Ouro valoriza 25% no 1º semestre e deve continuar a subir

Incertezas geopolíticas, enfraquecimento do dólar e compras intensas de reserva de valor por bancos centrais de todo o mundo têm feito o ouro se firmar como um dos ativos mais buscados em momentos de instabilidade financeira, especialmente diante das inconstâncias da política comercial dos EUA. No primeiro semestre de 2025, a valorização do metal foi de cerca de 25% em relação ao início do ano, com picos de US$ 3,5 mil por onça-troy.
Num semestre marcado pela incerteza política internacional, o metal se consolidou como um dos investimentos mais resilientes e valorizados do mercado, enquanto o dólar apresentou desempenho negativo. Além da valorização de 25% no primeiro semestre, o ouro acumulou 41% em 12 meses. Já o dólar, teve queda de 12% nos primeiros seis meses do ano e 4,41% só em junho.
Desempenho que o diretor de ouro da Ourominas, Mauriciano Cavalcante, considera “impressionante”. Ele detalha a valorização no semestre: em março o ouro ultrapassou a linha dos US$ 3 mil pela primeira vez. Em abril atingiu o recorde histórico de US$ 3,5 mil a onça e em maio e junho estabilizou em torno de US$ 3,35 mil. “Na mesa da Ourominas o desempenho foi ainda mais forte, com ganhos de 26% a 33%”, diz.

Além da desvalorização do dólar, o sócio da Valor Investimentos, Daniel Teles, atribui à guerra comercial, sobretudo, entre China e Estados Unidos (EUA) o bom desempenho. “Esta situação faz com que haja uma migração de ativos de risco para reservas de valores e mercados mais consistentes e o ouro desde muitos anos é uma reserva muito confiável”, afirma.
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Outro ponto que os especialistas apontam em comum como fator para os bons resultados do metal é o aumento das reservas em ouro por parte dos Bancos Centrais de todo o mundo ante ao aumento das tensões políticas e das guerras comerciais.
“Esse movimento de enfraquecimento do dólar ante a maior tensão política e guerra comercial contribui para que os bancos centrais, principalmente os bancos da China e da Rússia, aumentem suas reservas em ouro e isso acaba contribuindo para a valorização do metal”, argumenta Teles.
Apesar do bom desempenho, Teles não crava o ouro como o investimento que mais deu retorno no primeiro semestre. “A gente tem uma série de investimentos que podem ter ultrapassado, alguns fundos ou ações específicas que podem ter tido uma valorização maior que essa no período, mas sem dúvida, foi o que a gente entende como reserva de valor que mais se valorizou. Um movimento percebido desde o final do ano passado”, diz.
Mauriciano Cavalcante da Ourominas considera, dessa forma, que o ouro continua forte como ativo de proteção, com suporte fundamental robusto. “Para a Ourominas, a tendência é de consolidação, mas ainda dentro de uma base elevada”, afirma.
Perspectivas para o segundo semestre é ainda de alta
Para a segunda metade do ano, as perspectivas continuam promissoras. Segundo Cavalcante, a maioria dos especialistas espera consolidação ou correção leve, com preços flutuando entre US$ 3,3 mil e US$ 3,5 mil por onça, mesmo com suporte contínuo de bancos centrais.
“Em cenários mais otimistas, com risco geopolítico e inflação persistente, os preços podem retomar a alta e se aproximar de US$ 4 mil a onça até 2026”, avalia.
O sócio da NextCapital, David Martins, também ressalta que vários bancos estão com perspectiva ainda otimista com relação à commodity. “Ela pode chegar a um patamar de US$ 4 mil a onça. Ainda há espaço para um upside para esse produto”, diz.
Martins considera que a busca pelo ouro é uma medida de proteção e uma busca de diversificação dos portfólios. “Temos visto tanto por parte de governos, como por instituições, como também por parte dos investidores. Todos buscam o ativo como medida protetiva para suas carteiras de investimentos”, diz.
Como investir em ouro
De acordo com orientações da Ourominas, há diversas formas de investir no metal precioso:
- Certificados de ouro: Títulos que representam uma quantidade de ouro, permitindo investir no ativo sem necessidade de armazená-lo fisicamente. O investidor mantém a posse do metal de forma digital.
- Ouro físico: Forma tradicional de aquisição. É possível comprar barras, moedas ou lingotes. A empresa alerta para os custos de custódia e armazenamento seguro, que devem ser considerados pelo investidor.
- Contratos futuros: Alternativa voltada a investidores mais experientes. São acordos de compra ou venda do metal por um preço definido no futuro. A negociação pode ser feita em bolsas internacionais (por onça-troy) e na B3 (em reais por grama). Os contratos podem ser rolados automaticamente, o que facilita a manutenção do investimento.
- Fundos de ouro (ETFs): Opção prática e acessível, indicada para investidores iniciantes. São negociados em bolsa e têm alta liquidez, o que facilita a compra e venda.
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