitos bancos médios, apesar de não serem obrigados, vão entrar agora no sistema porque estão vendo uma oportunidade de competir com os grandes. Romper completamente com a cultura que existe hoje, porém, será um processo longo, que só será possível a partir da maturidade de entendimento das instituições. Vamos pensar em convergência de serviços, entender o que vai acontecer quando misturarmos diferentes mercados como bancos, fintechs, varejistas e as próprias redes sociais e talvez outros que ainda não vislumbramos. Vamos ter serviços financeiros muito mais integrados em tudo”, pontua o diretor de Marketing e Inovação da Sinqia.

PIX chega para concorrer com transferências e cartões

Em junho, foi instituído oficialmente o Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) e a Conta de Pagamentos Instantâneos (Conta PI), dando mais um passo para a implementação do PIX, que permite pagamentos instantâneos e transferência entre contas 24 horas por dia, todos os dias da semana, em até 10 segundos.

De acordo com o Banco Central, cerca de 140 instituições financeiras solicitaram adesão ao PIX, que tem previsão de começar a operar em novembro como a primeira funcionalidade do open banking.

Segundo o diretor de Inovação e Novos Negócios da Matera – empresa de tecnologia voltada ao mercado financeiro, fintechs e gestão de riscos -, Alexandre Pinto, a expectativa é de que o pagamento instantâneo seja rival direto das transferências bancárias e dos cartões de débito e crédito.

“A tendência já estava dada, a digitalização e a desintermediação já estavam acontecendo. O mercado financeiro ia em um ritmo mais lento porque estamos falando de dinheiro e confiança. Pode haver um impacto sobre os bancos em termos de receita, já que farão menos TEDs e boletos. Eles têm a seu favor a capilaridade e a cultura, mas o brasileiro gosta de tecnologia, e acredito em uma rápida aderência à ferramenta. O PIX será uma espécie de ‘internet das contas’, possibilitando o surgimento de novos modelos de negócios, como o de pequenos pagamentos. O Brasil está preparado e sai na frente de grandes mercados como os Estados Unidos, por exemplo, que só vai fazer algo semelhante a partir de 2023. Podemos ser, inclusive, fornecedores de tecnologia para eles em breve”, analisa Pinto.

Para o especialista, são os bancos médios os que mais podem aproveitar a oportunidade para aumentar a base de clientes e competir com os grandes, principalmente se conseguirem fazer parcerias com fintechs especializadas no serviço.

“Essa mudança de comportamento abre a possibilidade para os médios começarem a oferecer o mesmo produto para outras regiões do Brasil. É muito difícil competir com a capilaridade dos grandes. Quem conseguir antecipar esse movimento vai levar uma grande vantagem, principalmente em parceria com as fintechs. A tecnologia já existe e depende da implementação com segurança e mecanismos antifraudes. A ideia era usar a tecnologia por aproximação, mas o QRCode é mais democrático. Em 2021, vai ser possível gerar links de pagamento off-line. Vamos poder falar em substituir o plástico dos cartões e maquininhas”, completa o diretor de Inovação e Novos Negócios da Matera.

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