Finanças

Outubro deve ser um mês positivo para o mercado de ações, porém mais cauteloso

Corte de juros nos EUA e abertura de diálogo entre Trump e Lula valorizaram as ações em setembro
Outubro deve ser um mês positivo para o mercado de ações, porém mais cauteloso
Foto: Reprodução Adobe Stock

Setembro foi muito positivo para o mercado de risco, acumulando alta de 3,4% no Ibovespa e chegando a índices históricos no período. O nono mês do ano começou turbulento em função dos efeitos das tarifas de Donald Trump, mas não o suficiente para fechar o mercado de ações com deságio. O período foi favorecido pelos cortes de juros nos Estados Unidos e a possibilidade de um diálogo entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trazendo expectativa para a melhoria das empresas nacionais. Para outubro, o cenário promete um mês seguindo a mesma toada, porém com arrefecimento. A análise foi feita por especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio.

De acordo com o professor de ciências contábeis do Centro Universitário Estácio BH, Alisson Batista, os cenários geopolíticos favoreceram o comportamento da bolsa e do mercado interno em setembro. “Agora para outubro, é de se esperar um cenário mais cauteloso”, afirma.

Segundo Batista, os investidores escolherão melhor o que comprar, ponderando mais as substituições dos ativos. Isso porque, na avaliação do professor, em setembro, as commodities do agronegócio perderam um pouco o foco e ficaram “mais apagadas” em função do tarifaço dos EUA. Porém, deram espaço para o setor varejista, como Magazine Luiza, os setores de energia como a Eletrobrás e o de construção, como a Direcional, que puxaram o índice para cima. “Banco do Brasil também contribuiu para um setembro relevante pelo setor financeiro”, acrescenta.

Na avaliação de Batista, o tarifaço tirou o foco dos grandes produtores, dando espaço para outros setores. Como há expectativa de um controle inflacionário maior, o professor acredita num setor de varejo ainda mais promissor. Entretanto, pondera que fatores externos não podem deixar de ser considerados. “Ainda temos dois conflitos geopolíticos que balançam bastante as nossas estruturas, que são a guerra de Israel e Hamas e Ucrânia e Rússia. Elas podem prejudicar esse cenário promissor caso as negociações de paz não avancem”, destaca.

O head de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno, ressalta as ações mais populistas por parte do governo Lula aplicadas na expectativa de recuperar credibilidade. “Além da aprovação da isenção do Imposto de Renda, comentou-se de isentar também transporte. Essas ações fazem o mercado ficar um pouco mais pessimista por conta de um aumento da questão fiscal já tendo em vista que ainda temos uma taxa de juros bastante elevada. Tem ainda a inflação que vinha cedendo e deu uma estabilizada”, argumenta.

Moliterno cita também o cenário externo. “Muito provavelmente, ainda haverá cortes de juros nos Estados Unidos, então isso acaba deixando o mercado americano bastante animado. Assim, a gente inicia o mês um pouco mais cauteloso, justamente por essas questões mais delicadas fiscais no nosso radar”, comenta.

Bruno Benassi
O analista Bruno Benassi, da Monte Bravo, aposta na entrada de investimentos estrangeiros no Brasil | Foto: Divulgação Monte Bravo

Com uma visão mais otimista, o analista de ativos na Monte Bravo, Bruno Benassi, também acredita que o movimento produtivo continue firme. “A gente continua enxergando a entrada de fluxo do investidor estrangeiro e continua vendo um bom momento operacional para boa parte das companhias que são listadas. A gente espera ainda que o mercado se adiante e continue aumentando a locação, já projetando o início do corte de juros pelo Banco Central brasileiro”, avalia. Na visão de Benassi, o mercado chegou a precificar para dezembro, mas o mercado costuma se adiantar. “Então, esperamos que esses vetores continuem vigentes”, prevê.

Para relembrar

A injeção de R$ 5,27 bilhões de investidores estrangeiros em ações negociadas na B3 em setembro colocou o mês em um dos quatro melhores do ano. A entrada de investimentos possibilitou a neutralização do fluxo de saída do trimestre, encerrando positivo em R$ 63 milhões.

Quando Donald Trump anunciou em julho a alíquota de 50% sobre os produtos importados brasileiros, houve uma saída de R$ 6,37 bilhões na B3, a maior do ano. Porém, a lista de exceções e as expectativas do diálogo entre Lula e o presidente Donald Trump, fato que acabou acontecendo agora em outubro, ajudaram a trazer um alívio e o fluxo de carteiras voltou a ficar positivo.

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