Finanças

Ouro ainda pode ser um bom negócio para investidores mesmo sem B3

Metal é considerado um refúgio para investidores em momentos de crise
Ouro ainda pode ser um bom negócio para investidores mesmo sem B3
B3 deu o prazo aos investidores para se organizarem diante do encerramento das negociações | Crédito: Michael Dalder / Reuters

A negociação do ouro como produto financeiro B3 no Brasil vigorou até fevereiro. Considerado o ativo mais rentável do mercado financeiro no País em janeiro de 2024, foi alegado que o metal não estava atraindo mais os investidores. Outros ativos relacionados ao ouro, como Exchange Traded Fund (ETF) e o Brazilian Depositary Receipts (BDR) de ETFs, trariam mais liquidez e facilidade operacional — aumentando os olhares dos investidores. Com isso, muitos deles que ainda tem o metal em custódia encontram certa dificuldade na revenda.

A B3 (Brasil, Bolsa e Balcão) deu o prazo aos investidores para se organizarem diante do encerramento das negociações ainda em 2023. No entanto, a medida desagradou muitos, que não esperavam a notícia. “Com o término das negociações de Ouro Spot (compra e venda de ouro físico), os investidores que têm seus investimentos em custódia ficaram prejudicados e sem saber onde investir e, principalmente, para quem vender”, afirmou o diretor de câmbio da Ourominas (OM), Mauriciano Cavalcante.

De acordo com o executivo, em 2020, houve uma demanda recorde devido ao cenário pandêmico de Covid-19, levando os investidores a buscarem pela segurança que havia no metal. Além disso, as guerras e conflitos mundiais envolvendo Rússia e Ucrânia, e, Israel e Hamas, também contribuíram para a elevação do produto no mercado. A alta procura por reserva de valores — oferecida pelo ouro — também rendeu alguns períodos de volatilidade, que deram espaço para a chegada de outros ativos atrelados ao metal precioso.

Segundo Cavalcante, atualmente, nesse momento de incertezas e dúvidas, é importante entender qual é a melhor solução e procurar por opções que possam afastar o risco de prejuízos. “Nesse cenário, a Ourominas está ajudando esses investidores, oferecendo liquidez, tanto na venda quanto na compra desse ouro”, disse.

Já o especialista e sócio da Valor Investimentos, Gabriel Meira, discorda da dificuldade de revenda do metal. “A dificuldade não é muito bem de revender. É revender no preço que o investidor quer, porque quando você tinha o ouro custodiado pela B3, você tinha um atestado de veracidade da própria B3, com a custódia dentro da própria B3. Então, quando ela encerrou essas posições no mercado à vista, foi exatamente para diminuir custos. Neste caso, todos os investidores vão ter que pagar um Imposto de Renda (IR) para poder retirar e o governo acaba arrecadando mais com essas operações”, avaliou.

Entretanto, Meira observou que, “quando se tira da custódia da B3, o ouro já perde um valor absurdo. Vamos falar aí de algo entre 20% e 30% na barra, que é uma custódia mais comum ali na B3. Então, já que o investidor agora tem a barra ou a lâmina, ele tem que vender no mercado normal. Vai haver a necessidade de ir em uma joalheria e ver quanto que o empresário está pagando. Não é mais um mercado organizado, é um mercado de balcão agora. Então, a dificuldade está sendo exatamente essa, principalmente pra quem tinha ouro em grande quantidade, aí agora é uma dor de cabeça sem tamanho”, observou.

Preço do ouro passou por correção após mudança na B3

Na avaliação do fundador e CEO da Anova Research, Paulo Martins, houve uma recente correção nos preços do ouro, influenciada principalmente pela venda de ativos por investidores que não estão plenamente convictos de suas posições. “Essa correção reflete, em parte, a realização de prejuízos por aqueles que compraram no topo do mercado, e por aqueles investidores que não veem continuidade no movimento de alta no curto prazo”, explicou.

De acordo com Martins, “quando falamos sobre o ouro, estamos olhando para algo muito além das flutuações diárias ou mensais. O ouro sempre foi um refúgio seguro e, em tempos de incerteza econômica ou quando esperamos que a inflação suba, ele parece ainda mais atraente. Essa queda recente mais parece uma pequena pausa no que é, afinal, esperamos uma longa caminhada para cima”, projetou.

Ainda segundo o executivo, é fascinante ver como os grandes jogadores estão se posicionando e não apenas jogando o jogo, mas definindo as regras, acumulando ouro e esperando pacientemente para ver suas apostas renderem frutos. “Eles veem o que muitos não veem: um futuro onde o ouro brilhará ainda mais. Então, para quem está pensando em ouro, talvez a pergunta não seja sobre o que vai acontecer amanhã ou na próxima semana, mas sim onde queremos estar quando o ouro atingir novos picos”, projetou.

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