Operações com as MPEs somaram R$ 92,8 bi
A concessão de crédito para os pequenos negócios cresceu mais de 57% no segundo trimestre de 2022 em relação aos três primeiros meses do ano, chegando a R$ 92,8 bilhões, aponta levantamento realizado pelo Sebrae com base em dados do Banco Central (BC). No total, de janeiro a junho, houve um acréscimo de 0,62% quando comparado ao mesmo período de 2021, totalizando R$ 151,9 bilhões concedidos em operações de crédito para microempreendedores individuais (MEI), micro e pequenas empresas.
“Acredito que houve nos últimos anos, sobretudo, um maior conhecimento por parte das instituições financeiras sobre quem são os pequenos negócios no País”, afirma o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Esse pode ser um dos motivos para que o trimestre tenha alcançado a maior concessão de crédito para o segmento da série histórica. “Os donos de micro e pequenas empresas passaram a ser também conhecidos por seu comportamento em relação ao crédito. Os programas emergenciais, a exemplo do bem-sucedido Pronampe, foram muito importantes e os pequenos negócios, sendo bem orientados e assistidos nessa jornada de crédito, mostraram que os recursos foram utilizados de forma produtiva, gerando, assim, histórico de pagamentos de empréstimos, mostrando-se também resilientes à pandemia, e capazes de modificar seus negócios e manter os níveis de inadimplência baixos”, acrescenta.
Esse reconhecimento do mercado fica claro em outro ponto abordado pelo estudo, com a alta de 2,5% na quantidade de tomadores de crédito no sistema financeiro nacional na soma de abril, maio e junho, em termos comparativos com os meses de janeiro, fevereiro e março. No acumulado de um ano – contando a partir do segundo trimestre de 2021, a evolução foi de 14%, pulando de 6,4 milhões para 7,3 milhões de tomadores de crédito. “Em 2016, eram somente cerca de 5 milhões, o que mostra a importante e necessária evolução do mercado de crédito para essas empresas”, explica.
Na mesma esteira, o valor médio das operações também subiu significativamente, favorecido pelos programas emergenciais de crédito durante a pandemia. Melles argumenta que no começo de 2020, por exemplo, o valor médio das operações de crédito dos pequenos empreendimentos girava em R$ 10,3 mil. Agora, no segundo trimestre de 2022, atingiu quase R$ 18 mil.
Nesse contexto, as empresas de pequeno porte e os MEI foram os que mais realizaram operações de crédito, respondendo por um aumento 26,3% e 16%, respectivamente, entre o segundo trimestre de 2020 e o mesmo período deste ano. No montante final, o setor conta com um avanço de 14% na carteira de operações realizada nessa janela de tempo analisada pelo Sebrae, partindo de 26,2 milhões e alcançando 29,3 milhões.
Inadimplência estável
Mesmo com os números positivos verificados no segundo trimestre do ano, os dados acerca da inadimplência de pequenos negócios permanecem praticamente estáveis. Ainda assim, o presidente do Sebrae, Carlos Melles, faz um alerta aos empreendedores: “todo crédito tomado hoje é uma dívida e se torna uma obrigação a ser paga no futuro. Portanto é lá, no futuro, que a empresa precisa estar financeiramente saudável e robusta”. Ele cita o programa Crédito Assistido, criado pelo Sebrae em 2020. “Apoiamos os empreendedores a praticarem o que chamamos de tomada de crédito consciente, de forma que a decisão de buscar um empréstimo seja feita de forma muito bem planejada, orientada e em prol do desenvolvimento dos negócios”, esclarece.
Os dados divulgados pelo BC ainda não incorporam as novas rodadas de crédito nos âmbitos do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (FGI PEAC), que passaram a operar no terceiro trimestre de 2022. (ASN)
Saldo da carteira deve crescer 1% em agosto
O saldo total da carteira de crédito deverá mostrar novo crescimento no mês de agosto, com alta estimada de 1,0%, revela a Pesquisa Especial de Crédito da Febraban, o sétimo avanço seguido do ano, excetuando o resultado de janeiro, que ficou estável. O avanço deve ser liderado pelo crédito direcionado com alta estimada de 2,4%, com forte desempenho tanto na carteira pessoa física (+2,9%) quanto na de pessoa jurídica (+1,5%).
Com o resultado, o ritmo de expansão anual da carteira de crédito deve ficar em 16,2%, apresentando alguma desaceleração, ante estimativa feita pela entidade para julho, de alta de 17,1%. Em junho, último dado divulgado pelo Banco Central, a expansão em 12 meses do crédito foi de 17,8%.
Além da elevada base de comparação, o processo de desinflação da economia, e os impactos restritivos da alta dos juros, dentre outros fatores, devem gerar alguma acomodação do ritmo de crescimento do crédito no 2º semestre. Ainda assim, o crescimento esperado para o ano é bastante elevado, novamente acima de dois dígitos.
“Seguimos com um cenário de forte ritmo de expansão do crédito neste começo de 2º semestre, mas com alguns sinais de desaceleração”, avalia o diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, Rubens Sardenberg. “Para as famílias, o destaque do mês de agosto deverá ser o crédito rural, impulsionado pelo Plano Safra 2022/2023, cuja liberação de recursos se acelerou no mês, uma vez que houve algum atraso em julho, no início do programa. Já para as empresas, avaliamos que o resultado será influenciado por novas rodadas dos programas públicos de crédito, como o Pronampe e o FGI-Peac, que concedem recursos para micro, pequenas e médias empresas, além de microempreendedores individuais.”
A pesquisa mostra que em relação à carteira com recursos livres, o resultado deverá ficar praticamente estável em agosto, com ligeira alta de 0,1% em ambos os segmentos – pessoa física e jurídica. Em 12 meses, o ritmo de expansão da carteira livre deve seguir próximo aos 20%.
Concessões
As concessões de crédito devem apresentar crescimento mensal de 8,7% em agosto, impulsionadas pelo maior número de dias úteis ante julho. Quando ajustado, o volume de concessões deve mostrar pequena retração, de 0,7%. O volume acumulado em 12 meses, no entanto, deve permanecer praticamente estável, com expansão de 24,6% (ante 24,7% em julho, segundo estimativa da Febraban).
O resultado sinaliza que a injeção de crédito na economia tem se mantido em um patamar expressivo, mesmo com cenário de elevação da taxa Selic e dos sinais de crescimento da inadimplência.
Em resumo, o desempenho positivo (do volume ajustado) deve ficar concentrado nas operações com recursos direcionados, impulsionados pelos programas públicos de crédito. As operações com recursos livres, por sua vez, devem mostrar ligeira retração. Além de um menor impulso da reabertura das atividades (que já vem se normalizando), o resultado reflete o processo de desinflação da economia, que reduz o tíquete médio das operações, como nas concessões com cartão à vista, além de já capturar os impactos da política monetária mais restritiva, que afeta especialmente as linhas mais sensíveis aos juros, como o financiamento de veículos.
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