Ouro foi um dos melhores investimentos do primeiro semestre

A cotação do ouro no primeiro semestre de 2024 teve uma valorização de 30% calculados em moeda corrente (reais), batendo recorde depois de recorde, e figurando como o melhor investimento em comparação a outras commodities. O preço do ouro começou o ano a R$ 322,45 o grama, com pico de R$ 425,22, e fechou o mês de junho a R$ 418,43. As expectativas é que o segundo semestre seja de desempenho positivo também.
Na avaliação do economista da Guide Investimentos, Yuri Alves, a movimentação do ouro na primeira metade do ano foi intensa tanto por uma questão comercial quanto por uma busca de alternativas de valor. “Está havendo uma pressão global de grandes nações, como China, Índia e Rússia para tirar essa dominância do dólar com relação à principal reserva de valor e à moeda dominante para o comércio internacional, sobretudo a China”, avalia Alves.
Ele explica que, como houve uma onda inflacionária nos Estados Unidos e há um risco de recessão para o próximo ano, o que se tem visto são as grandes economias buscando alternativas ao dólar. “A China já faz pressão para começar a negociar grande parte das matérias que ela exporta na própria moeda doméstica ou na moeda dos países que ela está negociando”, ressalta.

Para o especialista da Nippur Finance, Norberto Sangalli, o que poucos investidores se deram conta é que o metal dourado costuma apresentar excelentes performances não só em cenários de queda dos juros americanos, mas também em momentos de incertezas econômicas. “Vimos isso no período recente, a partir de 2022; em 2007; e anteriormente, no período de estagflação da década de 1970”, lembra.
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No cenário atual, ele elenca quatro fatores que motivam o bom desempenho e que devem continuar trazendo movimentos de alta para o metal. Além da continuidade do cenário adverso e incerto que faz com que investidores optem por ativos mais seguros em carteira e da ampliação de reservas de ouro por bancos centrais de outros países com o objetivo de trazer mais segurança e estabilidade para as suas economias, ele destaca a projeção de cortes nos juros dos EUA a partir de setembro.
“Isso traz uma perspectiva otimista para ativos de risco”, afirma. Por último, ele cita o movimento da Inteligência artificial (IA). “A IA aumenta a necessidade de utilização de equipamentos com chips e processadores de alta tecnologia. E o ouro ainda é um dos melhores componentes para construção desses periféricos, o que mantém a demanda pelo metal relativamente estável”, avalia.
Alta continuará no segundo semestre
Para o segundo semestre, tendo em vista a volatilidade que será causada por períodos eleitorais, o especialista da EQI Investimentos, Vitor Alan, avalia que haverá uma continuidade de alta no preço do metal. “Entretanto, os cortes nos juros americanos estão cada vez mais próximos de se tornarem uma realidade, o que faria com que o receio causado se reduzisse e, por consequência, os investidores optassem por outras formas de investimento, aliviando o preço do metal”, pondera.
Sangalli da Nippur Finance prevê um segundo semestre positivo de continuidade de alta, porém alerta que nem sempre haverá momentos favoráveis para manter investimento em metais preciosos. “Por isso é importante um monitoramento constante do cenário e acompanhamento do portfólio de investimentos”, recomenda.
Na avaliação do economista da Guide Investimentos, Yuri Alves, o ouro ainda tem espaço para subir ainda mais, mas de uma maneira mais modesta do que qualquer outro ativo. “Isso porque ele não é tão atrativo, já que não paga dividendos, é simplesmente uma commodity, mas o princípio de escassez reforça muito essa ótica de atratividade do ouro”, argumenta.
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