Método do orçamento base zero reduz gastos desnecessários nas empresas

Empresas que optam por elaborar seus orçamentos do ano seguinte pela metodologia conhecida como base zero conseguem reduzir, em média, de 9% a 18% de seus custos anuais. Em alguns casos, a queda é ainda mais significativa. É o que revela a head de eficiência operacional e sócia da AGR Consultores, Jessica Costa.
Conhecido pelo estigma de promover demissões, o método “orçamento base zero” tem vencido esse paradigma e conquistado cada vez mais líderes que entendem que a prática vai além da simples redução de custos. A metodologia associa disciplina e estratégia, com foco em uma gestão que evita gastos viciados.
Segundo Jessica Costa, o modelo elimina os vícios orçamentários do passado e constrói a previsão dos gastos do ano seguinte com base na estratégia da empresa, e não mais no histórico. “Ou seja, em vez de projetar o orçamento do próximo ano a partir do que foi gasto anteriormente, as empresas passam a planejar de acordo com os objetivos que querem alcançar”, explica.
Quando se utiliza a base histórica, detalha a especialista, a tendência é que o orçamento cresça ano a ano, incorporando gastos que poderiam deixar de existir, mas permanecem porque não são avaliados de forma crítica.

Para exemplificar, Jessica Costa cita o caso de uma empresa em que o departamento de Recursos Humanos defendia a confraternização de fim de ano com a presença de familiares dos colaboradores. Houve discussão entre as áreas sobre manter ou não os familiares na festa. Uma pesquisa interna mostrou que mais de 60% dos funcionários preferiam participar sozinhos, por não se sentirem confortáveis em levar parentes ao ambiente corporativo. “É um exemplo de como a metodologia desmistifica verdades consideradas absolutas. Nesse caso, a de que todos queriam levar família à festa, o que não era real”, diz.
A especialista, no entanto, ressalta que o orçamento base zero não é uma metodologia exclusiva para cortar gastos. “A redução de custos é a consequência de um orçamento bem feito”, defende.
Planejamento do orçamento base zero depende de equipe multidisciplinar
Para a execução adequada, são necessários mais esforços das equipes, que precisam ser multidisciplinares. “Não podem ser apenas os times de finanças ou de controladoria”, afirma. Segundo ela, essas barreiras culturais precisam ser superadas para quebrar paradigmas.
A multidisciplinaridade garante questionamentos diferentes e soluções inovadoras. Tira os gestores da zona de conforto e gera sentimentos de amor e ódio durante o processo. “As pessoas se empolgam com a mudança, depois se incomodam com a quebra de barreiras, mas, por fim, quando os resultados aparecem, os gestores nos procuram até para agradecer”, relata.
O método também demanda mais tempo. “Você sai de um período orçamentário de um mês e meio e passa para três a quatro meses. É um desafio, mas não é algo para ser feito todo ano. O ideal é a cada quatro anos, para identificar vícios e reconstruir o orçamento”, orienta.
A metodologia pode ser aplicada em qualquer tipo de empresa, desde um microempreendedor individual até uma multinacional de grande porte. “O que muda é a forma de execução. Não se chega da mesma maneira em uma empresa familiar e em uma companhia de capital aberto. É fundamental compreender a cultura e o porte da organização, mas a metodologia é aplicável a todas”, conclui.
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